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ToggleÀs vésperas da maior tragédia vivida por Petrópolis completar 1 ano, fortes chuvas voltaram a trazer medo e insegurança para a população da cidade. Nesta terça-feira (14), a Defesa Civil registrou 14 ocorrências, incluindo cinco deslizamentos. Houve também alagamentos, crateras abertas, deslocamentos de moradores e acionamento de sirenes.
Petrópolis hoje!Um ano depois da maior tragédia da história da cidade (235 mortos),a Cidade Imperial continua sendo a mais vulnerável do país.Não faltaram promessas das autoridades p/reduzir riscos de enchentes e deslizamentos. Se houver outra tragédia,não foi por falta de aviso. pic.twitter.com/wmdKNJDH1F
— André Trigueiro (@andretrig) February 14, 2023
O problema, vale dizer, não se limita à intensidade dos temporais. Petrópolis vive por décadas as consequências da negligência do poder público, que não lança mão de políticas consistentes de habitação e prevenção.
Foi há 1 ano, em 15 de fevereiro de 2022, que os reflexos dessa omissão deixaram marcas profundas no município da região serrana do Rio de Janeiro, quando, em apenas 6h, choveram 259 milímetros, o total estimado para todo aquele mês.
Ruas alagaram, rios transbordaram e avalanches de água e lama varreram diferentes bairros, levando casas e pessoas. Mais de 235 pessoas morreram e outras 4 mil ficaram desabrigadas. A cidade entrou em estado de calamidade pública, com 270 áreas em risco para a população.
Se por um lado a ingerência do poder público municipal, estadual e federal atinge a cidade há décadas, por outro, o episódio não foi suficiente para dar celeridade às medidas, urgentes, aos petropolitanos. Em 2022, apenas 15% do orçamento em habitação foi gasto pela prefeitura, R$ 318 mil de R$ 2,19 milhões.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
As famílias que tiveram que deixar suas casas recebem um auxílio de R$ 1000, quantia insuficiente diante dos valores dos alugueis
Obras de reconstrução
Já as obras destinadas à reconstrução de Petrópolis foram divididas em três etapas, referentes a regiões da cidade, sendo a primeira destinada à restauração da mobilidade nas principais vias, incluindo o Centro Histórico, praças e o comércio. As outras etapas, inclusive as referentes às regiões mais vulneráveis, ainda dependem de licitações ou projetos executivos.
É o caso do Morro da Oficina, que registrou o maior número de vítimas: 93 pessoas. Ali, restam ainda os escombros das casas destruídas. Os reparos só começaram no mês passado. Aqueles que ainda estão no local, vivem sob medo ao menor sinal de chuva. Nenhuma nova moradia foi entregue até agora, um retrato da ausência de atenção ao povo mais pobre de Petrópolis.
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As famílias que tiveram que deixar suas casas recebem um auxílio de R$ 1000, quantia insuficiente diante dos valores dos alugueis, ainda mais elevados pela especulação imobiliária após a tragédia. Além disso, devido a desacordos entre a prefeitura de Rubens Bomtempo (PSB) e o governo de Cláudio Castro (PL), o benefício foi cortado para muitas pessoas. Algumas famílias sequer receberam o dinheiro.
Nesta quarta-feira (15), diferentes manifestações e homenagens foram convocadas em Petrópolis, em memória às vítimas da tragédia ocorrida há um ano e para exigir que o poder público garanta aos sobreviventes assistência e obras de habitação e prevenção.
Há também aqueles que buscam respostas sobre desaparecidos. É o caso de Adalton Vieira da Silva, que perdeu o filho, Lucas Rufino, de 20 anos, durante os deslizamentos. Ao R7, ele conta que o corpo chegou a ser encontrado por vizinhos e tios e foi entregue aos bombeiros para envio ao IML.
A surpresa veio quando informaram que Lucas não chegou ao órgão, e que o corpo entregue pelos socorristas era de outro jovem. Segundo Adalton – que também perdeu esposa e outra filha soterradas –, os familiares que localizaram Lucas sob os escombros o viram crescer e o conheciam.
Também nesta quarta, o Grupo Especializado em Desastres Naturais (Geden), que atua em Petrópolis desde 1981, colocou 756 balões em formato de coração em frente ao Obelisco da cidade, em homenagem às vítimas dos 17 desastres que já atingiram a população nas últimas décadas.
Guilherme Ribeiro | Jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.
* Com informações de Folha, R7 e Tribuna de Petrópolis.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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