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ToggleÀ rádio Canada, um habitante do estado estadunidense do Minnesota afirma que nem sequer coloca a questão: mesmo no caso de ter Covid-19, sem seguro, prefere correr o risco e ficar em casa a ter de ir a um hospital.
Ray Al Zubaydi, na casa dos vintes, estará sem cobertura até ao princípio de abril. Para ajudar pessoas como ele a enfrentar a crise do coronavírus, o governo do estado do Minnesota criou um plano temporário acessível a todos durante um mês.
À rádio Canada, Ray mostra-se prudente e diz que precisa conhecer os detalhes, lembrando que, depois de se passar por um hospital nos EUA, as despesas “podem se acumular rapidamente”. “Só ficamos sabendo o valor da fatura depois de sair”, afirma.
Recentemente, uma reportagem publicada na revista Time destacava que uma paciente sem seguro médico, infectada com Covid-19, foi confrontada com uma fatura de quase 35 mil dólares, no estado de Massachusetts, depois de ter sido testada e tratada num hospital.
É este tipo de cenário que assustou um trabalhador independente do Texas. À reportagem, disse estar seguro de ter tido a doença (febre, fadiga e grande dificuldade em respirar durante 20 dias). Contudo, sem seguro de saúde, nunca lhe passou pela cabeça fazer um teste – algo que, revela a fonte, é comum a outros estadunidenses com os quais entrou em contato.
Mesmo que Washington garanta a gratuitidade do teste, todos temem o valor das despesas médicas acessórias. “Isso assusta-nos, porque é uma dívida da qual a maior parte de nós não conseguiria se livrar”, sublinhou uma residente na Califórnia, também sem seguro.
NPR
As despesas de saúde nos EUA são proibitivas para quem não tem seguro, o que faz aumentar os receios de maior propagação da COVID-19
Ausência de seguro de saúde é obstáculo à despistagem da doença
“A menos que um médico o prescreva, não se pode fazer o teste à Covid-19”, explica a californiana, acrescentando que “muita gente sem cobertura não pode pagar o acesso a uma médico”.
Esta realidade constitui um risco para o conjunto da população num contexto de pandemia, disse Stan Dorn, do Families USA, organismo que defende cuidados de saúde de qualidade com maior cobertura e mais acessíveis.
O responsável alertou que os impactos econômicos desta crise de saúde pública podem agravar os problemas associadas ao seguro médico, uma vez que, nos EUA, “quando as pessoas perdem o emprego, muitas vezes perdem o seguro” que lhe estava vinculado.
Em seu entender, as medidas da administração Trump não são suficientes, porque a multiplicação de demissões e a consequente perda do seguro de saúde podem contribuir para a propagação do vírus. “As doenças não detectadas e espalham-se mais facilmente. A recessão agrava-se, aumenta a perda de postos de trabalho e a epidemia se alastra”, disse Stan Dorn à rádio Canada.
Afirmou ainda que vai analisar o projeto de ajuda negociado pelo Congresso e que espera que os estados aumentem o acesso ao Medicaid, um seguro acessível a pessoas com menos recursos. “A história não é totalmente sombria; há uma parte do problema que nós podemos controlar”, disse.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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