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Cinco mulheres estão nas composições como pré-candidatas à vice-presidência. Sônia Guajajara (PSOL), como vice de Guilherme Boulos (PSOL); Ana Amélia Lemos (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB); Kátia Abreu (PDT), vice de Ciro Gomes (PDT); Suelene Balduino (Patriota), vice do Cabo Daciolo (Patriota) e Manuela D’Ávila (PCdoB), vice na chapa “tripla” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Fernando Haddad (PT). Além das duas pré-candidatas à Presidência: Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU).
Por Vitória Régia da Silva, via Gênero e Número
Nos últimos dias, as chapas à presidência se tornaram o principal assunto na corrida eleitoral, e cinco mulheres estão nas composições como pré-candidatas à vice-presidência. Sônia Guajajara (PSOL), como vice de Guilherme Boulos (PSOL); Ana Amélia Lemos (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB); Kátia Abreu (PDT), vice de Ciro Gomes (PDT); Suelene Balduino (Patriota), vice do Cabo Daciolo (Patriota) e Manuela D’Ávila (PCdoB), vice na chapa “tripla” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Fernando Haddad (PT). Além das duas pré-candidatas à Presidência: Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU).
Outros candidatos que tentaram uma aproximação com mulheres para o cargo mas não saíram com uma aliança foram Jair Bolsonaro (PSL) e Henrique Meirelles (MDB), que buscaram a advogada Janaína Paschoal e a senadora Marta Suplicy (MDB/SP), respectivamente. Bolsonaro anunciou na última semana o general Antônio Hamilton Mourão (PRTB) como vice na sua chapa. Já Meirelles vai com o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB) para o cargo.
“A participação de mais mulheres nessa disputa é um avanço. Embora não tenhamos a maioria da titularidade sendo ocupada por mulheres, já existe essa preocupação dentro dos partidos de que tem que garantir a presença das mulheres”, comentou Sônia Guajajara (PSOL) à Gênero e Número. “A definição das candidaturas, trazendo a preocupação de trazer uma mulher como vice, significa que não dá mais para fazer política sem nós.”
Liderança indígena, Guajajara, ao contrário das outras candidatas, não se coloca como candidata à vice-presidência, mas como copresidenta: “não queremos reproduzir a figura do vice decorativo, mas [queremos] que tenha uma participação igualitária nas atribuições do governo”.
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 9 de julho, um terço do eleitorado brasileiro ainda não definiu de quem será seu voto para a Presidência. A indefinição é maior entre as mulheres do que entre os homens, indicando que a escolha delas pode ter um peso importante para definir o cenário eleitoral. Se a eleição presidencial tivesse ocorrido no início de junho e sem Lula (PT), 41% das eleitoras brasileiras não teriam escolhido qualquer candidato. Já no caso dos homens, esse percentual cai para 25%, segundo o Datafolha.
Os dados que mostram que as mulheres são maioria entre os eleitores indecisos estimula os pré-candidatos à Presidência a procurar mulheres para compor a chapa para as eleições deste ano e ocupar o Palácio do Jaburu.
A representatividade das mulheres na política formal brasileira ainda é muito baixa, tanto no Legislativo quanto no Executivo, muito embora elas representem 52% do eleitorado brasileiro, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As mulheres ocupam 54 das 513 cadeiras da Câmara de Deputados, a segunda menor taxa de representatividade em parlamentos na América Latina, e o debate sobre essa presença e sobre o protagonismo delas na política está no centro das reivindicações sobre direitos das mulheres.
Pré-Candidatas a Vice Presidência
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) foi anunciada na quinta-feira (02/08) como candidata a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). A parlamentar gaúcha de 73 anos é formada em Comunicação Social e foi eleita para o Senado em 2010. Em 2014, ela disputou o governo gaúcho e ficou em terceiro lugar.
A indicação da senadora consolida a formação de uma ampla aliança em torno de Alckmin, composta até o momento por nove partidos da centro-direita, o chamado “centrão”. “Ana Amélia tem fibra e posições firmes. É uma apaixonada pelo trabalho, como mostra a sua assiduidade nas sessões do Senado”, publicou a equipe de Alckmin no perfil do candidato no Facebook. “Ana Amélia também traz à nossa chapa o olhar da mulher brasileira, sempre lutadora e cada vez mais ativa na busca pela igualdade que é sua de direito. Com Ana Amélia ao nosso lado, vamos acelerar os esforços para ampliar o espaço da mulher no mercado de trabalho, no serviço público e na política. Termos mais mulheres líderes.”
Em um vídeo publicado em seus perfis nas redes sociais no dia seguinte à formação da chapa, a senadora afirmou que não foi uma decisão fácil a candidatura à vice-presidência, pois “teve a coragem de abrir mão da reeleição no Senado quase certa para um resultado eleitoral incerto”. Ela também disse que nunca teve medo de desafios e que “como mulher, que ainda é minoria na política, não me curvo às pressões de quem quer que seja.”
Outra candidatura a vice anunciada nesta semana foi a da senadora Kátia Abreu (PDT). Com trajetória ligada ao setor ruralista, ela foi contrária ao impeachment de Dilma Rousseff, de quem foi ministra da Agricultura. O ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que encabeça a chapa, disputará a eleição pelo Palácio do Planalto coligado apenas com mais um partido, o Avante, após não ter tido sucesso nas negociações com os partidos do centrão e com o PSB e também ter perdido a chance de fechar com o PCdoB – que apoia a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estou obstinada a enfrentar mais um desafio na minha vida, que talvez seja um dos maiores (…). Agradeço a Ciro Gomes por entender que posso fazer parte dessa caminhada, sendo uma mulher, vinda do Estado mais novo do país, Tocantins, e todos nós nos sentimos muito honrados em estar na sua chapa”, disse a Abreu durante o anúncio oficial da chapa presidencial do PDT no domingo (05/08).
Manuela D’Avila: a voz feminina na tríplice aliança
Foi fechada “de última hora” a negociação definindo que a deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila (PCdoB), previamente anunciada como pré-candidata à Presidência, desistiria da sua candidatura e seria vice na chapa do PT. A chapa encabeçada por Lula e que tem os nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e da deputada gaúcha foi batizada nas redes sociais de “chapa triplex”, em alusão ao apartamento triplex do Guarujá pelo qual o ex-presidente se encontra na prisão. Caso a candidatura de Lula seja aceita, a Manuela entraria no lugar de Haddad como vice-presidente; se não o for, ela será a candidata a vice do exprefeito paulistano.
A nota do PCdoB divulgada nesta segunda-feira (06/08) afirma que o processo de decisão da direção nacional que optou pela coligação com o PT teve o objetivo de criar uma frente ampla de esquerda para “conquistar a vitória das forças progressistas nas eleições presidenciais”.
“Seria quase um luxo manter minha candidatura e não reunir, aglutinar mais forças para vencermos as eleições. Juntos temos mais força e condições de vencer o pleito”, disse D’Ávila em pronunciamento oficial na sede do PCdoB, ao lado de Fernando Haddad, no centro de São Paulo, na terça (07/08).
#ManuelaSofreuMachismo?
Circula nas redes sociais uma hashtag irônica promovida por grupos e perfis opositores à chapa PT/PCdoB que tentaram promover a narrativa de que Manuela foi vítima de machismo ao deixar de ser candidata à Presidência para formar uma aliança e ser candidata a vice. Através da hashtag #ManuelaSofreuMachismo, internautas alfinetam a desistência, relembrando, por exemplo, a participação dela no programa Roda Viva, quando a candidata e seus apoiadores sustentaram que as interrupções constantes dos entrevistadores foram exemplos de machismo.
Questionada por jornalistas durante o pronunciamento na sede do PCdoB, Manuela respondeu sobre a hashtag e as críticas: “Na lógica dos machistas, uma mulher como eu, presidida por outra mulher, Luciana Santos, não teria condições de fazer debates políticos com os partidos e me indicarem como candidata a vice (…). Quando alguém do meu próprio Estado foi indicada a vice do Alckmin, ter uma mulher na chapa foi motivo de festa. Quando uma mulher é indicada a vice do primeiro candidato nas pesquisas, dizem que isso é machismo”. Para Manuela, machismo é não respeitarem suas decisões, e as críticas são reflexo do “medo de ter uma mulher na vice-presidência da República, que é o que vai acontecer”.