O cacique Yawalapiti Aritana, liderança do Parque Indígena do Xingu, MT, morreu, hoje, 5 de agosto em Goiânia-Goiás, em consequência do Covid-19, aos 74 anos.
O cacique Yawalapiti Aritana, uma das principais lideranças do Parque Indígena do Xingu, enfrentava problemas respiratórios, foi diagnosticado, a partir dos sintomas, com Covid-19 e foi internado no hospital municipal de Canarana (MT). Com cerca de 70 anos de idade e hipertenso, seu estado de saúde era preocupante, entretanto seus familiares, amigos, parentes de outras etnias e apoiadores dos indígenas do Xingu sentem imensamente a partida do Cacique Aritana.
Aritana viveu na aldeia Yawalapiti, no coração do Parque do Xingu, a cerca de 8 km do posto Leonardo. Ele não queria deixar a terra indígena porque os xinguanos temem as condições dos hospitais da região, onde não há UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e também da capital de Mato Grosso, Cuiabá, onde a pandemia levou ao colapso de unidades hospitalares, porém foi convencido a viajar. De Canarana seguiu para Goiânia, mas os pulmões comprometidos forçaram o grande Aritana fazer a passagem.
Tapi, seu filho, conta que o Cacique Aritana estava muito preocupado com o avanço do Covid no Xingu.
Lu Lacerda
O cacique Yawalapiti Aritana era uma das principais lideranças do Parque Indígena do Xingu
Após a morte dos seus parentes, Aritana iniciou uma campanha para arrecadar fundos e levar cuidados médicos para essa terra indígena, que não tem recursos ou remédios para atender os pacientes mais graves, disse Tapi.
A ideia era tentar “montar um hospital de campanha ou comprar remédios, porque sem remédios no posto de saúde da vila, como o médico vai tratar febre, dor de cabeça, diarreia e dores no corpo?”, questionou.
Aritana, o guerreiro, não teve tempo de fazer o pretendido e o governo tem se furtado a cumprir seu papel de cuidar dos povos originários, dos povos indígenas. Se não enfrentam mineradores, destruidores da floresta, encontram um inimigo atroz, o Covid-19, que veio do exterior e para o qual não possuem nenhuma imunidade.
Que o Cacique seja recebido em grande festa do outro lado: añu naku; añu taku.
Que os apapalutápa permitam seu cortejo fúnebre como ele sempre imaginou: no centro de sua aldeia.
Xamãs, pajés, familiares de sua putaka, parentes e caraíbas lamentam sua partida, Cacique Aritana!
Redação Xapuri Socioambiental
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