Seis dias depois de um assalto ao Capitólio em Washington por “terroristas domésticos” – segundo a definição legal técnica dessa tentativa de golpe – o governo de Donald Trump anunciou hoje que agregou Cuba à sua lista de países designados como “patrocinadores estatais de terrorismo”.
Neste, um dos últimos atos antes de ser expulso do poder em 20 de janeiro, Trump e seu secretário de Estado Mike Pompeo oferecem um último presente à direita anticastrista de Miami que tanto tem feito para sustentar um presidente que está por ser formalmente acusado esta semana de trair seu país ao incitar violência contra o poder legislativo e representar um perigo à segurança dos Estados Unidos.
Pompeo anunciou que o Departamento de Estado “designou Cuba como um Patrocinador Estatal de Terrorismo por outorgar repetidamente apoio a atos de terrorismo internacional ao dar refúgio [safe harbor] a terroristas”.
Explicou que o governo de Trump desde o início dedicou-se a negar recursos ao regime de Castro que os emprega “para oprimir seu povo em casa, e contrariar sua interferência maligna na Venezuela e no resto do hemisfério”.
Afirmou que com isto se envia a mensagem a Cuba de que “deve pôr fim ao seu terrorismo internacional e à subversão da justiça estadunidense”. Cuba, acusou, tem mantido “assassinos”, “construtores de bombas” e “sequestradores”, entre eles colombianos e estadunidenses que albergou durante décadas.
Samuel Corum
Assalto ao Capitólio em Washington por “terroristas domésticos” .
Pompeo reiterou as acusações de que além destes apoios para o “terrorismo internacional”, Cuba continua com seu “comportamento maligno” na região, sobretudo em seu apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, assim como para “dissidentes” das FARC e do ELN.
Com esta designação, Pompeo explicou que se sanciona pessoas e países que buscam certo tipo de comércio com Cuba, impõe restrições sobre a assistência estadunidense, proíbe exportações e vendas militares e impõe certos controles a algumas exportações.
O anúncio foi denunciado de imediato por alguns legisladores, como o veterano senador democrata Patrick Leahy – o qual logo recuperará um posto de liderança em assuntos judiciais e internacionais com o câmara alta sob novo controle democrata – que declarou que “o terrorismo doméstico nos Estados Unidos representa uma ameaça muito maior aos estadunidenses do que Cuba”.
Agregou que “esta designação abertamente politizada é uma burla do que havia sido uma medida crível e objetiva do apoio ativo ao terrorismo por algum governo estrangeiro. Nada como isso existe remotamente aqui [no caso de Cuba]”.
Cinco anos depois de Cuba haver sido retirada dessa lista pelo governo de Barack Obama como parte da normalização de relações diplomáticas que foram negociadas, é óbvio que a 9 dias do fim da presidência – a qual após a intentona de quarta-feira agora carece de toda autoridade moral -, Trump e seu governo buscam entorpecer qualquer abertura ou giro na relação bilateral que alguns esperam sob o governo que vai entrar, do democrata Joe Biden.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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