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Vitória da esquerda nas eleições do Chile antecipa o que pode ocorrer nas presidenciais de novembro, dizem analistas

Especialistas em temas eleitorais concordam que a consulta nas urnas correspondeu ao que fora explicitado por milhões de chilenos na revolta popular de outubro de 2019
Rafael Calcines Armas
Prensa Latina
Santiago

Tradução:

Após as históricas mega eleições, o Chile amanheceu com um novo cenário político, devido à vitória das forças da mudança e ao retrocesso da direita e da política tradicional.

Nas primeiras análises sobre o desfecho, os especialistas em temas eleitorais concordam que a consulta nas urnas correspondeu ao que fora explicitado por milhões de chilenos na revolta popular de outubro de 2019 e no plebiscito do ano passado.

Não poucos usam o termo “derrota feroz” para a direita, de acordo também com o baixo apoio que tem o Governo de Sebastián Piñera e a coalizão de partidos Chile Vamos, que o apoia.

Para muitos, nas ruas a população “cobrou” o mundo político que dirigiu o país depois da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), sem mudar em absoluto o modelo neoliberal sacramentado pela Constituição de 1980 e que acumulou desde então iniquidades cada vez mais profundas.

Eleição para prefeitos

Em consequência, nas eleições de governadores, prefeitos e vereadores, as urnas traçaram um panorama distinto, no qual a direita perdeu comunas (municípios) emblemáticos nas regiões Metropolitana e de Valparaíso, as duas mais importantes do país.

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Assim, ao esperado triunfo do comunista Daniel Jadue na comuna de Recoleta (região metropolitana de Santiago), somou-se a vitória, no município de Santiago, de Irasí Hassler, também do Partido Comunista do Chile, que derrotou Felipe Alessandri, da “Renovación Nacional”.

Enquanto isso, nas comunas de Ñuñoa e Maipú, os candidatos da direita foram derrotados por representantes de Revolução Democrática, um dos partidos integrantes da Frente Ampla.

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Desta maneira, a coalizão oficialista Chile Vamos ficou com as comunas endinheiradas do oriente da capital, mais a reeleição dos prefeitos de La Florida e Puente Alto.

Especialistas em temas eleitorais concordam que a consulta nas urnas correspondeu ao que fora explicitado por milhões de chilenos na revolta popular de outubro de 2019

Reprodução/ Twitter
Ao centor, Daniel Jadue, prefeito reeleito em Recoleta e pré-candidato à presidência do Chile; à esquerda, Iraci Hassler

Em Valparaíso ocorreu algo parecido, com a vitória da candidata da Frente Ampla Macarena Ripamonti, que ganhou a prefeitura de Viña del Mar, tradicional feudo da direita.

Governadores

No caso dos governadores regionais, por ser uma figura nova, que substitui os intendentes e que, pela primeira vez foram eleitos por voto popular, não há ponto de comparação com consultas anteriores.

Mas, dos 16 governos regionais, só três foram decididos no primeiro turno: Valparaíso (Frente Ampla), Aysén (Partido Socialista) e Magallanes (Independente), enquanto os 13 restantes deverão ir para o segundo turno em 13 de junho; e, entre estes, só um candidato de direita está na frente.

Convenção Constituinte

Ponto à parte é o resultado da eleição da Convenção Constituinte que redigirá a nova carta magna do país.

A direita, com sua lista unitária Vamos por Chile, pretendia obter pelo menos 52 lugares, mas teve que se conformar com 37. Igual sorte teve a lista dos partidos da chamada ex Concertación, que obteve apenas 25.

Em troca, os independentes, em quem nenhum especialista em temas eleitorais apostava, conseguiram uma contundente maioria de 48 lugares; também superou todas as expectativas, com 28, a lista Apruebo Dignidad, do Partido Comunista, Federación Regionalista Verde Social e Frente Ampla.

Os povos originários tinham reservados 17 lugares, segundo o previsto.

Como aspecto negativo, mas também esperado das mega eleições, a baixa participação, com apenas seis milhões 458 mil 760 votantes, ou seja 43,35% de comparecimento, segundo o cômputo final do Serviço Eleitoral.

Alta abstenção

Esse resultado estava prognosticado, em um país com um absenteísmo muito pronunciado historicamente e que nunca ultrapassara 40% nas eleições para cargos regionais.

Nesta ocasião, as autoridades eleitorais esperavam que o comparecimento alcançasse pelo menos 50%, para equiparar-se aos resultados do plebiscito de outubro de 2020.

E embora a eleição da constituinte despertasse um grande interesse, para muitos foram determinantes a situação da pandemia da Covid-19 no país, e a dificuldade de votar em muitas pessoas, tendo que marcar quatro cédulas e escolher entre mais de 16 mil candidatos.

Presidenciais

Para os analistas e políticos, estas eleições foram uma “antecipação” do que pode ocorrer nas eleições presidenciais de novembro, motivo pelo qual – asseguram —, os próximos meses implicarão em um profundo processo de reflexão e de reacomodação de forças no mundo político para enfrentar esse momento.

Tradução de Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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