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Trump anuncia visita de AMLO e diz que entrada em vigor do TMEC é triunfo eleitoral

Segundo o presidente da central operária AFL-CIO, até agora só foram vistas contínuas violações e a falta de proteção para os trabalhadores contra a Covid-19
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

A entrada em vigor do tratado de livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá, foi festejada como um triunfo político pessoal por Donald Trump, que declarou que é “o maior acordo comercial, mais justo e mais balanceado jamais negociado”, e anunciou que para marcar essa conquista, dará as boas-vindas ao Presidente Andrés Manuel López Obrador na Casa Branca em 8 de julho.

Mas a estreia do acordo de livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá (TMEC ou USMCA por sua sigla em inglês) não foi motivo de nenhum ato oficial (a declaração do presidente foi emitida por escrito no fim do dia), não foi considerada como notícia de primeira página em nenhum dos meios nacionais, e entre os que deram atenção no México focalizaram suas falhas e críticas em relação ao manejo do tema trabalhista, entre outros.

Trump recordou que o TMEC marca o cumprimento de sua promessa eleitoral de anular o Tratado de Livre Comércio da América do Norte e substituí-lo por outro que beneficie “nossos trabalhadores, granjeiros, rancheiros e empresas”. E o qualificou como “tremenda vitória” para a economia estadunidense. 

Agradeceu os “esforços” do México e do Canadá e com isso anunciou – a primeira confirmação oficial estadunidense – a visita de López Obrador em 8 de julho para “marcar a conquista histórica” e para “continuar nosso importante diálogo sobre comércio, saúde e outros temas centrais para nossa prosperidade e segurança regional”.

Segundo o presidente da central operária AFL-CIO, até agora só foram vistas contínuas violações e a falta de proteção para os trabalhadores contra a Covid-19

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Trump recordou que o TMEC marca o cumprimento de sua promessa eleitoral de anular o Tratado de Livre Comércio da América do Norte

Um novo capítulo

Robert Lighthizer, o representante de comércio dos Estados Unidos, declarou que “hoje marca o início de um capítulo novo e melhor para o comércio” entre os três países e sublinhou que “avança a visão do presidente Trump para políticas comerciais pró trabalhador”.

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Mas no seu primeiro dia em vigor, as primeiras críticas giravam em torno ao tema trabalhista. Richard Trumka, o presidente da central operária AFL-CIO – cujo endosso ao tratado foi chave para obter o apoio de legisladores democratas – declarou hoje que “agora que o TMEC entra em vigor ainda faltam muitas melhoras.

Até agora só foram vistas contínuas violações inclusive a falta de proteção para os trabalhadores contra a Covid-19 e uma advogada trabalhista presa”, em referência ao caso do Susana Prieto Terrazas, advogada trabalhista detida em Tamaulipas por sua ação com trabalhadores nas maquilas. 

Lori Wallach

Public Citizen, organização nacional de defesa do consumidor também criticou a detenção da advogada trabalhista. Lori Wallach, diretora do projeto sobre comércio global, afirmou que “é um começo terrível no Primeiro Dia… que uma advogada trabalhista mexicana tenha estado encarcerada durante semanas sob acusações fabricadas, por ajudar trabalhadores”.

Uns 59 legisladores federais estadunidenses enviaram uma carta ao secretário Mike Pompeo para que intervenha com suas contrapartes mexicanas pela libertação de Prieto Terrazas.

Esses grupos indicaram que estarão usando o mecanismo unilateral do TMEC só aplicável ao México para monitorar e assegurar as novas regras, a fim de garantir a livre associação sindical e o respeito à negociação de contratos coletivos (algo que não se garante nos Estados Unidos). 

O próprio Lighthizer afirmou diante do Congresso há um par de semanas que o acordo será usado “logo e frequentemente” para fazer cumprir as normas trabalhistas, como também para disputar o direito do México de recusar produtos de biomecânica como o milho geneticamente modificado.  

Sem soluções

Enquanto isso, representante empresariais e especialistas sobre comércio nos Estados Unidos advertiram que o acordo não resolve uma série de tensões e disputas comerciais entre os três países sócios, assinalando controvérsias no comércio de metais e lácteos com o Canadá e confusão nas regras sobre conteúdos de origem no setor automotriz, e que persiste a ameaça de Trump, de taxas aduaneiras em certos setores, apesar do acordo.

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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