A revista estadunidense Newsweek destaca hoje o aporte de Cuba ao enfrentamento global à pandemia do Covid-19 apesar do bloqueio dos Estados Unidos.
Cuba usa a “droga maravilhosa” para combater o novo coronavírus em todo o mundo apesar das sanções de Washington, assinala um amplo artigo assinado por Tom O’Connor, que valoriza os êxitos da ilha e seu aporte ao mundo nestes momentos de crise, apesar das estritas sanções.
A droga, chamada Interferon Alfa-2B Recombinante (IFNrec), foi desenvolvida conjuntamente por cientistas de Cuba e da China, onde o brote da doença do coronavírus Covid-19 surgiu pela primeira vez no fim do ano passado, informa a publicação.
O artigo indica que Cuba utilizou pela primeira vez técnicas avançadas de interferon para tratar a dengue nos anos 1980 e posteriormente teve sucesso em sua utilização para combater o HIV, o vírus do papiloma humano, a hepatite B, a hepatite C e outras doenças.
O uso do Interferon Alfa-2B Recombinante “previne o agravamento e as complicações nos pacientes que chegam a essa etapa que, em última instância, pode resultar na morte”, disse à publicação o especialista cubano em biotecnologia Luis Herrera Martínez.
aepet.org
Cuba usa a "droga maravilhosa" para combater o novo coronavírus em todo o mundo apesar das sanções de Washington
Um recente artigo no Blog da Universidade de Yale, escrito por Helen Yaffe, da Universidade de Glasgow, qualificou o medicamento cubano como uma potencial “droga maravilha” contra o novo coronavírus.
Yaffe disse à Newsweek que sabia de pelo menos 15 países que contataram Cuba para solicitar a droga, junto com “prefeitos e diretores de hospitais que estão ansiosos para conseguir o antiviral cubano para enfrentar a crise”.
O Interferon Alfa-2B Recombinante não foi aprovado para tratar a pandemia, mas demonstrou ser efetivo contra vírus similares.
No entanto, denuncia a publicação, os ambiciosos esforços de Cuba contra a pandemia encontram obstáculos nas sanções impostas por Washington durante décadas, que um funcionário cubano descreveu à Newsweek como “o principal obstáculo não só para responder a crises sanitárias como a do Covid-19, mas sim para o desenvolvimento do país em qualquer área”.
Apesar de o Departamento de Estado dizer que oferecerá ajuda aos países sancionados que se enfrentam a este coronavírus, mencionando repetidamente o Irã e a Coreia do Norte, não menciona Cuba em declarações recentes, informa a Newsweek.
A publicação menciona pressões da Casa Branca contra a ilha em meio à pandemia, inclusive acusações de presumidas violações de direitos humanos e outras falsidades rechaçadas pelas autoridades cubanas.
O Ministério de Relações Exteriores cubano rechaça regularmente tais acusações, argumentando que o embargo de Washington foi sim a verdadeira violação do direito internacional e destacando as contribuições humanitárias de Havana, diz a publicação.
“Apesar do bloqueio, os médicos cubanos trabalham em 59 países o mundo, 37 dos quais confirmaram casos de Covid-19”, disse Herrera a Newsweek.
A doença ainda não tem uma verdadeira vacina ou cura, mas Havana, sublinha a publicação, esperava demonstrar sua capacidade para pelo menos aliviar a crise sanitária em escala internacional.
“Além do mais, o mundo pode contar com mais de 29 mil médicos formados em Cuba que, após sua formação na Escola Latino-americana de Medicina e outras faculdades cubanas, farão todo o possível para combater o mal”, disse o funcionário.
Yaffe explicou à Newsweek como “uma pequena ilha caribenha, subdesenvolvida por séculos de colonialismo e imperialismo, e sujeita a sanções punitivas e extraterritoriais por parte dos Estados Unidos durante 60 anos, tem tanto a oferecer ao mundo”.
A administração do presidente Donald Trump busca ajuda da comunidade internacional para combater a doença. Funcionários do Departamento de Estado, segundo se informa, pedem aos receptores de ajuda estrangeira que proporcionem insumos médicos críticos, indica a revista.
No entanto, acentua, Washington rechaçou anteriormente os oferecimentos de Havana para prestar assistência durante emergências nacionais como o furacão Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans e seus arredores em 2005.
O funcionário cubano disse à Newsweek que, até segunda-feira “não foi recebida nenhuma solicitação oficial de ajuda” da Casa Branca em meio à crise atual, e tampouco houve sinais de alívio das sanções apesar das urgentes petições de altos funcionários das Nações Unidas.
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Veja também