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Xiomara Castro, presidenta de Honruas (Foto: Reprodução / Facebook)

Reconstrução liderada por Xiomara Castro situa Honduras como voz de influência do Sul Global

Atualmente no último ano de seu mandato, Xiomara Castro realizou uma séria de reformas sociais em Honduras, enfrentou a corrupção e fortaleceu uma política exterior independente
Santiago Masetti
Prensa Latina

Tradução:

Ana Corbisier

Sem a atenção da imprensa que mereceria, o governo de Honduras vem cumprindo uma agenda política que situa a nação centro-americana como centro de referência continental diante dos desafios do mundo global.

Com a chegada à presidência de Xiomara Castro em 2021, depois de quinze anos de resistência à “narcoditadura”, fruto do cruento golpe de Estado contra o então presidente Manuel “Mel” Zelaya em 2009, Honduras prepara, pensa e projeta uma proposta genuína em um mundo onde reina a complexidade e a contradição.

Desde o primeiro minuto de sua gestão, Xiomara Castro dedicou todos os seus esforços a refundar uma nação afetada profundamente pela pobreza, saqueada em seus recursos e mergulhada na dependência política e econômica aos Estados Unidos.

No último período de seu mandato, a primeira presidenta da história de Honduras não só lançou uma guerra sem tréguas contra a corrupção da anterior administração, como realizou uma série de reformas sociais, priorizando os investimentos e melhorias nos sistemas de saúde e educação pública. Em um mesmo sentido, teceu uma política exterior independente e com forte vocação latino-americana.

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A presidenta hondurenha questiona os efeitos negativos do neoliberalismo e em contraposição levanta as bandeiras da soberania e da independência econômica na construção de um modelo que chama de “socialismo democrático”.

Cabe destacar que Xiomara Castro é a presidenta pro-tempore da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e do Sistema de Integração Centro-americana (SICA).

No fim de junho, Tegucigalpa foi o cenário predileto da esquerda, do progressismo e dos movimentos populares de nosso continente, onde ocorreram os encontros da 2ª Cúpula Social da Celac, do Foro de São Paulo, da Internacional Progressista e do Grupo de Puebla, além da rememoração com forte repúdio do 15º aniversário do golpe de Estado contra Mel Zelaya.

A poucos dias desta “maratona” de atividades, Honduras enviou um grande grupo de observadores internacionais (composto por legisladores, jornalistas, funcionários, comunicadores e referências sociais, entre outros) para as eleições que se realizaram na Venezuela em 28 de julho último.

Xiomara Castro, Honduras e a relação com a China

Em 13 de agosto, a vice-chanceler da China, Hua Chunying, visitou Tegucigalpa, onde se reuniu com as máximas autoridades da Chancelaria hondurenha, tendo realizado uma reunião bilateral com a chefe de Estado. Segundo foi divulgado sobre a visita à capital hondurenha, a representante do denominado “gigante asiático” não só chegou para consolidar os laços de amizade entre ambas as nações e abordar a agenda Celac-China, como para ultimar os detalhes de um Tratado de Livre Comércio (TLC) que busca beneficiar os produtores hondurenhos de todos os níveis.

Um avanço significativo nesta área é a implementação do acordo da colheita precoce, que permite a exportação de produtos como o camarão hondurenho para a China sem pagamento de taxas, como é o caso das seis mil toneladas deste produto do mar que ingressou no mercado do país asiático.

Outros dos pontos alcançados foram um financiamento para o desenvolvimento em diversas instituições educativas hondurenhas, por meio da realização de trabalhos de apoio em 375 escolas em todo o país, e a inclusão desta nação centro-americana como um destino turístico prioritário para grupos de turistas chineses.

Em 21 de agosto, a ex-presidente do Chile em duas oportunidades (2006-2010 e 2014-2018), Michelle Bachellet foi recebida pelo vice-chanceler hondurenho, Gerardo Torres e pela secretária de Assuntos da Mulher, Doris García Paredes.

Bachelet se reuniu com a mandatária centro-americana e manteve uma série de encontros para estimular a participação política das mulheres e lutar contra a violência de gênero. Também realizou uma atividade com prefeitas, auspiciada pela Associação de Municípios de Honduras (AMHon).

Junto com todas estas atividades, o mesmo vice-chanceler Torres anunciou, por meio de suas redes sociais, que Tegucigalpa será sede da primeira Cúpula das Juventudes da Celac, em 10, 11 e 12 de setembro próximos.

O mesmo alto funcionário da Chancelaria hondurenha também anunciou que seu país manterá a agenda Birregional da Celac durante a 79° Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realizará de 24 a 26 de setembro em Nova York.

“Vamos ter uma reunião da Celac com a União Europeia, na sequência do que foi a Cúpula Presidencial do ano passado em Bruxelas; também teremos pela primeira vez uma reunião da Celac com a União Africana; será um momento histórico muito importante para ambas as regiões”, informou Torres em um vídeo divulgado no TikTok, Twitter e Facebook.

No encerramento de sua vídeo-alocução, o vice-chanceler informou: “Temos reuniões com países que são aliados estratégicos: da Celac com a China, Turquia e Índia, e teremos outra reunião com a organização de países do Golfo Pérsico”.

Honduras se torna assim um ator destacado para os interesses do Sul Global e das nações que exigem uma mudança de paradigma neste convulso orbe.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Santiago Masetti Jornalista e licenciado em História pela Universidade de Havana. Foi chefe editorial da revista internacional Correo del Alba (La Paz, Bolívia), redator da Agência Jornalística de Buenos Aires (Agepeba) e diretor do Portal do Sul (www.portaldelsur.info). É colaborador do Prensa Latina e do Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE).

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