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ToggleA presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, cobrou o imediato afastamento do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. De acordo com Juvandia, a exoneração do executivo é necessária para impedir interferências nas investigações e “preservar a integridade das vítimas”.
Na manhã desta quarta-feira (29), trabalhadores da Caixa realizam uma mobilização nas redes sociais, em defesa do afastamento de Guimarães da direção do banco público. Funcionários e sindicatos estão impulsionando as tags #AfastamentoJá; #ApuraçãoAssedioPG; e #ForaPedroGuimarães.
Afastamento já do presidente da Caixa, Pedro Guimarães! pic.twitter.com/K5ZdJLYR1x
— Contraf-CUT (@Contraf_CUT) June 29, 2022
As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), sob sigilo, desde o final do ano passado. À época, um grupo de funcionárias que trabalham ou trabalharam em equipes diretamente ligadas ao gabinete da presidência da Caixa decidiu se unir e romper com o silêncio para denunciar Guimarães. O caso veio a público ontem (28), em reportagem do portal Metrópoles. Vítimas relataram toques em partes íntimas sem consentimento, por parte do presidente da Caixa, além de falas, abordagens e convites inconvenientes e desrespeitosos.
De acordo com a Contraf-CUT, as acusações revelam uma postura “incompatível com a relação entre o presidente do maior banco público do país e suas empregadas”. A entidade também ofereceu proteção institucional às funcionárias e anunciou que exigirá apuração do caso pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e no Congresso Nacional. O pedido de afastamento de Pedro Guimarães foi reforçado em nota da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae). “A violência contra as mulheres, em qualquer nível, contraria todos os valores e princípios da Caixa, assim como seu histórico na promoção da igualdade e do respeito aos direitos humanos”, afirmou a entidade.
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Exoneração é dada como certa
As denúncias de assédio sexual acertam em cheio o governo de Jair Bolsonaro (PL), segundo relataram os próprios aliados, em reportagem do jornal O Globo. Envolto em denúncias de corrupção que ganharam força após a prisão preventiva do ex-ministro da Educação e pastor Milton Ribeiro, há uma semana, o presidente da República agora tem uma das figuras a quem é mais próximo no centro de um novo escândalo. Pedro Guimarães chegou a ser cotado como vice de Bolsonaro e costuma acompanhá-lo em viagens e nas tradicionais lives de quinta-feira.
A maior preocupação do núcleo político responsável pela campanha de reeleição do presidente, segundo o veículo, é impedir que Bolsonaro perca mais espaço no eleitorado feminino, em que já enfrenta altíssima rejeição. Na última pesquisa Datafolha, o percentual de mulheres que rejeitam a candidatura do mandatário chegou a 61%. Diante da gravidade das denúncias, os aliados pressionaram ainda na noite de ontem pela saída imediata de Pedro Guimarães do cargo. A exoneração já é dada como certa e o executivo deve deixar o posto hoje. O acordo teria sido acertado por Bolsonaro com o próprio Guimarães em conversa ainda ontem.
Há, contudo, o temor dos aliados de que o presidente faça declarações similares às feitas em defesa de Milton Ribeiro. Os governistas querem evitar esse tipo de apoio após o “desastre” que apontam, causado pelas denúncias de assédio.
“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa", relatou funcionário da Caixa vítima dos assédios
Temor com substituição
Os casos de assédio teriam ocorrido durante atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em vários locais de todas as regiões do país. O programa acumula, desde 2019, mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficam hospedados no mesmo hotel, onde ocorria, segundo as funcionários, a importunação.
“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, revelou uma servidora da Caixa que escutou de um de seus auxiliares a pergunta “e se o presidente quiser transar com você”. “Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédio”, descreveu ela sobre o hábito de Pedro Guimarães aparecer no quarto delas, nos hotéis, durante as viagens. “Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas. Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater”, contou outra funcionária que afirma também ter sido assediada.
Elas também temem que, com a exoneração de Pedro Guimarães, seu braço direito, Celso Leonardo Barbosa, assuma o cargo. Segundo informações do blog da jornalista Andréia Sadi, do portal g1, ele também causa temor entre as mulheres que trabalham na Caixa. As denunciantes afirmam que desde o primeiro ano do governo Bolsonaro aumentaram os relatos de assédio sexual contra executivos da empresa, inclusive nos canais internos do banco.
Redação: Clara Assunção
Edição: Helder Lima
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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