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Antonio Rondón*
A União Europeia (UE) parece por a prova sua capacidade de hipotecar seu futuro com a persistência do aumento do desemprego juvenil e a situação sem saída para mais de 13 milhões de cidadãos jovens. O problema da desocupação entre os jovens, que provoca prejuízos da ordem de uns 150 bilhões de euros para a economia europeia, se aprofundou com a eclosão da crise de 2008 e o início da etapa mais visível da desmontagem do estado de bem estar social.
A difícil situação dos jovens levou a direção do bloco comunitário a introduzir o tema em várias reuniões do mais alto nível, inclusive um conselho de ministros de finanças neste ano.
De fato, seria ilusão falar de uma preocupação real dos governos por melhorar a situação da juventude quando o que há parece apontar para um esforço dirigido a enfrentar com um mal que afeta os votos nas urnas e mantém a instabilidade nas ruas europeias.
Em meio às medidas de austeridade, aplicadas sobretudo na aturdida zona doeuro, a situação da desocupação juvenil mais parece como uma das várias consequências negativas da aplicação de tais regulamentações.
A espiral ascendente das demissões, em muitos casos exigidos pelos credores internacionais como medida direta para supostamente sanear as economias, a redução dos gastos sociais em matéria de educação e saúde, bem como a elevação da idade para aposentadoria, fazem parte do citado retrocesso.
Na UE está em jogo colocar em prova as sociedades europeias e sua capacidade para permitir a drástica redução dos direitos de seus cidadãos nas questões laboral, social e de previdência.
As previsões sobre o mercado de trabalho fazem da juventude um dos setores mais vulneráveis das depauperadas sociedades europeias, pois, além de se manter como os mais explorados, são agora também os de maior incerteza com relação a procura de emprego.
Um recém formado de uma faculdade para conseguir colocação em um posto de trabalho necessita demonstrar que possui experiência de trabalho, algo que lhe é muito difícil durante o período de formação.
Nem todos os jovens podem simultaneamente aos estudos buscar trabalho, muitas vezes não remunerado, para com isso acumular um aval de trabalho que lhe permita chegar com “experiência de trabalho” no momento a formatura.
A crise econômica na Europa também gerou o fenômeno do trabalho ou contrato temporário ou limitado. Quer dizer, aparece uma vaga, mas que só oferece um contrato por poucas horas, com pagamento muito menor que o regulamentar.
Não obstante, os governos europeus pretendem de um lado, aplacar os protestos de milhares de cidadãos contra as medidas de austeridade, em sua maioria jovens, e, por outro lado, buscar as vias para reduzir os gastos em subsídios de desemprego cada vez menores.
A cifra das perdas econômicas em torno de 150 milhões de euros anuais, por cauda da situação em que se encontra a juventude desempregada, é manejada com frequência pelos funcionários comunitários. Daí que a UE determinou recentemente um prazo de quatro meses para resolver, pelo menos em parte, o assunto da desocupação entre os jovens. Para isso a entidade comunitária pretende utilizar dinheiro do Fundo Social Europeu e do Fundo de estrutura Social regionais.
As propostas mais fortes vieram do governo do primeiro ministro italiano Enrico Letta. Itália está numa situação especialmente difícil com desocupação dos mais jovens, sobretudo nas idades compreendidas entre 19 e 29 anos, o que propiciou o avanço, no processo eleitoral, de formações como o Movimento 5 Estrelas, em oposição aos partidos tradicionais na península.
Na Espanha a situação é particularmente preocupante pois ultrapassa dos 40% do total dos desempregados, sendo que a média europeia é de 25, afirma a associação Jacobs Club tendo como fonte a Eurostat.
A situação do desemprego juvenil aumenta com força em pelo menos 13 dos 28 estados da UE, em que o número de desocupados supera o 25%. Nesse quesito, Espanha e Grécia apresentavam, em maio deste ano, 56,5 e 59,2 por cento, respectivamente, de jovens sem emprego; Portugal chegava aos 421 enquanto Irlanda, Bulgária, Chipre, Letônia, Hungria e Eslováquia se acercavam ou ultrapassavam os 30%, destaca Eurostat.
Além disso, dos 94 milhões de trabalhadores europeus, só 34 por cento corresponde a jovens entre 15 e 29 anos enquanto outros cinco milhões 525 mil careciam de postos de trabalho em maio passado, de acordo com a mesma fonte.
A desocupação juvenil superava em 2,6 vezes o total de desempregados na Europa em 2012, indica Eurostat. De fato, a grave situação dos menores de idade levou à triste popularização do termo utilizado no Reino Unido, a geração No-no – não emprego, não educação nem lazer..
Os 15 por cento dos jovens na UE pertencem a chamada geração Ni-ni, o que causa perdas econômicas semanais dentro do bloco calculadas em uns três bilhões de euros.
Além disso, desde o início da recessão na Europa há um lustro, o número dos chamados Ni-ni aumentou em um milhão, até chegar aos cinco milhões 500 mil.
O mencionado fenômeno afeta sobretudo aos imigrantes pois, 70 por cento dos catalogados nessa condição são de fora que chegam a Europa, quanto 40 por cento são inválidos e peoas com problemas sérios de saúde.
As cifras manejadas parecem apontar a uma paulatina hipoteca do futuro na União Europeia pois o setor juvenil, isto é, a geração que deve assumir reponsabilidades no amanhã da região, entra na vida ativa com muita dificuldade, estimam os especialistas.
*Prensa Latina de La Habana para Diálogos do Sul