Conteúdo da página
ToggleA grande contradição de nossos tempos é como, apesar da globalização, o acesso à informação e aos sistema de comunicação eficientes e acessíveis, os povos se encerram na proteção de seu entorno cotidiano e, de maneira progressiva e com profundo ceticismo, vão perdendo a capacidade de reflexão e análise.
Talvez esta seja uma das consequências da degradação ética e moral das organizações políticas, mas sobretudo é resultado das estratégias de inteligência impostas desde o estrangeiro, cujo objetivo é entorpecer a participação popular em decisões que lhe competem e centralizá-las em função de outros interesses.
Desde o século passado, a eliminação de líderes carismáticos e comprometidos com o desenvolvimento de seus povos foi ganhando impulso nos países latino-americanos ao extremo de cercear os movimentos populares, abrindo passagem às mais cruéis ditaduras e obstaculizando qualquer tentativa de independência de nossos países.
Leia também
Guatemala: O rosto de um país abandonado entregue a uma elite e governo corruptos
Ao mesmo tempo, e enquanto o império estadunidense golpeava a mês para impor seus interesses e os de seus consórcios, os governantes corruptos recebiam prebendas e encontravam abertos os cofres dos bancos do primeiro mundo para depositar neles as riquezas dos povos.
Izquierda en Movimiento
Este massacre lento e progressivo se tem perpetrada graças à eliminação física e moral dos verdadeiros líderes populares
Apatia popular
A capacidade cidadã para intervir na tomada de decisões transcendentais, das quais depende seu presente e seu futuro, foi derivando em uma perigosa apatia que permitiu o traspaso de bens públicos para grupos empresariais que enriqueceram de maneira grotesca com sua exploração.
Leia também
Guatemala: Os políticos, os militares e os empresários são os protagonistas das barbáries
Desse modo, se consolidaram tanto a debilidade dos Estados como o poder dos grupos econômicos, favorecidos graças à sua influência nos âmbitos político e judiciário.
A partir disso, todas as políticas públicas se associaram a novos sistemas e, sob a consigna de um novo modo de conceber o desenvolvimento – um neoliberalismo tropicalizado – perderam terrenos a educação, os sistemas de saúde pública e as iniciativas de proteção do território e das suas riquezas.
Este novo modelo tem tentado apagar – com métodos violentos e também solapados – a chispa de resistência que ainda brilha em alguns povos do continente.
Muitos dos governos, instalados no poder por obra e graça dos fundos recebidos daqueles que se têm beneficiado da corrupção e do crime organizado, têm regido nossos países de maneira ilegítima embora legal – graças à manipulação legislativa – e terminaram por degradar até a própria ideia de uma democracia real, participativa e inclusiva.
Somos filhos da guerra
De uma guerra cruel e solapada que tem condenado os dois terços da população de nosso continente a uma miséria injusta, à desnutrição crônica e à perda de sua dignidade humana.
Este massacre lento e progressivo se tem perpetrada graças à eliminação física e moral dos verdadeiros líderes popularestáticas de desinformação e desprestígio elaboradas e divulgadas por aqueles que se apropriaram de nossas terras e de nossas vidas.
Leia também
Guatemala: Todas as dores de um país e de um povo honesto, honrado e trabalhador
Os discursos populistas das campanhas que hoje culminam com eleições de novos líderes em alguns países do continente não mudaram em mais de um século; são os cantos de sereia de um sistema desumanizado cujo poder se consolida a passos agigantados, confiado na certeza de que à cidadania tiraram tudo: o último alento de esperança e o último ímpeto de rebeldia.
O discurso populista não mudou: é a mentira institucionalizada.
Carolina Vásquez Araya, Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na Tv Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram