As delegações do governo colombiano e do Exército de Libertação Nacional (ELN) desmentiram, na última terça-feira (23), versões sobre um suposto acordo para prorrogar o cessar-fogo bilateral, vigente até o próximo 29 de janeiro, embora ratificassem sua disposição para conseguir uma extensão da trégua, no âmbito das negociações de paz que se levam a cabo.
Desde a Colômbia, o Comissário de Paz, Otty Patiño, disse que “já há um acordo de extensão por seis meses”, sem especificar que essa decisão era unilateral, o que fez com que alguns meios assegurassem que as partes cessariam hostilidades até o final de julho próximo.
Reunidas em um hotel a oeste de Havana, as delegações retomaram as negociações de paz, que chegam ao seu sexto ciclo e seu 13º mês, em meio a não poucas dificuldades derivadas principalmente das reclamações governamentais para que a organização insurgente abandone desde já todas as formas de violência, em especial o sequestro.
Durante sua recente viagem a Davos, Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial, o presidente Gustavo Petro disse a meios internacionais que seu governo condiciona a busca dialogada de um acordo de paz com o ELN a que essa guerrilha suspenda de imediato todo tipo de ações ofensivas.
Não obstante, os “elenos” – como se denomina esta força insurgente – esclareceram que a suspensão de ações militares e tudo o relacionado com a cessação de atividades financeiras, como a execução de sequestros, faz parte do último ponto da agenda de negociações, pactuada em novembro de 2022.
Fontes de ambas as partes disseram ao La Jornada que, antes de anunciar uma extensão do acordo ao fogo, avaliarão os resultados da atual trégua, vigente desde julho de 2023 e a primeira que o ELN aceita ao longo de seus numerosos intentos de buscar a paz pela via do diálogo.
“No passado ciclo (realizado no México), expressamos a intenção de prorrogar o cessar-fogo bilateral, nacional e temporal e, pensando em aperfeiçoá-lo, foram acordadas várias medidas que hoje se rubricam. Há um cessar-fogo que está vigente até 29 de janeiro”, precisou em sua conta no X (antigo Twitter) a delegação guerrilheira.
A atual rodada de negociações se prolongará até 6 de fevereiro e existe expectativa pela possibilidade de que, uma vez que terminem seus trabalhos em Cuba, as partes realizem o próximo ciclo no Vaticano, depois que o presidente Petro solicitou ao Papa Francisco na semana passada durante um encontro em Roma.
Além das negociações com o ELN, o governo realiza diálogos de paz com as dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em desenvolvimento da estratégia de Paz Total impulsionada pela Casa de Nariño.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
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Membros do Governo da Colômbia e do ELN reunidos em Cuba para os diálogos realizados nesta terça-feira, 23 (Foto: Alto Comisionado Paz/X)