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Ação humana causa 96% dos incêndios florestais no Chile; 26 pessoas já morreram

Pessoas que perderam seus bens, além de requerer ajuda humanitária, temem ainda a pilhagem e o saque
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Os incêndios florestais no centro-sul do Chile, com mais de 80 focos ativos, continuam sem dar trégua e só em fevereiro somam 217 mil os hectares queimados do total de 290 mil desde o ano passado, prevalecendo a incerteza de quando poderá ser controlada a emergência. Enquanto sequer se aplacam alguns fogos, rapidamente se iniciam outros.  

Nesse momento há 26 vítimas fatais, 3.300 lesionados, 1.800 danificados, 1.500 moradias e 14 escolas rurais destruídas, 145 torres de telecomunicação inabilitadas, entre muitos danos. 

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As comunidades próximas às conflagrações estão em permanente estado de tensão e angústia, pendentes das mensagens de alarme em seus celulares para que evacuem de imediato; só durante a tarde de terça-feira (7), haviam sido emitidos mais de 20 e há dezenas de municípios com “alerta vermelho”. 

Para dimensionar a magnitude da crise, na “temporada” de sinistros que vai desde o 1º de julho de cada ano até o 30 de junho do seguinte, em 22/21 foram queimados 35.600 hectares, e a média anual do último quinquênio foi de 39 mil. 

Uma situação pior que a atual se remonta a 2017, quando em três semanas desde meados de janeiro, no que foi descrito como uma “tormenta de fogo” por sua intensidade e velocidade de propagação, perderam-se 500 mil hectares de plantações florestais, bosques nativos e prados agrícolas.

Pessoas que perderam seus bens, além de requerer ajuda humanitária, temem ainda a pilhagem e o saque

Presidência Chile
Alguns prefeitos das comunidades arrasadas estão solicitando que se aplique o toque de recolher, pois o estado é de exceção e de catástrofe




Fuligem chega a Santiago

A fumaça e as cinzas cobrem as zonas arrasadas e inclusive a fuligem chegou à capital, 600 quilômetros ao norte; os serviços de saúde advertem os riscos que isso implica para o desenvolvimento de doenças bronco-pulmonares ou outras, e instam a não se expor. 

A mão humana como responsável da tragédia está fora de discussão e alcança 96% dos casos, segundo os especialistas, em uma combinação de piromania, maldade e negligência.

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Há 15 detidos por sua presumida responsabilidade, inclusive houve uns surpreendidos com recipientes com combustível em pleno bosque. O governo prometeu perseguir as máximas sanções penais, que vão desde os cinco até os 20 anos de prisão se for provada premeditação. 

Embora por momentos as coisas pareçam melhorar – as temperaturas diminuíram cinco ou seis graus desde os quase 42 centígrados da semana passada, ou porque chegou um avião DC-10 cisterna capaz de lançar 36 mil litros de água em uma passada e a cujas capacidades operativas e perícia da tripulação os chilenos puseram uma esperança quase religiosa, tanto quanto a televisão segue ao vivo seus deslocamentos, descargas e recargas enquanto as pessoas se aglomeram para aplaudir; é certo que haverá outra “onda de calor” que se estenderá desde o centro-sul até Santiago, o que faz com que emitam alertas preventivos. 

As pessoas que perderam seus bens, além de requerer ajuda humanitária, temem a pilhagem e o saque, denunciam a presença de delinquentes fuçando entre os restos ou roubando os animais sobreviventes. Entretanto, alguns prefeitos das comunidades arrasadas estão solicitando que se aplique o toque de recolher, pois o estado é de exceção e de catástrofe e o envio de militares resultaria insuficiente para dar segurança. 

Chegou socorro internacional, incluindo 150 brigadistas mexicanos, também da Argentina e Espanha e se esperam mais. 

Aldo Anfossi | Especial para o La Jornada em Santiago do Chile.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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