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Foto: Candice Imbert / Conselho Europeu

Repressão dos EUA contra jornalismo global não pode virar regra, aponta Assange

Durante participação em sessão do Conselho Europeu, Assange fez alerta sobre a perseguição que sofreu dos EUA e os riscos enfrentados atualmente pelo jornalismo no mundo
Irene Castro
El Diário.Es
Madri

Tradução:

Ana Corbisier

“Não estou livre porque o sistema tenha funcionado, e sim por me declarar culpado de fazer jornalismo. Me declarei culpado por buscar informação de uma fonte”. O fundador de WikiLeaks, Julian Assange, rompeu seu silêncio três meses depois de ficar em liberdade e voltar a sua Austrália natal depois de anos encarcerado ou recluso na embaixada do Equador, devido à perseguição judicial nos Estados Unidos pela revelação de documentos classificados por meio desta plataforma. Assange foi convidado pela assembleia parlamentar do Conselho Europeu, que nesta terça-feira (1) debateu uma resolução sobre as implicações de seu caso nos direitos humanos.

Assange começou fazendo um relato de quão duros foram os últimos anos de sua vida, primeiro asilado no Governo de Rafael Correa para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de delitos sexuais, e depois encarcerado em uma prisão de segurança máxima em Londres, onde foi detido em nome dos Estados Unidos, que solicitara sua extradição. Ali permaneceu cinco anos, até que chegou ao acordo para sua libertação com este país, que o acusava de alentar e ajudar o ex-soldado Chelsea Manning a roubar os arquivos militares. Pelas 18 acusações que lhe atribuíam, enfrentava até 175 anos de cárcere.

O comparecimento de Assange foi um libelo pela liberdade de imprensa. “Vejo mais impunidade, mais secretismo, mais represálias por dizer a verdade e mais autocensura”, lamentou o fundador de WikiLeaks, que advertiu que “a repressão transnacional não pode se tornar a norma”, referindo-se à perseguição dos Estados Unidos, que o levou a estar sob a lupa das autoridades de distintos países.

“Os jornalistas não devem ser perseguidos por fazer seu trabalho, o jornalismo é o pilar de nossa sociedade”, disse Assange em um momento de sua intervenção em que provocou o aplauso dos deputados presentes na assembleia parlamentar do Conselho da Europa, onde estão representados 46 países do continente. Assange fez referência aos informadores que morrem em conflitos, entre os quais citou os de Ucrânia e Gaza: “É preocupante que a alienação política e geopolítica das organizações de meios de comunicação faça que não cubram estas vítimas ou que cubram só determinadas vítimas. É uma ruptura da solidariedade jornalística”.

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“Espero que meu testemunho de hoje sirva para destacar os pontos fracos das salvaguardas existentes e ajudar aqueles cujos casos são menos visíveis, mas que são igualmente vulneráveis”, defendeu durante sua intervenção, em que falou de forma pausada e com várias interrupções por pigarros e para beber água.

A viagem de Assange a Estrasburgo foi sua primeira saída da Austrália desde que voltou à terra natal após conseguir o acordo com os Estados Unidos, que implica que não pode pleitear pelo assédio a que foi submetido durante estes 14 anos, quando o WikiLeaks publicou milhares de telegramas diplomáticos com relevante informação que trouxeram à luz irregularidades militares estadunidenses no Iraque e no Afeganistão. Ali começou sua perseguição judicial, que o levou a estar encarcerado durante mais de uma década. Agora, disse, tem que “se readaptar” à vida em liberdade.

Liberdade não significa Justiça para Assange nem fim da perseguição a jornalistas


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Irene Castro

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