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Foto: Vanessa Martina-Silva

Venezuelanos vão às urnas para decidir onde e como aplicar orçamento público

Neste domingo (21), é realizado um grande processo de consulta popular onde cidadãos vão decidir a política pública prioritária para a região em que vivem
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul
Caracas

Tradução:

Todos os venezuelanos maiores de 15 anos estão convocados para participar das eleições deste domingo (21). Não se trata de um processo para eleger presidente ou governador e sim para definir as bases de um dos cinco poderes do país: o poder popular. Durante todo o dia, das 6h às 18h, será realizada, em todos os rincões do país, a Consulta Popular 2024.

(Foto: Vanessa Martina-Silva)
(Foto: Vanessa Martina-Silva)

Diferentemente do que ocorre nas eleições convencionais da Venezuela, o voto neste domingo não será eletrônico, mas de papel; as pessoas não terão que comparecer, necessariamente, ao seu colégio eleitoral, deverão exercer esse direito na comunidade onde vivem. Também não será solicitado o título de eleitor, somente a carteira de identidade.

Em que vão votar?  

Desde o começo de março, quando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a realização da consulta, os cidadãos, organizados em comunas, realizaram levantamentos para definir quais as necessidades prioritárias da região em que vivem.

Após esse processo, foram priorizados entre seis e sete projetos, totalizando cerca de 23 mil iniciativas apresentadas nas assembleias populares em todo o país. Com relação ao conteúdo, o ministro do poder popular para as comunas e os movimentos sociais, Guy Vernáez, declarou, em seu programa de rádio, que os temas apresentados são muito diversos:

(Foto: Vanessa Martina-Silva)

“A maioria dos projetos é para a melhoria dos serviços públicos, dos espaços públicos, das infraestruturas, mas também há projetos socio produtivos, de esportes e de recursos materiais”.

O ministro também explicou que não se trata de uma ação voluntariosa ou casual. As comunas e concelhos comunais existem desde 2006, criadas pelo então presidente Hugo Chávez e têm sido parte importante da revolução bolivariana.

Nos últimos dois anos, porém, diante do assédio que os Estados Unidos têm realizado contra o país, essas estruturas se fortaleceram, elucida o ministro.

“Há dois anos, foram ativados todos os processos de eleição popular nos quais conselheiros elegeram seu representante. Nesse processo, o presidente Nicolás Maduro defendeu a necessidade de processos de transformação para o novo caminho que vem para a revolução”.

Ainda de acordo com o ministro, esse processo foi denominado por Maduro como as Sete Transformações. Muitos participaram, discutiram, inclusive apresentaram suas queixas, porque o presidente estava buscando especificamente isso: queria que as pessoas discutissem, apresentassem suas queixas e apontassem as contradições para aprofundar a reconstrução do tecido comunitário.

“O presidente entendeu, não nas entrelinhas, mas diretamente nessas consultas, que era necessário fortalecer as organizações populares, era necessário fortalecer o poder popular.”

O ministro destacou ainda a importância de avançar em direção a níveis maiores de participação popular até que o povo seja o protagonista. “Essa lógica orgânica vai nos permitir criar um projeto político para a construção de um modelo de autodeterminação e autogoverno; um modelo que supere o assistencialismo e torne possível o fortalecimento de uma democracia para a vida, com base em uma organização comunitária e cultural, contrária ao individualismo moderno e reivindicadora do comunalismo ancestral de Abya.
Yala”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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