Pesquisar
Pesquisar

Ultradireita peruana diz que OEA é de esquerda e tenta restringir encontro com Castillo

Estratégia busca impor agenda de trabalho à delegação que chega ao Peru no próximo 20 de novembro
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Algo acontece com a ultradireita peruana que busca baralhar cada coisa para arrancar um proveito qualquer. O que a leva a cair no ridículo. Uma maneira de sair tosquiado, tendo ido por lã. Vejamos. 

Nos primeiros meses da administração Castillo, a Máfia dizia que o país iria à ruína em matéria econômica: o dólar dispararia, aumentaria muito a inflação, acabaria o crédito, desapareceria o investimento privado… que o país quebraria. 

Assista na TV Diálogos do Sul

Agora se sabe pela boca do senhor Julio Velarde que nada disso acontecerá, que o crescimento da economia será de 3%, que a moeda estrangeira manterá seu preço, a inflação se estabilizará em limites controlados, e que no próximo ano o Peru se mostrará o maior signo na sub-região. Na outra margem? Mudos.

Calando também o tema da “iminente censura” ao Chanceler Landa, agora os congressistas andam em outras: suprimir os prefeitos e subprefeitos para que o Executivo não tenha representantes locais de nenhum nível; decidir que um ministro “censurado” pelo Congresso em uma pasta não pode assumir outra; “proibir” o chefe de Estado de participar na próxima Cúpula da CAP, na Tailândia; impor uma agenda de trabalho à delegação da OEA que chegará no próximo 20 de novembro.

Farto trabalho, certamente, só que nenhum em benefício do país. Todos, para demonstrar que eles são os que mandam, e não os “improvisados” do Palácio do Governo, que “não servem para nada”. 

Estratégia busca impor agenda de trabalho à delegação que chega ao Peru no próximo 20 de novembro

Reprodução – Twitter
Nem a OEA é de esquerda, nem Castillo é comunista




Meios de comunicação

Os meios de comunicação não ficam atrás. Levantaram no passado verdadeiras “histórias” que difundiram profusamente na imprensa escrita, radial e televisiva.

O tema do “heliporto” construído por Castillo na sua casa resultou em nada; mas já esqueceram também a Karelyn López e o “colaborador” Villaverde, que não concorreram à promotoria para ratificar seus “testemunhos” porque não têm prova alguma; e até deixaram de lado Bruno Pacheco, antigo militante aprista “infiltrado” nos prédios de Castillo, porque não puderam tirar nada de sua “deposição”. Particularizaram a “notícia” em referência ao avião presidencial, esquecendo que Fujimori o usava para levar suas gueixas aos banhos termais. 

Peru: Ocupação de Lima é preparada em defesa de Castillo, democracia e nova Constituição

E cala o caso de Jennifer Paredes, submetida a tratamentos infamantes para que “declarasse” contra o Presidente Castillo. Ela foi libertada porque se impôs o sentido comum. Isso não podia continuar. Recentemente, no entanto, passou à “primeira página” uma “notícia sensacional”: Vladimir Cerrón recebia 40 mil soles como “informante” da Direção de Inteligência Nacional – a DINI.


Fofoca

Foi o próprio Vice-almirante Cueto – Presidente da Comissão correspondente do Legislativo – que se viu forçado a reconhecer que isso era impossível. E depois a própria DINI desmentiu a fofoca, que não tem a menor sustentação. E agora “levantam” outra: o truculento “plano” denunciado por “Juana” para assassinar o Promotor da Nação e o coronel Colchado.

Farão uma novela turca com o tema. Mas, além disso, lançaram uma “primícia” adicional: A DINI “tem escritório no Palácio de Governo”. E tem sim, desde governos anteriores. Alguém disse isso? 

A “Grande Imprensa” também carregou contra Cesar San Martin e Zoraida Avalos. O primeiro, detesta porque presidiu o Tribunal que condenou Fujimori; e a segunda, porque se aferrou à Constituição vigente e não quis dar passagem ao carnaval de denúncias contra Castillo, que hoje vivemos.


Delegação da OEA

Com a delegação da OEA tem-se levantado todo tipo de especulações. “É de esquerda”, disseram, aludindo ao ministro argentino Cafiero, que parece ser filho de um antigo líder peronista, e à vice-chanceler da Colômbia. A Máfia não quer que venham. Com Estados Unidos e Canadá. Estaria mais cômoda com eles, até poderia servir-lhes um café. 

Ademais, querem programar sua atividade. Decidir com quem deve se reunir, a quem deve escutar, e para quem deve por ouvidos surdos. Em outras palavras, responder só a ela. Se assim não acontecer, chamarão de “comunista” a delegação inteira. E, como adiantara já um dos qualificados porta-vozes parlamentares, confirmará que a OEA é hoje, “reduto do chavismo”. 

“Contratos de lei”: por que Constituinte no Peru deve eliminar herança neoliberal de Fujimori?

E claro, que nem a OEA é de esquerda, nem Castillo é comunista. Ademais, dizer que este governo tem essas variantes é a mesma coisa que o planeta Vênus poderia ter de socialista. Mas teimosa, a Máfia continua na mesma.

 

Governo Lula

E agora no extremo, para desacreditar o governo de Lula, que se instalará no Brasil só em 1º de janeiro do próximo ano, relaciona as decisões anunciadas por Odebrecht nos últimos dias com a votação ocorrida no passado 30 de outubro na Pátria de Tiradentes. Claro que no tema, os keikistas de cá dão as mãos aos bolsonaristas de lá. 

Ambos buscam implantar a lenda da “fraude” para desconhecer a vontade cidadã, e batem, em uníssono, na porta dos quartéis, para ver se eles ligam. As recentes declarações de Kenyi Fujimori para eludir à justiça, o confirmam plenamente. Força Popular é uma estrutura pérfida, sinistra e sem escrúpulos. 

E como se algo faltasse, no debate da ONU em referência ao bloqueio a Cuba, a Máfia pediu que se trocasse o voto do Peru. Queria que nos alinhássemos a Estados Unidos e Israel. Ou, em todo caso, com Ucrânia e Brasil, vale dizer com Zelensky e Bolsonaro. 185 votos na Assembleia Geral das Nações Unidos lhe golpearam o crânio. 

Com pesar admite hoje que não alcançará os votos para alcançar seu sonho: “vagar” o Presidente. E ausculta outro caminho: “Suspendê-lo”. Para isso não necessitam de 87, mas só de 66 votos no Congresso da República. Então, canta vitória. Veremos se é certo.   

Desesperada, então, e empenhada em conseguir seus turvos propósitos como seja, a Máfia vai pela lã, e sai tosquiada. 

Gustavo Espinoza M. | Colaborador da Diálogos do Sul em Lima, Peru.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

LEIA tAMBÉM

Filhos roubados por Pinochet Chile luta para reunificar famílias vítimas da ditadura (1)
Filhos roubados por Pinochet: Chile luta para reunificar famílias vítimas da ditadura
Mais Estado, menos mercado as conquistas e os desafios da Esquerda na América Latina
Mais Estado, menos mercado: as conquistas e os desafios da Esquerda na América Latina
Nunca uma pesquisa de boca de urna errou tanto no Equador, alerta pesquisadora (2)
Nunca uma pesquisa de boca de urna errou tanto no Equador, alerta pesquisadora
México no Brics como tarifas de Trump impulsionam nova expansão do bloco
México no Brics: como tarifas de Trump impulsionam nova expansão do bloco