Depois de 15 meses de genocídio na Faixa de Gaza e de a agressão da entidade sionista ter se estendido à Síria, ao Iêmen, ao Líbano e ao Irã, levantamos perguntas legítimas: e se a entidade sionista tivesse interrompido a guerra após o assassinato de Ismail Haniyeh, em Teerã? Ou após o assassinato de Sua Eminência Hassan Nasrallah? Ou ainda após o assassinato de Yahya Sinwar? E se a resistência tivesse se rendido?
Se quisermos comparar as coisas somente do ponto de vista humano, é natural e óbvio que haveria menos sofrimento, incluindo menos mártires, feridos e desaparecidos, resultado da brutalidade da ocupação, não do que a resistência fez. Porém, a tragédia se prolongaria indefinidamente caso a resistência se rendesse, e não resolveria a questão humanitária. Do ponto de vista político e militar, a resistência lendária representou uma reviravolta em todo o cenário traçado para o Oriente Médio, pois a entidade sionista fracassou em três opções que, se adotadas, poderiam tê-la feito sair vitoriosa.
Isso confirma que a guerra sionista se tornou um fim em si mesma e um meio para construir o “novo Oriente Médio” — não como a entidade sionista alega, dizendo tratar-se de uma guerra para recuperar prisioneiros sionistas, mas, na verdade, uma guerra para estabelecer a “Grande Entidade Sionista”, concretizar o sonho de expulsar o povo palestino de sua terra e eliminar toda forma de resistência que enfrente o projeto sionista onde quer que esteja.
O fracasso estratégico da entidade sionista começou ao adotar a narrativa estadunidense, que classificou a resistência palestina na Faixa de Gaza como “facções terroristas” e as comparou ao Daesh (ISIS). Esse erro se agravou com a imposição de um cerco total contra a Faixa de Gaza, na suposição de que tal medida mudaria a opinião pública palestina e a faria se voltar contra a resistência.
Consciência palestina
Contudo, o que aconteceu foi o oposto, graças à consciência profunda do povo palestino. A entidade sionista e os países ocidentais tentaram eliminar essa consciência e gastaram bilhões de dólares para isso, mas não conseguiram estabelecer uma liderança alinhada e submissa à agenda sionista em Gaza — como, por exemplo, um governo formado por clãs ou um governo com respaldo árabe, apoiado pela entidade sionista.
O maior erro para a entidade sionista foi confiar exclusivamente na guerra militar, sem se engajar em uma guerra política, falhando em aprender com os próprios erros anteriores e repetindo as falhas das grandes guerras em que se apostou apenas na via militar — como ocorreu com os Estados Unidos em sua guerra contra o Vietnã, quando acreditaram que somente a força militar bastaria para subjugar o Vietnã do Norte; ou como aconteceu com Napoleão, que achava que seu exército, por ter grande capacidade bélica, seria suficiente para derrubar o exército russo…
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Tudo isso confirma que a entidade sionista está cada vez mais distante de seus objetivos e não será capaz de impor uma estratégia de segurança para seu futuro. Sua situação na Faixa de Gaza se complica mais a cada dia, apesar das negociações em andamento, e de a crise se aprofundar ainda mais com o papel desempenhado pelo Iêmen em apoiar Gaza, abrindo um novo front no Mar Vermelho e nos corredores marítimos de importância geoestratégica — algo que a entidade sionista considera seu “fio condutor” de sobrevivência.
Com o crescimento do número de voluntários na resistência palestina, como divulgado recentemente pela inteligência sionista, a entidade sionista passou a entender — apesar de anteriores lições históricas — que nenhuma organização de natureza ideológica pode se render, e que a resistência é uma ideia que nasce com as pessoas, não podendo ser eliminada, tampouco se pode arrancar a ideia de dentro do ser humano.
Edição de texto: Alexandre Rocha