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Corrida eleitoral nos EUA e no Brasil: o segredo é não perder um só dia as manchetes

O governo pauta a mídia e a mídia pauta a mídia. O que é manchete no estadunidense The New York Times é também no francês Le Figaro, etc
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Até que ponto a Covid de Donald Trump não é a facada em Jair Bolsonaro? 

Valentão, Trump deixou o hospital depreciando o vírus, como se  dissesse: “é inofensivo, vai para a rua”. Com isso, Trump se mantém no centro das machetes. 

Aqui, todos os canais focalizaram a porta do hospital de onde sairia o deus. Só um deus pra merecer tanta atenção. Tal como lá, aqui o capitão utiliza as redes de televisão e a mídia impressa para só falar dele.

A técnica é não perder, um só dia, as manchetes em todos os meios, sejam escritos, eletrônicos ou virtuais. O governo pauta a mídia e a mídia pauta a mídia. Impressionante. 

Pensamento único

O que é manchete no estadunidense The New York Times é também no francês Le Figaro, no alemão Der Spigel, no italiano Corrieri de la Sera, e no Correio Brasiliense ou no O Globo. 

Quando a notícia é realmente importante, é natural que seja reproduzida, o que não é natural é que se tenha o mesmo enfoque em toda parte. 

O governo pauta a mídia e a mídia pauta a mídia. O que é manchete no estadunidense The New York Times é também no francês Le Figaro, etc

Pixabay
Pensamento único se impôs nas Redações do mundo todo

As megas corporações financeiras, com mais trilhões do que o PIB mundial, em suas burras, indiretamente, controlam hoje todas as atividades humanas, seja de produção, de serviço, científica, cultural ou religiosa.

Escapam as micro e pequenas produtoras ou prestadoras de serviço e o trabalho artístico e artesanal independente. Com raras exceções, escapam atividades governamentais de governos que conquistaram independência — claro que estamos falando do mundo Ocidental e Cristão hegemonizado pelos Estados Unidos.

Disputa eleitora sem disputa

O Brasil e os Estados Unidos iniciaram suas campanhas eleitorais nesse cenário. Cada um a seu modo, com um sistema político de perpetuação do status quo, ou seja, com o objetivo de garantir o poder das elites dominantes. 

Tanto lá como aqui as elites, foram repentina e surpresivamente afastadas por forças adventícias. 

O que antes era um jogo político é hoje uma guerra cultural cibernética.

Os presidentes dos EUA

O sistema eleitoral nos Estados Unidos foi criado pelos chamados pais da pátria — aquele que fundaram a o Estado independente da Inglaterra — para nunca permitir a chegada de um adventício. 

Ser rico é fundamental mas, não basta só ser rico, tem que ser “da turma”. Não pode mudar uma vírgula daquilo que está estabelecido.

Por séculos foi assim e por mais de 100 anos no epicentro do comando desse sistema esteve o clã Rockefeller, rodeado pelos mais poderosos grupos empresariais, reunidos em instituições como o Conselho de Relações Exteriores (CFR), grupo de Bildeberg, Trilateral, Santa Fé, etc. 

Esse domínio, quase absoluto, começou a mudar a partir dos governos de Ronald Reagan, nos EUA, e Margaret Tatcher, na Inglaterra, período que ficou conhecido como reaganomics e se institucionalizou a partir dos anos 1980, com o Consenso de Washington. A partir daí, o capital financeiro se impõe. 

A hegemonia do pensamento único imposta pelo capital financeiro produziu um número de enorme de novos ricos, seja por meio da produção de novas tecnologias, com Bill Gates, por exemplo, ou na especulação financeira, com George Soros.

O confronto entre as forças tradicionais, herdeiras dos fundadores, e os novos ricos da globalização produziu um vácuo que foi aproveitado por oportunistas sedentos de poder, arautos da teoria do caos. O caos é necessário para que eles dominem o mundo.

Donald Trump foi colocado na presidência por essa turma. Sua eleição foi uma farsa. Os americanos sabem disso, não admitem por vergonha. 

A imagem de maior democracia do mundo tem que ser preservada. Democracia de fancaria. Para eles, a única verdade é a da total liberdade do dinheiro.

Veja com que prepotência Trump diz que só aceita um resultado nas eleições em que disputa a reeleição. E o pior é que ele tem condições de fazê-lo. 

O voto popular não elege ninguém, quem elege é o Colégio Eleitoral. Assim mesmo, ainda pode o presidente dispor da Suprema Corte para impor sua continuidade. Típico golpe de Estado.

O espetáculo já começou e teve como primeiro ato baixar em um hospital, supostamente contaminado pela Covid 19. Tudo na hora certa.


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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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