Bogotá foi o palco principal de uma nova jornada de luta nacional. Convocadas por demandas econômicas e sociais, dezenas de milhares voltaram para protestar contra a repressão policial e a brutalidade. Houve bloqueios de ruas em vários pontos da cidade e uma grande mobilização convergiu para a Plaza de Bolívar, no centro histórico da capital colombiana.
Milhares de jovens manifestaram mais uma vez sua indignação com a impunidade com que agem as forças repressivas apoiadas pelo governo de Iván Duque, que lhes garante a impunidade e os incentiva à repressão, como se pôde constatar em um tweet do ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo: “Vândalos destroem e entram com violência em uma instituição financeira no centro de Bogotá, o que obriga a intervenção do Esmad (Esquadrão Móvel Antidistúrbios) da Polícia para restaurar a ordem”.
Por sua vez, a prefeita da cidade, que tenta passar uma imagem progressista e se diz contra o uso da força nas manifestações, justificou a repressão destacando que seu governo “respeita a mobilização pacífica, mas não admite nenhum ato de vandalismo nem violência”. Como resultado de um acontecimento pouco claro (as imagens mostram homens encapuzados), ela permitiu a intervenção do odiado Esmad, que além dos gases, prendeu indiscriminadamente os manifestantes.
Atacaron primero a los que estaban en batucada y celebrando, que a los que atacaron el banco Caja Social. Ni un solo detenido en ese lugar, pero durante las manifestaciones detuvieron a más de 50 personas que se movilizaba pacíficamente y aún 13 están retenidas #ParoNacional21S pic.twitter.com/9KrxjQKjOZ
— David. (@DonIzquierdo_) September 22, 2020
Claudia López Hernández, do partido Alianza Verde, assumiu o governo da capital colombiana em janeiro deste ano. Embora seja adversária do governo neoliberal e repressivo de Duque, ela é parte ativa e fundamental de uma grande campanha que visa dividir os manifestantes entre “violentos” e “pacíficos”.
Esquerda Diário
Colombianos manifestaram mais uma vez sua indignação com a impunidade
Procuram semear a falsa ideia de que a polícia age diante dos atos de violência, quando na verdade é a desculpa (muitas vezes causada pela infiltração da polícia ou dos serviços de inteligência nas marchas) para reprimir os movimentos sociais.
Também escondem que a polícia e outras forças repressivas são resultado direto da gestão pró-para-narco-militar do ex-presidente Álvaro Uribe, e da embaixada dos Estados Unidos no âmbito do Plano Colômbia de repressão interna – não só das FARC, recentemente dissolvidas – mas também de qualquer movimento de protesto, seja ele sindical, ambientalista, camponês, estudantil, etc.
O prefeito Jorge Iván Ospina, também de Alianza Verde, tentou fazer o mesmo em Cali, promovendo uma marcha “Pela Vida” para desviar o objetivo do movimento que os jovens deixaram bem claro durante o recente surto social quando desataram a ira contra dezenas de postos policiais (CAI). Para isso, os “progressistas” contam com a ajuda inestimável de muitos burocratas sindicais e outras organizações sociais.
O protesto desta segunda-feira em todo o país fez parte da Greve Nacional 21S e incluiu bloqueios de estradas e marchas em outras cidades como a citada em Cali ou Medellín, onde o próprio exército saiu às ruas para intimidar a mobilização e a polícia voltou para reprimir.
Alerta en Medellín! El ESMAD empieza a reprimir las protestas pacíficas. Algunos gritan “no corran”, para que no se genere temor y a su vez, terrorismo de Estado. #ParoNacional21S pic.twitter.com/2J3H8QEyQ0
— David. (@DonIzquierdo_) September 22, 2020
O país vive semanas de crise social que começaram em 9 de setembro, após o brutal assassinato de Javier Ordóñez pelas mãos da polícia. Ordóñez morreu em uma clínica de Bogotá depois de ser submetido a vários tiros com pistolas Tasers durante sua prisão e ser agredido dentro de uma delegacia. O movimento desencadeado por tal assassinato também mostrou a raiva que vem se acumulando no país há muito tempo.
Iván Duque apoiou abertamente as forças repressivas que, além de gases, balas de borracha, pás, prisões e bombas paralisantes, dispararam contra os manifestantes, matando 13 jovens.
Diego Dalai | Esquerda Diário
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também