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Foto: Defesa dos EUA

Ucrânia mantém ataques à Rússia com mísseis de longo alcance dos EUA

Ataques de Kiev acontecem mesmo após advertência de Putin sobre a escalada do conflito; segundo o Departamento de Defesa da Rússia, "ações de resposta estão sendo preparadas"
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

A Rússia afirmou nesta terça-feira (26) que a Ucrânia voltou a lançar mísseis de longo alcance (até 300 km) estadunidenses contra instalações militares na região de Kursk. Kiev operou o ataque mesmo após o ataque russo à cidade ucraniana de Dnipró, usando o míssil hipersônico balístico de nova geração Oreshnik — uma advertência de que está em condições de alcançar, em questão de minutos, qualquer país europeu cujas armas sejam usadas contra alvos no território russo.

O ministério russo da Defesa, após afirmar que a situação está sob controle, adiantou que “ações de resposta estão sendo preparadas”, sem especificar de que tipo nem quando serão concretizadas. “Com base em dados verificados, o exército da Ucrânia, nos últimos três dias, realizou dois ataques com armas de longo alcance em Kursk, empregando mísseis táticos Atacms fabricados nos Estados Unidos”, assinalou o ministério em um comunicado oficial.

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A pasta militar informou que, no último sábado (23), o exército ucraniano disparou cinco mísseis Atacms contra as posições de uma divisão de foguetes antiaéreos S-400 próximas à localidade de Lotariovka, a 37 km da cidade de Kursk, capital da região homônima.

Na segunda-feira (25), indica o comunicado, o aeroporto Vostochny, na cidade de Kursk, que abriga a base aérea de Jalino, “resistiu ao ataque de oito Atacms” e “apenas um alcançou seu objetivo”. O texto do ministério russo da Defesa assegura que, dos treze mísseis lançados pela Ucrânia, seus sistemas de defesa antiaérea interceptaram dez, mas reconheceu que “lamentavelmente houve vítimas e danos em infraestruturas”.

Ataque recorde

Durante a madrugada desta terça-feira, o exército russo estabeleceu um novo recorde no número de drones lançados contra a Ucrânia em um mesmo ataque, atingindo 17 regiões do país, com 188 aparelhos aéreos não tripulados carregados com explosivos, de acordo com o relatório diário da força aérea ucraniana. Os militares ucranianos alegam ter derrubado 76 drones e que cerca de uma centena se desviou de sua rota devido às interferências dos sistemas de guerra eletrônica utilizados por Kiev.

Segundo o relatório militar, a Rússia também disparou quatro mísseis balísticos Iskander-M, que “não puderam ser interceptados, causando danos em infraestruturas críticas”. Não foram reportadas vítimas mortais nem feridos, embora tenham ocorrido numerosos impactos de fragmentos de drones abatidos em casas e edifícios. De um tempo para cá, consideram analistas, o exército russo busca, com seus lançamentos massivos de drones, esgotar os projéteis antiaéreos ucranianos e localizar suas posições para ataques posteriores com mísseis, enquanto a Ucrânia recorre cada vez mais a meios eletrônicos para economizar munições.

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Quanto à situação no front de guerra, o exército ucraniano segue nas regiões de Donetsk e Lugansk. Segundo especialistas, os avanços conquistados pelas tropas russas equivalem a 10% do território que ainda precisam ocupar para não haver mais soldados ucranianos dentro dessas regiões.

Assim, até o momento – conforme dados da plataforma ucraniana DeepState, que baseia suas conclusões em imagens de satélite da área –, o exército russo conquistou cerca de 600 km² de território, sobretudo na região de Donetsk, e tenta avançar o máximo possível antes que o inverno, com a chegada da neve e do frio, dificulte as operações.

Situação em Kursk

As tropas ucranianas, por sua vez, ainda mantêm sob controle cerca de 800 km² da região russa de Kursk, que invadiram em agosto passado. No entanto, já recuaram de 400 km², após ocuparem inicialmente cerca de 1.200 km².

O comandante-chefe do exército da Ucrânia, Oleksander Syrskyi, confirmou que a Rússia “está concentrando forças na fronteira para começar uma nova ofensiva” na zona onde convergem as regiões de Donetsk e Zaporíjia.

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Há vários dias, especialistas analisam como o comando militar russo poderia utilizar, quando o clima permitir, os cerca de 130 mil soldados que, estima-se, estão atualmente à disposição do grupo de exércitos Dniéper, sob o comando do general Mijail Teplinsky.

Alguns acreditam que parte desse contingente poderia reforçar as tropas que tentam cercar o bastião de Pokrovsk, enquanto outros sugerem que sua missão poderia ser expulsar o exército ucraniano da cidade de Zaporíjia, capital da região homônima. No entanto, essa última tarefa parece bastante difícil e custaria um alto número de baixas, já que os atacantes seriam forçados a cruzar o rio Dniéper.

Parlamento da Geórgia

Em meio a uma forte presença policial no centro de Tiflis, capital da república ex-soviética da Geórgia, e com a ausência da presidenta desse país do Cáucaso do Sul, Salomé Zurabishvili, e dos 61 deputados de oposição, que não reconhecem os resultados das eleições legislativas realizadas em 26 de outubro por considerá-las fraudulentas, a maioria governista celebrou na última segunda-feira (25) a primeira sessão do novo Parlamento.

De acordo com os despachos das agências de notícias, compareceram apenas os 89 membros da bancada do Sonho Georgiano, liderados pelo magnata Bidzina Ivanishvili, número um de sua lista e fundador desse partido, que está no poder há 12 anos. Enquanto isso, centenas de pessoas, a maioria jovens, protestam desde a noite de domingo – alguns chegaram a dormir em barracas no meio da rua – em frente ao Parlamento, exigindo a repetição das eleições e agitando bandeiras da Geórgia e da União Europeia.

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A Constituição georgiana estabelece que basta a presença de metade dos deputados para que o Legislativo inicie suas atividades. No entanto, Zurabishvili argumenta que, em estrita observância à lei, a presidenta do país deveria convocar a primeira sessão, o que ela afirma que não fará até que a Corte Constitucional emita um veredicto sobre sua petição, respaldada por uma solicitação semelhante apresentada por 30 figuras da oposição, de declarar inconstitucional a vitória eleitoral do Sonho Georgiano.

O partido governista alega que os resultados, confirmados pela Comissão Eleitoral Central (CEC), refletem a vontade majoritária do eleitorado georgiano, expressa nas urnas de forma “livre, justa e democrática”. Inconformadas com os 37% atribuídos pela CEC, as quatro formações opositoras que conseguiram superar o mínimo de 5% dos votos exigido para acessar a divisão de cadeiras afirmam que haviam acordado formar um governo de coalizão e que, somando seus votos, alcançaram mais de 53%, superando o percentual que a CEC atribuiu ao Sonho Georgiano.

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Desde o momento em que proclamou sua vitória, há quase um mês, ficou claro que o partido governista não tinha nada a negociar com seus rivais e ignoraria os protestos. Seus 89 legisladores, que nesta segunda-feira reelegeram Shalva Papuashvili como presidente do Parlamento, irão ratificar Irakli Kobajidze como primeiro-ministro.

Relações com a UE e o governo Trump

Os deputados dedicaram o restante da semana à formação do governo, que – segundo observadores georgianos – terá duas ou três mudanças em relação à composição anterior.

Nesse sentido, é dado como certo que a pasta de Relações Exteriores ficará nas mãos de Maka Bochorishvili, ex-deputada governista que, na composição anterior do Parlamento, presidiu o comitê de integração europeia. Sua principal tarefa será reduzir tensões com a União Europeia devido à aprovação de leis que não atendem aos padrões europeus, ao mesmo tempo em que buscará fortalecer as relações com a administração de Donald Trump, que assumirá a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro.

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Outro assunto não menos relevante que será tratado pelos representantes do Sonho Georgiano nesta semana é a definição da data das próximas eleições presidenciais, que não serão mais por sufrágio universal, mas realizadas por meio dos 150 deputados do Parlamento e um número igual de delegados das assembleias legislativas regionais da Geórgia.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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