A vitória da chapa Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO) na Argentina na noite deste domingo (11) gerou uma onda de esperança na esquerda latino-americana, que tem visto um a um seus governos ruírem.
Apesar dos 15 pontos de diferença entre a fórmula kirchnerista e o macrismo, o comunicador argentino Enrique Juan Box vê com apreensão o cenário desenhado até outubro, quando será realizado o primeiro turno das eleições.
Em conversa com a TV Diálogos do Sul, Box destacou que o presidente Maurício Macri não deve entregar o governo facilmente e já há uma reação dos mercados que mostra isso:
Em uma mostra de que a vida dos kirchneristas não será fácil pelos próximos dois meses, nesta segunda-feira (12), o dólar aumentou 17%, sendo vendido a 53 pesos argentinos; o risco país subiu 1,9% e a bolsa caiu mais de 30%.
Além disso, Enrique conta que os mercados pequenos — muito comuns na Argentina — “não abriram porque as pessoas já não sabem por quanto devem vender as mercadorias”. “Culpam os kircheristas pelo descontrole da economia”, ressalta.
Divulgação / Twitter
Presidente argentino, Maurício Macri, vota durante das PASO deste domingo (11)
Com relação à manipulação eleitoral — como se viu em 2015 na Argentina e em 2018 no Brasil — levada a cabo por estrategistas como Steve Bannon, Box lembra do episódio “Guerra dos Mundos”, novela criada por Orson Welles, e que, ao ser transmitida pela rádio, gerou pânico na população estadunidense. “Muitos se suicidaram, fugiram das cidades, o que provocou engarrafamento, caos… Essa mesma experiência foi replicada com sucesso no México, no Peru”, lembra.
Ele destacou também que “os meios de comunicação têm um poder muito grande sobre as pessoas” e que “o calcanhar de Aquiles do kirchnerismo, na Argentina, e do PT, no Brasil, foi justamente o fato de não terem investido em meios de comunicação próprios”.
Apesar de crítico da chapa Fernández – Fernández, Enrique avalia que o resultado obtido neste domingo foi importante: “não é o mesmo ratificar Macri e não ratificar”.