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Violência na América Latina preocupa Prêmios Nobel Alternativo

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Premio Nobel AlternativoA primeira conferência regional de Prêmios Nobel Alternativos, realizada em Bogotá de 1 a 6 de julho, terminou com fortes declarações contra a violência na América Latina, sofrida especialmente por indígenas, camponeses e líderes sociais. Homens e mulheres galardoados com o Right Livelihood Award debateram durante cinco dias os principais problemas da região e discutiram soluções práticas capazes de transformar a vida da sociedade civil.

Quatorze “Prêmios Nobel Alternativo” compartilharam experiências e expuseram suas visões sobre os atuais desafios para América Latina nessa conferência regional. A confluência dos poderes econômicos e político em detrimento dos direitos civis foi um eixo comum na diversidade dos temas tratados. Fortes declarações e propostas de ação conjunta rápida foram aprovados.

Depois de compartilhar suas experiências e trajetórias, os laureados coincidiram em que é necessário desenvolver um mecanismo efetivo para proteção dos líderes a ativistas ameaçados da região. Segundo estatísticas da Global Witness, de âmbito global e para o período de 2002-2001, Brasil foi o país que registrou maior quantidade de assassinatos de líderes ambientais e sociais com 365 vítimas.  Seguem o Peru, com 123; e Colômbia com 70 assassinatos. Só no que vai de 2013, o Movimento de Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) já contabilizou onze mortes no Brasil vinculadas à luta pela reforma agrária. Também na Colômbia vem de muitos anos na área rural. A Associação de Trabalhadores Camponeses de Carare (ATCC) informou que durante a década 1970-1980 foram 500 mortos. Evaristo Nugkuag Ikanan, que vive e trabalha na selva peruana apoiando a organização das comunidades indígenas, reportou que lamentam a morte de cinco companheiros que resistiram a usurpação de terras e que é muito difícil ter acesso e apoio de advogados.

Relacionando aspectos econômicos e políticos, o paraguaio Martín Almada recordou que o recente golpe de estado institucional no Paraguai esteve vinculado a pressões de grandes empresas estrangeiras com interesses sobre extensas porções do território. Com profunda preocupação os laureados também se referiram aos numerosos assassinatos de jornalistas, intermediários entre os que lutam e o conjunto da sociedade civil: “Da nossa posição de laureados devemos promover a proteção daqueles que trabalham para denunciar e oferecer soluções alternativas”, assegurou o argentino Raúl Montenegro.

Afirmando que “a economia tem matado mais gente que todas as guerras juntas”, o economista chileno Manfred Max Neef propôs a criação de um Tribunal para Crimes Econômicos contra a Humanidade.  “São evidentes os estragos do sistema dominante atual. Devemos promover um novo paradigma de desenvolvimento baseado na felicidade, onde não falemos de Produto Interno Bruto mas da Felicidade Interna Bruta, o que supõem viver de maneira sustentável com tudo o que somos”.

O brasileiro Francisco Chico Whitaker, por sua vez, promoveu a assinatura na declaração “Por uma América Latina e Caribe livre de Centrais Nucleares” que condena a tendência regional em expandir o uso desse tipo de energia não sustentável assumindo graves e desnecessários riscos para as atuais e futuras gerações.

Os Prêmios Nobel Alternativos subscreveram o documento denominado “Apelo de Bogotá”, que sistematiza suas ideias sobre as necessidades observadas em matéria de direitos humanos e ambientais, processos de paz e memória, participação democrática e autonomia dos estados latino-americanos.

A conferência também ofereceu oportunidade para o intercâmbio entre os laureados o organizações sociais locais, bem como abriu espaços para encontros com o público. O fórum chamado “Criando um entorno favorável para a sociedade civil” foi uma enriquecedora experiência compartilhada entre os laureados e assistentes interessados nos tempos por eles tratados: educação, desenvolvimento, crimes de lesa humanidade, etc.

Estas atividades foram organizadas conjuntamente pela Fundação Right Livelihood Award, Fundação GAIA Amazonas e Projeto COAMA dirigido por Martín von Hildebrand, com o apoio da Igreja de Suécia. A Fundação Right Livelihood Award é a organização com base em Estocolmo (Suécia) que reconhece o trabalho das pessoas mais valentes e inspiradoras do mundo e as distingue com o que se conhece como “Prêmio Nobel Alternativo”, Desde 1980, promove o trabalho de indivíduos notáveis que conseguiram mudanças positivas em áreas como manutenção da paz, pesquisa científica, educação, atenção à saúde, direitos humanos e proteção ao meio ambiente. Em33 anos já premiou a 149 pessoas e organizações pertencentes a 62 países.

Participaram desta conferência regional os seguintes “Prêmios Nobel Alternativo:

Manfred Max-Neef (Chile, 1983), Evaristo Nugkuag Ikanan (Perú, 1986), Asociación de Trabajadores Campesinos del Carare, ATCC (Colombia, 1990), Comissão Pastoral da Terra, CPT (Brasil, 1991), Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST (Brasil, 1991), Helen Mack Chang (Guatemala, 1992), Juan Pablo Orrego (Chile, 1998), International Baby Food Action Network, IBFAN, (México, 1998), COAMA (Colombia, 1999),  Grupo de Agricultura Orgánica (Cuba, 1999), Martín Almada (Paraguay, 2002), Raúl Montenegro (Argentina, 2004),  Francisco “Chico” Whitaker (Brasil, 2006), Festival Internacional de Poesía de Medellín, FIPM (Colombia, 2006)

Mais informações em: https://amecopress.net/spip.php?article9889

Saiba o que é o Prêmio Nobel Alternativo

Prémio Nobel Alternativo, em inglês Right Livelihood Award (“Prémio da Sustentabilidade”) – RLA, foi criado em 1980 pelo filatelista Jakob von Uexkull, e celebra-se anualmente noParlamento Sueco, normalmente em 9 de dezembro, para homenagear e apoiar pessoas que “trabalham na busca e aplicação de soluções para as mudanças mais urgentes e necessárias no mundo actual”. Um júri internacional decide o prémio em âmbitos como Protecção ambientalDireitos HumanosDesenvolvimento sustentávelsaúdeeducaçãopaz, etc. O prémio reparte-se entre os ganhadores, que normalmente são quatro, e chega a um total de SEK 2.000.000, cerca de R$ 545.000 em 2007.

“Prémio Nobel Alternativo”, não tem qualquer ligação oficial com o Prémio Nobel. O nome serve para sugerir que ele seja um complemento crítico àquele prémio. O RLA não usa a divisão em categorias que o Nobel usa, pois as soluções para a maioria dos problemas tendem a ser holísticas e difíceis de categorizar. Os julgadores do RLA também criticam o Nobel por premiar mormente pessoas do hemisfério norte e raramente mulheres. Na sua página web, eles fazem comparanções com os Prémios Nobel, e também mostram diagramas. Veja-se: [1]

Alguns premiados foram: MSTHelena Norberg-HodgePlenty InternationalBill MollisonWes JacksonGeorge TrevelyanPetra KellyWangari MaathaiRobert Jungkmovemento Chipko,Survival InternationalEdward GoldsmithVandana ShivaAstrid LindgrenJuan GarcésLeonardo BoffJohan GaltungAsghar Ali EngineerWalden BelloFrances Moore-LappéMemorial SocietyMordechai VanunuManfred Max-NeefBianca JaggerDavid LangeMaude BarlowKen Saro-WiwaRoy Sesana e outros. lista completa.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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