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Foto: Arquivo pessoal

Um olhar ao passado: aos 88 anos de Paulo Cannabrava, relembramos sua carta a Vladimir Herzog

Há 50 anos, Cannabrava compartilhou com Herzog suas pretensões de trazer verdades à tona, despertar consciências e traçar novos horizontes para o jornalismo
George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

Há muito tempo, em uma época marcada por questionamentos e busca pela verdade, um experiente jornalista de 38 anos chamado Paulo Cannabrava Filho decidiu lançar-se em uma aventura singular. Era 1974, e o mundo fervilhava com acontecimentos políticos e sociais que clamavam por atenção.

Em 1º de dezembro de 1974, munido de uma coragem que transbordava de suas palavras, Paulo redigiu uma carta endereçada a um renomado jornalista, que se tornaria figura imortalizada no imaginário popular, Vladimir Herzog. Naquelas linhas, Paulo expressava sua curiosidade acerca dos acontecimentos que envolviam a revista Visão e falava de seu desejo em se tornar correspondente da mesma.

E ele não parou por aí. Com uma veemência que denotava seu compromisso com a verdade e com a justiça, Paulo reclamava da apatia dos jornalistas brasileiros diante dos eventos no Peru, que considerava serem de suma importância para toda a América Latina. Ele via naqueles acontecimentos políticos não apenas notícias, mas os alicerces de uma sociedade em constante transformação.

Na carta, Paulo revelava suas pretensões de contribuir com reportagens que ecoassem além das fronteiras, que fossem capazes de trazer à tona verdades antes ocultas e despertar consciências adormecidas. Ansiava pelo olhar crítico de Vladimir Herzog e de seus colegas, esperando que juntos pudessem traçar novos horizontes para o jornalismo.

Paulo Cannabrava Filho, cuja jornada começou como repórter no jornal O Tempo, em 1957, e que mais tarde se tornou parte da primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina, sempre esteve comprometido com a busca pela verdade e pela justiça. Hoje, aos 88 anos, Paulo dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul Global, seguindo os passos da Cadernos do Terceiro Mundo, que tanto o inspirou.

E é com a lembrança deste pioneiro do jornalismo que, neste 29 de abril, celebramos seu aniversário, e relembramos também a coragem de um experiente profissional que, há tantos anos, ousa questionar, investigar e sonhar com um mundo melhor através das palavras.

Que o legado de Paulo Cannabrava Filho nos inspire a nunca desistir da busca pela verdade e pela justiça, mesmo quando os ventos sopram contrários.

Confira a seguir a carta restaurada pelo acervo Vladimir Herzog.

Carta de Paulo Cannabrava Filho para Vladimir Herzog, 1 dezembro de 1974 (Imagem: Acervo Vladimir Herzog)


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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