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Adeus covid: Cuba imuniza quase 90% da população em seis meses com vacina desenvolvida na ilha

Uma campanha de vacinação intensíssima, com imunizantes desenvolvidos no próprio país, fez a pandemia recuar. Índice de mortes por milhão é quatro vezes menor que no Brasil e três vezes inferior ao dos EUA
Gabriela Leite
Outras Palavras
São Paulo (SP)

Tradução:

Abdala, Mambisa e Soberana Plus não são nomes ouvidos por aí comumente. Trata-se de três vacinas contra a covid criadas, produzidas e aplicadas em Cuba. São parte de uma façanha: a imunização, em seis meses, de 88,6% da população da ilha – índice semelhante aos mais altos do mundo.

Graças a este movimento, um surto da pandemia, iniciado no final de julho, foi rapidamente contido e o país registra um índice total de mortes por milhão muito inferior tanto ao da América Latina quanto ao da maior parte do mundo “desenvolvido”.

O gráfico acima mostra: por muitos meses – do início de 2020 até junho deste ano, Cuba registrou índices muito baixos de mortes por covid, graças provavelmente a seu sistema de saúde pública eficaz. O pior momento começou em julho, quando o país abriu a guarda prematuramente, voltou a receber turistas e permitiu que a variante delta se tornasse dominante.

Uma campanha de vacinação intensíssima, com imunizantes desenvolvidos no próprio país, fez a pandemia recuar. Índice de mortes por milhão é quatro vezes menor que no Brasil e três vezes inferior ao dos EUA

Ramon Espinoza
Idoso recebe uma dose da vacina cubana Abdala em Havana

A tempestade durou até meados de setembro, quando as vacinas começaram a inverter a tendência. A imunização avançou muito rápido: hoje, são 89% da população com ao menos uma dose, e 67% com imunização completa, deixando Cuba à frente de países como Espanha, Chile, Alemanha e Estados Unidos. A média móvel diária de mortes voltou ao patamar de pouco menos de 4 por dia. E o sucesso começa a ser exportado: no dia 7/11, a Venezuela anunciou ter recebido 1,6 milhão de doses da Abdala.

O país prepara-se para reabrir para o turismo sem barreiras sanitárias a partir do próximo dia 15. Maior fonte de divisas fortes para aos cubanos, sua interrupção levou a uma grave crise: de janeiro até outubro, Cuba recebeu apenas 200 mil visitantes – um décimo dos 2 milhões que costuma receber por ano. A impossibilidade de custear importações provocou desabastecimento de vários produtos essenciais.

Mas uma setor farmacêutico importante permite ao país produzir de 60% a 80% de todos os medicamentos que utiliza. Há cinco vacinas em produção, e a Mambisa é uma das poucas no mundo que utiliza tecnologia de spray nasal. A análise dos números da pandemia por lá são mais uma prova de como as vacinas são essenciais para conter a crise sanitária.

Gabriela Leite é editora, designer e produtora audiovisual de Outras Palavras.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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