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Voltar ao oceano Pacífico

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Héctor Miranda*

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Bolívia jamais cederá em suas intenções de voltar ao oceano Pacífico com soberania e tampouco encerrará a possibilidade de dialogar com Chile, como não o fez até agora, destacou o presidente Evo Morales, durante as festividades pelo Dia do Mar.

Passados 134 anos de ter perdido território costeiro, depois da invasão chilena de fevereiro de 1879, o presidente deixou claro que fará todo o possível para que o país recupere sua qualidade marítima, um sonho de todos os bolivianos.

Em princípio, manifestou a disposição de seu governo de ir para a mesa de negociações, apesar de que Chile pensa o contrário e tem evitado dialogar e apresentar uma proposta concreta que permita negociar uma saída soberana ao mar, agregou.

Até agora o governo chileno manteve uma atitude soberba, de um país que vive no passado, e se nega a aceitar que o Tratado de 1904 seja negociável, asseverou o primeiro chefe de estado indígena na história da Bolívia.

Morales voltou a colocar como exemplo a questão do Canal do Panamá, usurpado a perpetuidade pelos Estados Unidos aos panamenhos, mas devolvido ao país com os acordos Torrijos-Carter (nome dos então presidentes Omar Torrijos e James Carter).

O presidente boliviano também considerou legítima a posição de seu país de apelar às cortes internacionais, uma determinação tomada em 2011 e que seguirá se Santiago insiste em resistir às demandas bolivianas.

Bolívia nasceu à República com acesso livre e soberano ao oceano Pacífico e no tratado de limites de 10 de agosto de 1876 foram reconhecidos esses limites, recordou enquanto insistiu que o expansionismo de Chile teve início com a invasão de 14 de fevereiro de 1879 ao porto boliviano de Antofagasta.

A invasão chilena representou a perda de 120 mil quilômetros quadrados de territórios e 400 quilômetros de litoral, além da usurpação de imensos recursos naturais, rememorou Morales.

Ao mesmo tempo enfatizou que o Tratado de 1904 despojou o território boliviano de grandes recursos, do direito ao mar e se constituiu numa sentença de condenação perpétua sobre o desenvolvimento de Bolívia e nossa integração com o resto do mundo.

Com tal acordo, firmado 25 anos depois de terminada a Guerra do Pacífico, na qual também esteve envolvido o Peru, Chile concedeu a Bolívia um regime de livre trânsito, mas sempre aplicou práticas arbitrárias e abusivas. As violações ao Tratado geraram perdas econômicas milionárias e obstaculizam o desenvolvimento do país.

Para Morales as populações do norte chileno mantem seu desenvolvimento econômico as expensas da atividade produtiva dos bolivianos. O presidente boliviano também deixou claro que seu país necessita apoio da comunidade internacional para voltar ao litoral do Pacífico.

Morales considerou que uma coisa é o povo chileno e outra o governo do presidente Sebastián Piñera e esclareceu que a posição do presidente chileno impede que haja algum tipo de acordo. Não obstante, destacou a posição de artistas, partidos políticos e movimentos sociais chilenos, que tem manifestado seu apoio à demanda boliviana.

O Dia do Mar presta homenagem a Eduardo Abaroa, herói boliviano da Guerra do Pacífico, que caiu em 23 de março, durante a batalha de Calma, enquanto oferecia tenaz resistência às tropas chilenas empenhadas em conquistas a ponte sobre o rio Loa. Abaroa foi dos primeiros voluntários a apresentar-se assim que iniciou a guerra com Chile e sua atitude é recordada com veneração no país.

*Correspondente de Prensa Latina em La Paz, especial para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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