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Conheça Alejandro Vilca, o coletor de lixo negro-indígena eleito deputado pela Frente de Esquerda na Argentina

“Estamos diante de um cenário de polarização dos extremos diante da crise: alguns veem a saída pela direita, mas lugares mostram que a opção da luta da esquerda também alcança as coisas”
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
Jundiaí (SP)

Tradução:

Alejandro Vilca é típico intelectual orgânico. Negro e com ascendência indígena, começou uma faculdade de arquitetura na juventude, mas teve que abandoná-la, como muitos dos trabalhadores que ele representa. Também foi pedreiro, vendedor ambulante e, desde 2006 atua como coletor de resíduos na província de Jujuy no nordeste da Argentina

Quando estava na universidade, entrou em contato com a agrupação de juventude do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), de tradição trotskista e, em 1997, começou sua militância.

Sua primeira candidatura foi em 2011, quando se formou à frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT-U). Ele concorreu ao cargo de governador, obtendo 1,93% dos votos.  

“Estamos diante de um cenário de polarização dos extremos diante da crise: alguns veem a saída pela direita, mas lugares mostram que a opção da luta da esquerda também alcança as coisas”

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Alejandro Vilca é deputado eleito pela Frente de Esquerda na Argentina

Já em 2015, concorreu a deputado provincial, alcançando 7,06% dos votos e esteve muito perto de entrar para a Câmara. Porém foi em 2017 que ele bateu mesmo na trave por muito pouco ficou fora da Câmara de deputados apesar dos 17,74% que alcançou. 

A votação fez com que se tornasse, no entanto, deputado provincial, cargo muito importante para ajudar na denúncia dos atropelos democráticos realizados pelo governador da província, Gerardo Morales, que mantém a líder social Milagro Sala detida desde janeiro de 2016.

“Não vou negar: sempre se aspira a chegar ao Congresso Nacional, sempre se sonha com isso”. Mas nós o víamos como um sonho impossível. Especialmente depois das eleições de junho, onde não nos saímos bem, e ainda por cima denunciamos que eles nos tiraram votos, mas o sistema de justiça alinhado com Morales não concordou e por isso não pudemos renovar os assentos que tínhamos tanto na Legislatura como em diferentes conselhos locais”, diz Alejandro Vilca de San Salvador, como reportado pelo diário argentino Página/12.

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O processo para essa eleição foi tudo menos fácil. As eleições províncias foram antecipadas e a FITU ficou fora da contenda. O cenário mudou com resultado das Primárias do País (as PASO), que apontaram um caminho rumo ao Congresso da Nação.

Depois veio um trabalho estafante. A FITU iniciou o processo eleitoral cada a casa por toda a província. Nas PASO havia apenas cinco escritórios e as reuniões eram realizadas em casas, em galpões, em praças e até mesmo nas calçadas

“Muitas pessoas vieram espontaneamente para apoiar e ajudar. Espalhar a palavra sobre nossas propostas. E algo muito importante: supervisionar. Há cerca de duas mil seções eleitorais em toda a província. Para as PASO não tínhamos mais de quinhentos supervisores, mas agora conseguimos triplicar o número. Isto nos ajudou muito a ‘tomar conta’ dos votos”, explica Vilca.

Paulo Cannabrava Filho Participa de programa da TV Sindical da Argentina

Ainda assim, na internet, é possível encontrar denúncias de que cédulas de Vilca estavam sendo substituídas pelas da PASO (sem validade) e mesmo assim, ele ficou em terceiro lugar na província com 100.202 votos e 25,1% do total de votantes.

“É motivo de orgulho contribuir para este projeto nacional de esquerda a partir do interior, mas há também o desafio de competir pelo segundo lugar na província. Estamos diante de um cenário de polarização dos extremos diante da crise: alguns veem a saída pela direita, mas lugares como Chile, Equador ou Colômbia, onde as massas se expressaram nas ruas para uma mudança profunda, mostram que a opção da luta da esquerda também alcança as coisas. Chegamos a um momento de desafio e expectativa e queremos estar à altura desta circunstância histórica.”

* Com informações do jornal Página/12 e do Esquerda Diário


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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