Conteúdo da página
ToggleO Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado por Getúlio Vargas em 1945 para participar da Constituinte, tinha como objetivo a soberania nacional e o desenvolvimento industrial. Como princípio, o trabalhismo era uma via para o socialismo e, para concretizar essa ideia, a pensava a organização dos trabalhadores em sindicatos e federações. Essa corrente tinha forte inspiração do Labour Party britânico.
Em 1964, disputava com a UDN o lugar de terceira força no Congresso Nacional. Nas eleições gerais de 1965, sairia como segunda força, disputando a hegemonia do PSD, o que possibilitaria aprofundar as reformas de base, iniciadas pelo governo de João Goulart.
O partido, como os demais, eram 14, foi extinto para dar lugar ao bipartidarismo. Vale destacar que suas lideranças tiveram seus direitos políticos cassados, foram presas, perseguidas e obrigadas a um longo exílio.
A partir de 1979, com a Anistia mediatizada, concedida pelo regime militar, as lideranças trabalhistas voltaram ao país e, com a militância que aqui permaneceu, e com a nova geração que lutou contra a ditadura, se uniram para refundar o trabalhismo, relançando a sigla PTB.
Liderados por Leonel Brizola, herdeiro legítimo de Vargas, o trabalhismo renasce já vinculado e com apoio da Internacional Socialista, que era governo nos principais países da Europa. Contudo, uma manobra direta do general Golbery do Couto e Silva fez com que o trabalhismo abortasse o processo e o partido fosse para mãos de seus seguidores.
Num gesto simbólico, Brizola, em prantos, rasga o papel contendo a sigla roubada. Simbólico mesmo. Ali morria o PBT e surgia do PDT, com as mesmas bandeiras do trabalhismo de Vargas como via para o socialismo.
O falso trabalhismo
Hoje esse PTB, que não mais existe como obra se Vargas, Jango e Brizola, está nas mãos, propriedade, de Roberto Jefferson, um egresso dos cárceres por corrupção. Apoiou a farsa eleitoral que levou os militares ao Planalto em 2018, participa da propagação de mentiras emanadas do Palácio para confundir a opinião pública, e está no esquema do continuísmo, a operação para reeleição.
Reprodução
Presidente Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro, Roberto Jefferson.
Vale aqui um parêntesis. Assisti a entrevista de Roberto Jefferson concedida a Augusto Nunes e sua turma no programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan. Difícil avaliar quem se saiu pior. Jornalistas sem dignidade, calaram diante das calamidades ditas pelo pseudo líder.
Sobre o tema:
Beatriz Bissio | Fui testemunha de um sonho: a urgente necessidade de refundar o Trabalhismo
Jefferson disse que o império do mal está no STF, destratando como se fosse um covil de canalhas… disse que Lula não deve participar da eleição, se participar não deve ganhar e se ganhar não deve tomar posse. Como se não bastasse, disse que os que tomaram duas doses da vacina do Butantã estão morrendo. A CPI da Pandemia, que atua no Senado deve terminar em pescoção…
Esses jornalistas deveriam ser processados por deixarem afirmações como essas, que levam dúvidas e aumentam o desespero da população, já angustiada pela falta de vacinas a mais as confusões criadas pelo negativismo dos militares que ocupam o Planalto.
Assista:
Evangélicos bolsonaristas
Jefferson deu notícias que devem preocupar os democratas. Disse que esse partido que leva a sigla de PTB está crescendo com o ingresso em massa de fiéis das igrejas evangélicas neopentecostais.
O programa em toda sua extensão foi um ataque inaceitável à democracia, a todas as instituições do Estado, violação descarada dos princípios consagrados na Constituição. O Judiciário tem que acordar. Liberdade tem limite. Ele prega abertamente a violência.
Se o caminho é esse do enfrentamento, que sejamos nós, os civis, a tomar a iniciativa.
Também os neofacistas
Não bastassem os neopentecostais, a sigla roubada está recebendo também os integralistas. A Frente Integralista Brasileira, presidida por Moisés José Lima, em julho deste ano ingressou em bloco no PTB.
Um bando de picaretas irresponsáveis. Depois de dizer que o governo militar é o responsável pelas mortes pela Covid, entra em um partido que abertamente é dos maiores apoiadores do capitão Bolsonaro e anseia com recebe-lo como candidato às eleições de 2022. Depois de afirmar que o neoliberalismo mata, diz Moisés no sítio do integralismo:
registramos, tragicamente, 200 mil óbitos. Não tenho dúvida de que os “arautos” da negação, os “batedores” da boiada, poderão desqualificar os números, e o farão em desrespeito absoluto das vítimas
Agora entram no partido de Jefferson, que está à disposição de Bolsonaro, seja para que se filie, seja para participar na campanha eleitoral.
Leia também:
Governo bate novo recorde: desemprego avança e já afeta 14 milhões de brasileiros
Plínio Salgado (1895-1875), jornalista e escritor, fundou a Ação Integralista Brasileira em 1932, com intenção de reproduzir no Brasil a saga desenvolvida por Benito Mussolini na Itália entre 1920 e 1945. Em 1938, liderou uma intentona contra Vargas. Com militantes armados atacou o Palácio do Catete, no Rio, onde o presidente dormia com sua família.
Os integralistas inicialmente apoiaram o governo de Vargas, mas logo, ironia do destino, pegaram em armas para derrubá-lo, com a consigna Deus Pátria e Família. A luta do bem contra o mau, sendo o comunismo o pior dos males. Em síntese, a antítese do trabalhismo.
A AIB foi extinta pelo Estado Novo, ressurgiu na redemocratização de 1945 como Partido de Representação Popular, por sua vez extinto com o golpe de 1964 sobreviveria na Arena, Aliança Renovadora Nacional, criada pelos militares, juntamente com o MDB, para simular que no Brasil havia democracia.
Depois de estar espalhado por vários partidos se reorganiza como Frente Integralista Brasileira em 2004. Recupera o símbolo, um sigma no lugar da suástica nazista, a camisa verde no lugar da camisa negra italiana ou marrom dos alemães.
Quer saber mais sobre a origem e a história dos partidos brasileiros? Adquira o livro Governabilidade impossível, de Paulo Cannabrava Filho
Paulo Cannabrava Filho é jornalista e editor da Diálogos do Sul.
Assista na Tv Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram