Segundo informações fidedignas da imprensa brasileira, a nota dos militares encabeçada pelo ministro da Defesa Braga Netto e endossada pelos três comandantes militares, do Exército, Marinha e Aeronáutica, foi discutida, engendrada e parida no seio orgânico do Palácio do Planalto.
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O encontro ocorreu um dia antes da nota, que iria ser emitida com críticas ao senador Omar Aziz, que preside a CPI da Covid, e que bravamente a conduz com legitimidade, coragem e desprendimento, como forma de informar à nação o desrespeito com os recursos públicos.
A reunião convocada com outra pauta, escondia o medo das ruas e, em vídeos das últimas manifestações anti-Bolsonaro iam, entre conchavos e conspirações, acertando o alinhamento dos comandantes das Forças Armadas com o rebelde expulso do Exército, capitão Bolsonaro, que vem repetindo sucessivamente, que dependendo do resultado eleitoral de 2022, não aceitará democrática e constitucionalmente o resultado soberano emanado das urnas com a vontade do povo brasileiro.
Instituto João Goulart
Jair Bolsonaro ilustração
O vídeo exibido, pasmem, levanta os mesmos cacoetes usados em 1961 e em 1964, pregando que as manifestações que vêm ocorrendo são para implantar o fantasma do “comunismo” no Brasil.
Ora, usando palavras daqueles que defendiam e defendem a Ditadura, “as favas com os escrúpulos”, com o desrespeito da ordem constitucional, da ordem democrática, da lealdade com a legalidade.
Chegou a hora de nossos militares olharem pelo Brasil e não se posicionar com o mesmo cacoete de sessenta anos atrás, argumento vetusto, indigno, de ignorantes históricos, que não têm na memória o sofrimento do povo brasileiro durante 21 anos de Ditadura, autoritarismo e obscurantismo, que a prepotência legou à nação brasileira.
Estão defendendo um Jânio Quadros de baixa patente, um louco que prega a tortura, que defende milícias, que não tem uma sequer atitude de compaixão com mais de meio milhão de mortos na pandemia, tampouco com os milhões de recuperados com sequelas.
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Estão nossas Forças Armadas defendendo um golpe de Estado? Ou os senhores comandantes não conhecem a História?
Apoiando um possível golpe, ameaçado todos os dias por Bolsonaro que diz estar apoiado pelas Forças Armadas… É isso que é defesa da democracia?
Incentivando milícias fascistas, coisa em que as Forças Armadas não podem se transformar, esse incentivo ao aparelhamento de política sectária.
É interessante alguns trechos da nota do ministro da Defesa e seus comandados:
“As Forças Armadas não aceitarão, qualquer ataque leviano as instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.
A que democracia se referem, intrometendo-se em uma CPI, legalmente constituída sob a égide constitucional? Uma ameaça a democracia é o que a nota representa. Não sei se os senhores comandantes, do Exército, general Paulo Sergio, da Marinha, almirante Almir Santos, e da Força Aérea, Carlos Baptista Junior, conhecem esta parte de uma nota golpista de seus pares sessenta anos atrás:
“Na Presidência da República, em regime que atribui ampla autoridade de poder pessoal ao Chefe da Nação, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem dúvida, no mais evidente incentivo a todos aqueles que desejam ver o país mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil. As próprias Forças Armadas, infiltradas e domesticadas, transformar-se-iam, como tem acontecido noutros países, em simples milícias comunistas.”
Esta é outra nota, de vossos pares em defesa da “democracia”, quando três ministros militares de Jânio Quadros, Almirante Sylvio Heck, da Marinha, Odylio Denys, da Guerra e o brigadeiro Gabriel Grum Moss, da Aeronáutica, queriam impedir a posse constitucional do vice-presidente eleito, através da força, da desestabilização democrática, como indicava a Constituição que haviam jurado defender.
Senhores militares, respeitem o povo brasileiro e sua inteligência, respeitem a Constituição, pois o povo já conhece o velho e surrado argumento do “perigo comunista”.
Sejam nacionalistas e defendam a seriedade democrática, a seriedade eleitoral, recuperem-se historicamente e dos 21 anos de desastre ditatorial que impuseram ao Basil.
Fiquem ao lado do povo.
João Vicente Goulart, Filósofo, poeta e escritor. Autor dos livros “Entre Anjos e Demônios, poemas do exílio” e “Jango e eu: memórias de um exílio sem volta”, este foi finalista do prêmio de literatura Jabuti na categoria Biografia. Preside o Instituto João Goulart desde 2004.
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