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Por sua extensão territorial, o Mali é o oitavo maior país da África; seus um milhão e 240 mil quilômetros quadrados estão contidos nos limites de suas vizinhas Argélia, Guiné, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Mauritânia e Senegal. Trata-se de uma nação mediterrânea que ocupa uma parte do Sahel, território ao sul do grande deserto do Saara que se estende desde o Senegal, a oeste, até o Sudão, a leste. A vasta zona do norte do Mali, que cobre cerca de 500 mil quilômetros quadrados, passou a fazer parte do enorme areal.
A região de mesetas semiáridas culmina ao norte nas montanhas de Adrar Des Iforas, situadas na fronteira com o Saara. Ali quase não há vida vegetal nem animal e o clima passa de semidesértico a desértico.
Na zona propriamente saariana registram-se altíssimas temperaturas. A região intertropical encontra-se ao sul e recebe abundantes chuvas; tem clima tropical que alterna com bosques frondosos e férteis planícies.
Nessa zona está a artéria principal do país, o curso médio do rio Níger, o terceiro de maior curso no continente, que entra no Mali pela fronteira com a Guiné, a sudoeste, e sai desta nação pelo oeste, para o Níger e a Nigéria. Acima do Níger dispersam-se os diferentes rostos do deserto.
Calcula-se que 75% da população vive nas zonas banhadas pelo Níger. A oeste da zona sul está o rio Senegal, de menor escala.
Desde o século III até o século XVI, o território foi ocupado pelos grandes impérios negros da África Ocidental, como os de Ghana e do Mali. Este último dominou uma extensão de mais de 300 mil quilômetros quadrados. Mais tarde ali se estabeleceu o império Songhai ou Gao.
Sua gente
Numerosos grupos étnicos povoam o território do Mali, com costumes, hábitos, línguas e crenças religiosas próprias. As aldeias do Mali variam de aspecto segundo a etnia que as habita. As islamizadas são fechadas e labirínticas e se estendem em torno das mesquitas.
Durante muitos séculos a cultura do Islã teve seu centro em Tumbuctu, onde funcionou uma Universidade, notável pelo grande número de alunos.
As aldeias animistas e as mais ou menos cristãs dispersam-se à sombra dos baobás, uma árvore muito bem aproveitada devido a suas enormes possibilidades. Os baobás, originários da África, são o maior vegetal conhecido, e podem ser encontrados em outras nações.
Entre os povos que vivem no país estão os bérberes, que ocupam a região saariana; são principalmente mouros, na fronteira com a Mauritânia. Esse povo chegou procedente das regiões montanhosas do Rif, Cabilia e Aurés, no norte da África.
Os tuareg, mais no centro, são, assim como os bérberes, povos nômades que se dedicam preferencialmente à criação de ovelhas, cabras e camelos. Os homens são chamados de “homens azuis do deserto” devido à cor azul do véu que cobre seu rosto. Percorrem o deserto, seguindo rotas tradicionais em busca de água e de pasto para seu gado.
Os dogones conservam uma identidade alheia a qualquer fronteira. Têm uma língua própria e uma religião tradicional animista que conservam há séculos.
O chefe dogão e os anciões reúnem-se durante os conselhos da Toguna ou Casa da Palavra, uma estrutura que se apoia em oito pilares esculpidos. A cada 60 anos ocorre uma substituição de gerações, um novo ciclo que traz consigo dez dias de festa. É o Sigui.
No vale do Níger, um mosaico de mistério envolve as aldeias que se penduram na meseta. Nelas desfilam danças de máscaras, rito e iniciação, culto aos mortos, fetichismo, magia, trilhas proibidas e bosques sagrados. Ali habitam o povo peul, dedicado à pecuária, os somozo e os bozo, que praticam a pesca. Os voltaicos incluem os bwa ou bobos; os senufo e os miankana, no leste e sudeste do país.
Não se pode deixar de relacionar neste contexto mágico os fulani, pastores nômades do Sahel. Nem tão pouco os toucoleurs (“todas as cores”, nome dado pelos colonialistas franceses ao reino Tekrour no vizinho Senegal, que se estendeu ao Mali), os kasonke, os bozp e os somono; os songhai, estabelecidos também no vale do Níger.
Os Bambara
Os bambara são o grupo mais importante, com uma população de mais de um milhão e meio de membros. Estão localizados no vale do médio rio Níger. Seu idioma é o bamana, que é uma das línguas mandinga.
Embora a maioria de seus membros afirme ser muçulmana, muitas pessoas mantêm suas crenças tradicionais de culto aos antepassados, cujo espírito pode assumir a forma de animais e até de verduras. Nas cerimônias especiais oferecem-se oferendas aos espíritos.
Cada povo bambara se compõe de muitas unidades familiares, em geral todas de uma linhagem ou família extensa. O lar ou gwa é responsável por prover para todos os seus membros, assim como para ajudá-los em suas tarefas agrícolas, que é a principal atividade da etnia.
As casas dos bambara se caracterizam por ser maiores do que as de outros grupos étnicos, sendo que algumas delas abrigam 60 ou mais pessoas.
O povo bambara foi um dos que se destacou por sua resistência ao colonialismo da França, que ocupou totalmente o Mali em 1894.
*De Prensa Latina para Diálogos do Sul