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ToggleAs sondagens realizadas pelos órgãos de pesquisa considerados sérios indicam que a situação de Bolsonaro se complica mais, a cada dia.
Levantamento realizado pelo Instituto Atlas e publicada pelo jornal Correio Brasiliense mostra que a maioria dos brasileiros considera que o governo de Jair Messias Bolsonaro tem envolvimento com corrupção e apoia seu impeachment.
De acordo com esse levantamento, para 54,3% dos brasileiros o governo federal está envolvido com corrupção na compra das vacinas para imunizar a população contra a Covid19.
Apenas 35,4% acreditam que o Presidente da República é inocente. Veja-se que o desgaste de Bolsonaro é evidente. Ainda assim, ele mostra alguma força em seus apoios.
Confira na TV Diálogos do Sul:
Nessa mesma esteira, 55,4% da população apoia seu impeachment enquanto 40% é contra.
Agressão a governadores
No relacionamento com os governadores dos Estados, Bolsonaro foi para o destempero e para as agressões. Com isso se isolou, permitindo que os Estados Unidos e a França, por exemplo, abrissem canais de diálogos diretos com os governadores.
Ou seja, até os Estados Unidos isolam Bolsonaro, que optou por não liderar o combate à pandemia e os processos de vacinação, perdeu protagonismo e caiu em uma situação inusitada, ridícula para o mandatário do Brasil.
Eleições de 2022
Nos debates (?) travados sobre as eleições de 2022, Bolsonaro “deu tiro no pé” ao defender votos impressos, substituindo a urna eletrônica. Mais uma vez escolheu a opção desqualificada de acusar os processos eleitorais por fraudes, com o emprego das urnas eletrônicas.
Ou seja, acusa o processo pelo qual foi eleito Presidente da República e seus filhos — um Senador, outro Deputado Estadual e terceiro vereador.
Pretendia o emprego de urnas com votos impressos e depois contagem dos votos, urna por urna.
Com essa postura, acusando sem apresentar provas, entrou em conflito com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não obtendo sucesso em suas pretensões.
Mobilizou seus apoiadores para irem às ruas e teve apoio, possivelmente entre aqueles que somam os 30% que ainda acreditam em seu governo e em sua honestidade de princípios.
Esses também devem ser os participantes em suas “Motociatas”, realizadas para manter mobilizada sua base eleitoral.
Tais manifestações, promovidas pelos governistas, buscam a animação de suas bases eleitorais e servem para divulgação, por meios de redes sociais e “fake news”.
As aglomerações são promovidas sem respeito à legislação e antecipando o processo eleitoral que já colocam como fraude.
Palácio do Planalto
As pesquisas indicam que a situação de Bolsonaro se complica cada dia mais.
Em verdade, Jair Messias Bolsonaro tem escolhido os caminhos de confrontos com todos os setores das instituições, querendo aparecer como rebelde, anti-institucional. Com isso, atende alguns dos seus seguidores, contudo, abre enormes brechas para seu descrédito.
Marielle Franco
Sobre a cabeça de Bolsonaro ainda estão diversas suspeitas de envolvimento familiar no assassinato da vereadora e líder popular Marielle Franco e seu assessor Anderson Gomes.
Isso sem falar no suposto envolvimento dele e de seus familiares nos casos das “rachadinhas”, envolvendo, supostamente, o gabinete de seu mandato como Deputado Federal e dos seus filhos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Assembleia Legislativa do Estado.
Daí o fato de as pessoas se referirem à família de Bolsonaro como “familícia”, ou seja, família envolvida com as milícias.
Enfim, para um governante que foi eleito com o discurso de que combateria a corrupção, tais acusações o alcançam no âmago, verdadeiros “socos no fígado”.
Combate à pandemia
No caso do combate à pandemia causada pela covid-19, Bolsonaro preferiu apoiar o “kit prevenção” composto por diversos medicamentos que não têm eficácia no caso dessa doença.
Ao invés de investir na busca de vacinas, preferiu entrar no embate contra o governador do Estado de São Paulo, João Dória, que ficou como o “dono da vacina”, ao colocar todo seu empenho no Instituto Butantã, na produção da Coronavac e no desenvolvimento de outras pesquisas correlatas. Neste caso, Bolsonaro optou pelo confronto e saiu perdendo, mais uma vez.
CPI do genocídio
Enquanto se desdobram todos esses acontecimentos, o governo federal enfrenta a CPI da Pandemia, ou CPI do genocídio, no Senado, que aborda a crise na saúde ocasionada com a pandemia e todas as suas consequências.
Nesta semana, a CPI retomou suas atividades com toda força.
Há quem diga que o assunto não é buscar e confirmar o genocídio, mas os esclarecimentos de “crime lesa humanidade”. Será necessário verificar se os fatos a serem apurados colocarão mais elementos que estimulem reações e mobilizações contra o governo federal. Daí os desdobramentos têm importância na programação da CPI.
“Meu Exército”
Foi negativa a atitude de Bolsonaro de tentar envolver as Forças Armadas, especialmente o Exército, que ele chama de “meu Exército”.
Tais tentativas de envolvimento geraram alguma reação por parte de militares sérios que exigem o cumprimento dos compromissos constitucionais. Daí, aplicar um auto-golpe por Bolsonaro fica extremamente difícil.
Liberdade a Paulo Galo
Ainda assim, há a perseguição contra Paulo Galo, o trabalhador que foi preso pelo incêndio contra a estátua de Borba Gato.
Saiba mais: Fogo no Borba Gato: parte da esquerda está disposta a negociar nossos corpos em troca de votos
A Justiça de São Paulo se nega a conceder liberdade para o ativista que mostrou indignação pelas homenagens prestadas à elite colonial que tinha seus capatazes, representados por bandeirantes.
Nas cordas
Por todos esses motivos, a situação de Bolsonaro o coloca nas “cordas do ringue”, como se fosse uma luta em tablados.
Mas ainda não suficiente para derrubar seu governo. Somente a mobilização das ruas, das bases, será capaz de manter a correlação de forças, neste momento francamente favorável para as esquerdas.
O governo e seu governante mor estão colocados nus e envergonham as pessoas dignas que vivem nesta Pátria Amada Brasil.
* Claúdio di Mauro é geógrafo, ex-prefeito de Rio Claro (SP) e colaborador da Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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