Apesar dos vários desentendimentos do atual governo com outros países, o Brasil ainda deverá ter acesso a ajudas importantes para lidar com problemas provocados pela pandemia da Covid-19, afirma especialista ouvida pela Sputnik.
Com números crescentes de infectados e mortos pela Covid-19, o Brasil também vê sua economia cada vez mais afetada pelo novo coronavírus, sendo constantemente apontado por especialistas como um dos países que mais devem sentir o impacto da pandemia.
Nesse cenário, a cooperação com parceiros, seja de forma bilateral ou por meio de blocos, tem sido apontada como determinante para ajudar na recuperação da economia brasileira no pós-crise. Mas até que ponto desentendimentos recentes, no âmbito do Mercosul e do BRICS, por exemplo, podem atrapalhar essas parcerias?
'Apesar de ruídos', embaixador diz que China está pronta para aumentar cooperação com Brasil
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Desde o início da administração de Jair Bolsonaro, o Brasil já se envolveu em inúmeras polêmicas com parceiros de destaque, gerando preocupações entre empresários sobre uma possível perda de mercados importantes para o país. Entre esses, destacam-se tensões recentes com a vizinha Argentina e também com a poderosa China.
Presidente argentino @alferdez critica colega brasileiro @jairbolsonaro e faz um sério alerta sobre o futuro do Mercosul
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Para a professora de Relações Internacionais do Ibmec-SP Daniela Alves, apesar dos diversos choques gerados pela diplomacia brasileira nos últimos meses, esses desentendimentos não são exclusivos do Brasil e não necessariamente impedem a cooperação entre os países.
“Para além das percepções ideológicas, o que também existe nas relações internacionais é uma atuação técnica e institucional. Ou seja, isso não deve ser visto apenas sob o prisma de um presidente ou de um ministro. Tem todo um arcabouço muito mais diversificado quando a gente está falando de relações internacionais”, afirma em entrevista à Sputnik Brasil.
Sputnik / Aleksei Drujinin
Desde o início da administração de Jair Bolsonaro, o Brasil já se envolveu em inúmeras polêmicas com parceiros de destaque.
Segundo Alves, que é pesquisadora responsável pela linha de Saúde e Relações Internacionais do Laboratório de Bioética e Ética na Ciência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, mesmo com essas tensões, as ajudas entre o Brasil e outros países no contexto da pandemia seguem acontecendo.
No âmbito do Mercosul, a despeito dos mal-entendidos com a Argentina, a especialista destaca que foram aprovados US$ 16 milhões para um projeto já existente que envolve a aplicação de tecnologias na área da saúde, devendo este valor ser totalmente investido em esforços de combate à Covid-19.
“Esse projeto é desenvolvido por uma rede de instituições de grande prestígio nos países-membros do Mercosul, como é o caso da Fiocruz no Brasil. E a Fiocruz tem um papel muito importante na política externa brasileira há muitos anos.”
Na União Europeia, bloco com o qual o governo Bolsonaro também teve problemas por conta de visões opostas em relação ao meio ambiente, também estão disponibilizando fundos para a América Latina, incluindo Brasil e Venezuela, que têm lideranças altamente contestadas pelos europeus.
“O bloco europeu segue a linha de que não será possível enfrentar essa pandemia de forma isolada, mas sendo necessário também direcionar todos os recursos possíveis para outros países”, explica.
Banco do BRICS alocará US$ 15 bi para recuperação da economia dos países membros após pandemia
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No caso dos BRICS, embora a China, mais rica do grupo e segunda maior potência mundial, tenha sido alvo de inúmeros ataques por parte de autoridades da atual administração brasileira, conseguiu-se aprovar um importante programa de assistência emergencial para a luta contra o novo coronavírus, e “o Brasil poderá acessar esse fundo mesmo com os últimos entraves diplomáticos que ocorreram”.
“Mas também há fundos em diversos outros organismos multilaterais e bilaterais que estão sendo disponibilizados. E o critério para acessar esses fundos nunca será qual é a linha ideológica de um governo. Os critérios são sempre técnicos e, certamente, serão ainda mais rígidos, já que os recursos estão ainda mais escassos.”
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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