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Winston Orrillo, 50 anos de poesia

Winston Orrillo

Tradução:

winstonEm 1965 ganhou o II Concurso “O Poeta Jovem do Peru”. Milhares de versos depois, nos recebe em seu apartamento em La Calera, bem agasalhado. Este inverno chegou tão tarde que ninguém já o esperava. “Este é um frio aprista, traiçoeiro”, brinca. Acaba de publicar “Poemas desconcertados” e sabe que seus leitores ainda não nasceram.

Sua gata, Benita, se afasta quando me vê entrar na casa. Winston Orrillo é provavelmente o único poeta que publicou livros completos para seus gatos. O primeiro para León e o último para ela, que me olha temerosa debaixo da cadeira na qual o escritor estava sentado trabalhando antes de ser interrompido. “Estou fazendo uma nova antologia”, diz. Acaba de deixar seu trabalho de professor na Universidade Nacional Mayor de San Marcos, e graças a isso se dedica em tempo integral à poesia e à preparação de suas novas antologias.

“Javier Heraud disse que a poesia é um trabalho de oleiro. Depois de escrever um poema, a gente o edita muitas vezes. Agora que estou fazendo as antologias continuo editando poemas de décadas atrás. Um poema nunca está terminado”.

Acaba de publicar “Poemas desconcertados”, uma recompilação de versos de toda sua carreira que giram em torno de dois eixos fundamentais: a justiça social e o amor.

Ambos, explica o poeta, nascem da mesma coisa. O amor é possivelmente a melhor razão para estar vivo, e a busca da justiça social é uma forma de amar a sociedade, de dedicar-se a ela.

“A divisão entre a poesia social e a poesia que fala de amor é uma falácia. Neruda é um grande poeta do amor e é um grande poeta político. O mesmo acontece com Nicolás Guillén e com muitos outros. Os poetas puros são um pouco suspeitos”.

O título de seu novo livro, apesar de ser bem apropriado, não sugere outra característica da poesia de Orrillo; o humor.

“O humor é algo inato, é uma forma de criar um anticlímax, para que a poesia não seja demasiado chorona, triste ou telenovelesca. O humor é excelente. Além do mais, quando falamos de amor, seu impacto pode ser muito significativo”.

Winston Orrillo sabe que é um escritor pouco conhecido. “Aqui, ser de esquerda faz com que nos vetem nos circuitos dos maiores”, diz com tranquilidade. Isso não lhe preocupa.

“Os antolhos que têm as ‘panelinhas’ de hoje, não vão desaparecer. Existiram em todas as épocas. Sempre foi assim. Por enquanto tenho poucos leitores, mas são bons. A maioria ainda não nasceu”, diz com segurança Winston Orrillo e nós acreditamos.

Original do Diário UNO de Lima, Peru – Orrillo é colaborador de Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Winston Orrillo

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