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ToggleEm geral, temos visto desde a Proclamação da República que as Forças Armadas, com especial atenção ao Exército, têm sim moderado e defendido os interesses dos fazendeiros, latifundiários, escravocratas, da burguesia industrial, em seus embates contra as justas reivindicações populares. O exemplo de Antônio Conselheiro serve e é insofismável para essa escolha “moderadora”.
Mesmo que a Constituição da República considere que as propriedades das terras e edificações urbanas e rurais devam exercer funções sociais, às Forças Armadas tem sido dada a responsabilidade de proteger latifúndios e propriedades de especulação urbana e rural. Enquanto isso, os direitos constitucionais de acesso à terra para produzir e habitar são completamente ignorados.
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Para garantir tal subserviência das Forças Armadas, os governos privatizados têm adotado as práticas de se proteger, atribuindo privilégios aos Comandos do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. Tais comandantes compostos por Marechais, Generais, Brigadeiros e Almirantes, todos do oficialato, são regiamente pagos com benefícios pomposos. Supersalários e ocupação de cargos remunerados de governos como forma de complementação de seus soldos são práticas comuns. Não ficam nisso tais benefícios, mas a proteção de seus possíveis crimes, ainda que no exercício de funções que são civis, ficam na tentativa do sigilo de 100 anos. Os exemplos de generais como Pazuello, Heleno, Braga Netto, Mourão e Bolsonaro são mostruários de como beneficiar os aliados, seus familiares e defensores das elites econômicas.
Enquanto os altos escalões são atendidos com benefícios e privilégios, as bases das estruturas militares são tratadas com desdenho, apenas como cumpridoras das ordens superiores.
O comportamento coordenado pelas Forças Armadas ficou demonstrado no dia 8 de janeiro, domingo, com as invasões e depredações dos símbolos da democracia. Invadiram, depredaram e roubaram as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Quiseram sim aplicar o golpe contra as instituições para preservar seus interesses de comando e financeiros. Conseguiram em primeiro momento tomar as sedes dos Poderes Constitucionais. Depredaram o que foi possível para demonstrar a força de um grupo articulado com os setores militares que não atuaram para cumprir suas funções de defesa, nem mesmo do Patrimônio Público.
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A comprovação da participação do que chamam de Poder Moderador foi demonstrada pela passividade adotada pelos militares que estavam de plantão e que até mesmo fizeram proteção e estimularam o avanço dos setores golpistas contra a Praça dos Três Poderes. Também as invasões das sedes dos Poderes foram facilitadas por militares que deveriam trabalhar para proteger e impedir a depredação do patrimônio público. Raros foram os profissionais militares que tentaram de alguma forma defender os prédios submetidos aos ataques terroristas.
Exército Brasileiro
Que a Constituição deixe absolutamente cristalino… AS FORÇAS ARMADAS NÃO SÃO PODER MODERADOR
Infiltrados?
Não demorou para os “guardiões de araque”, o tal “poder moderador”, acusar que as depredações foram causadas por infiltrados. Sempre querem transferir as culpas para outrem. Eles seriam sempre os “santinhos da história”. Vergonha! É possível mesmo que os próprios “poderes moderadores” tenham infiltrado setores milicianos, com os quais convivem para a prática dos crimes de depredação e roubos de patrimônios públicos.
O fato de que em frente às áreas sob jurisdição do Exército em Brasília houvesse convívio entre mulheres e familiares de oficiais das FFAA, de criminosos como aquele que instalou uma bomba em caminhão carregado de querosene, localizado nas proximidades do aeroporto de Brasília, demonstram com todas as forças a conivência militar e o convívio articulado com tais criminosos.
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A falta de ação concreta dos militares para desmontar manifestações contrarrevolucionárias, com demandas golpistas e inconstitucionais, foram sustentadas pela informação de que havia militares e seus familiares fazendo parte das manifestações que diziam ser “pacíficas”. Pacíficas até que se descobriu a tentativa de explosão do caminhão e também as depredações feitas nas sedes dos Três Poderes da República. Mesmo antes, no dia da Diplomação do Presidente Lula, os golpistas protegidos por militares de alto escalão ofereceram um “aperitivo” de suas capacidades de ação, sem punições. Sim, também com conivência do governo do Distrito Federal.
Mesmo assim, as demandas apresentadas pelos “movimentos pacíficos” agiam de maneira ilegal, inconstitucional ao pedir golpe militar, a derrubada da democracia. Apenas isso já seria suficiente para que as FFAA tivessem limpado as áreas sob suas jurisdições. Mas, ao contrário, militares graduados e seus familiares visitavam os locais e ficaram alojados entre os manifestantes. Já tinham preparadas etapas de legislação para dar cumprimento ao golpe contra o Estado. Decreto, elaborado e com o OK de Bolsonaro, foram aprendidos na casa do anterior Ministro da Justiça.
Não há dúvidas sobre o que planejavam para o Brasil, ou seja, um governo de militares que se pensam e se colocam da maneira que nunca foram… o poder moderador. Que a Constituição deixe absolutamente cristalino… AS FORÇAS ARMADAS NÃO SÃO PODER MODERADOR. Seus cargos não são ocupados por pessoas eleitas pela cidadania. Que voltem para suas importantes missões estabelecidas pela Constituição do Brasil.
Ficou estampada a participação dos Altos Comandos das FFAA nos atos terroristas de 8 de janeiro. Não existe possibilidade de um governo democrático conviver com profissionais dotados desses interesses golpistas. Assim é que cabe ao atual governo mandar para a reserva os altos escalões, das FFAA, seja do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. Renovar esses comandos torna-se indispensável. Dar aos setores colocados em situação de inferioridade nas FFAA perspectiva de futuro, com base em projeção justa de carreira.
O Governo do Presidente Lula ganhou credibilidade com suas ações dentro dos critérios democráticos e tem autoridade para colocar esses arrogantes altos comandos das FFAA em seus devidos lugares. Nada de negociar com golpistas, alimentadores de terroristas. E, sem anistia para essa “trempe maligna”.
Cláudio Di Mauro | Geógrafo e colaborador da Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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