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Zé Dirceu | Antes de vencer as eleições, é preciso derrotar as ameaças de golpe

“Aos poucos, a agenda eleitoral e a da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia se impõem e o governo oscila entre medidas populistas e avanço no desmonte do Estado", escreve
José Dirceu
Brasil 247
Brasília (DF)

Tradução:

O ex-ministro José Dirceu, em artigo publicado no portal Poder 360,  escreve que “depois de duas semanas de férias, volto com o aprofundamento do caráter do governo Bolsonaro, de extrema direita: dessa vez, o que marcou a natureza do governo foi o encontro com a deputada Beatrix Von Storch, do AFD alemão, um partido neonazista, que provocou a reação de repúdio da comunidade israelense no Brasil”.

“Também acentua-se cada vez mais sua natureza militar, com o apoio agora explícito e público ao governo expresso em notas do ministro da Defesa e dos comandantes militares, em entrevista do ministro da Aeronáutica subscrita pelo comandante da Marinha, e até na defesa de que eleições sem voto impresso estarão sujeitas à fraude”, acrescenta.

Ele também acrescenta que, “no campo institucional, assistimos ao grande final da entrega do governo à coalizão que o sustenta no Congresso Nacional, não apenas com a indicação de senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, mas com a recriação de ministérios para acomodar os partidos PP, PL, PRB, que compõem o núcleo duro do chamado centrão”.

“Aos poucos, a agenda eleitoral e a da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia se impõem e o governo oscila entre medidas populistas e avanço no desmonte do Estado. A desorganização e a desorientação estão por todo lado, como nos mostram a proposta natimorta da reforma tributária e a privatização da Eletrobrás. Outra regra geral é o uso sem pudor dos recursos públicos e da máquina administrativa com fins eleitorais”, diz ele.

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Em sua visão, “assim, as manifestações autoritárias do presidente ganham dimensão de política de Estado e de governo com a grave, ilegal e inconstitucional participação dos militares como atores e agentes políticos”. 

“Aos poucos, a agenda eleitoral e a da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia se impõem e o governo oscila entre medidas populistas e avanço no desmonte do Estado", escreve

Poder 360
Protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília

Dirceu observa que “colocam-se assim para as oposições de esquerda e a todas forças democráticas 2 batalhas: a 1ª, de defesa da democracia, do calendário eleitoral e da posse do presidente eleito; a 2ª, ocupar as ruas do Brasil não só para impedir arroubos militaristas como para derrotar Bolsonaro nas urnas”.

“Para as esquerdas que pretendem voltar a governar o país, a tarefa é mais árdua e de médio prazo. Será preciso convencer o eleitor, cidadão e cidadã, a dar seu voto para o nosso candidato a presidência e, também, aos candidatos ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados”, aponta. 

O ex-ministro ressalta que “sem forte apoio congressista, continuaremos reféns da formação de maiorias parlamentares apoiadas em partidos de centro-direita quando não da direita como no passado recente, incapazes de avançar nas reformas estruturais que o momento histórico exige”

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Ele conclui sua análise com um questionamento: “A pergunta que é precisamos responder na luta política e social é simples. A esquerda e as oposições democráticas estarão à altura de nosso povo e da classe trabalhadora neste momento de encruzilhada histórica para 1º derrotar as tentativas tutelares e golpistas latentes em setores militares e do governo e depois derrotá-los nas urnas?”

José Dirceu é ex-deputado federal e ministro da Casa Civil no governo Lula


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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