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Por que ninguém fala sobre o crime dos Estados Unidos contra a Venezuela?

Não há como acessar os recursos e com isso não há como comprar comida ou remédios, e enquanto isso, a população vai vivendo seu calvário
Elaine Tavares
Desacato
Florianópolis

Tradução:

É comum lermos nos jornais ou vermos na televisão que o governo da Venezuela está matando seu povo, visto que falta comida, remédios e segurança. Mas, de fato, se há mortes na Venezuela, e há, os culpados não são os agentes do governo. Desde 2015 que o país está vivendo uma série de ataques e sanções econômicas simplesmente porque o governo dos Estados Unidos não aceita a decisão das urnas, as quais tem mantido na presidência o bolivariano Nicolás Maduro.  Milhões de dólares pertencentes ao povo venezuelano, que estão em bancos fora do país, foram congelados. Não há como acessar os recursos e com isso não há como comprar comida ou remédios.

As acusações contra Maduro são as mesmas de sempre quando os Estados Unidos quer dobrar os joelhos de algum país: não é democrático, é autoritário, tem presos políticos etc…  Ou seja. Mentiras. E, ainda que não fossem mentiras, não justificaria um ataque dessa magnitude. Até porque países como Arábia Saudita e Israel, parceiros queridos dos EUA jamais poderiam ser chamados de democráticos, e ainda assim, não recebem qualquer censura dos estados Unidos. Pelo contrário. São apoiados e fortalecidos.

Isso significa que não é a democracia ou a falta dela o problema. Então, se pensarmos um pouco, vamos ver que a questão da Venezuela está relacionada às riquezas imensas que ela tem e sua decisão de seguir um caminho soberano. Os Estados Unidos podem aceitar tudo, até um facínora como o príncipe saudita, ou assassinos, como os governantes de Israel. Mas, não aceitam de maneira alguma um país que queira caminhar com as própria pernas. Por isso insistem em estrangular economicamente a Venezuela, já que suas tentativas de golpe político não têm dado certo.

Não há como acessar os recursos e com isso não há como comprar comida ou remédios, e enquanto isso, a população vai vivendo seu calvário

Telesur
A Venezuela está sob ataque, uma guerra diferente, mas com efeitos iguais a qualquer outra.

A intenção do império é asfixiar a população venezuelana a tal ponto que as pessoas comecem a querer a queda do governo, para acabar com o sofrimento ao qual estão sendo submetidas. Esse tem sido o discurso dos opositores: derrubem Maduro e a comida volta. Derrubem Maduro e os medicamentos voltam. Na verdade, uma chantagem descarada com a população.

O problema, para os EUA, é que a população venezuelana tem memória e sabe como foi a vida da maioria durante os governos passados, antes da Quinta República, e ninguém quer voltar àquilo. Por isso a resistência. A gente da Venezuela se espelha no povo cubano que desde há 60 aos vem resistindo ao bloqueio criminoso dos Estados Unidos.  A parte bolivariana da Venezuela sabe que entregar o país a velha oligarquia é voltar a tempos de muito terror e submissão. Com Chávez, desde 1998, a maioria da população tem sido protagonista da vida do país, atuando em uníssono e tomando decisões. Isso é inegociável.

Ainda assim, não tem sido fácil enfrentar o terror imposto pelos Estados Unidos. Sem dinheiro para comprar os produtos, o governo fica de mãos amarradas. E precisa contar com a solidariedade de pouquíssimos parceiros. Cuba é um deles. No quesito remédios, o governo da ilha tem sido bastante generoso, inclusive recebendo crianças que precisam de atendimento mais sistemático. Mas, claro que isso não é suficiente. O número de pessoas que precisa de medicamentos na Venezuela não pode ser atendido por ajudas pontuais. Bem como a fome não pode ser contida só com doações internacionais, que são poucas. Isso é um fator importante porque está em jogo a vida mesma.

E enquanto a população vai vivendo seu calvário, imposto não por Maduro, mas pelos Estados Unidos, o mundo segue fazendo campanha pelo retorno da “democracia” ao país. Pessoas fazem novenas, apelam para os santos e distribuem notícias sobre a fome a as mortes como se tudo fosse um ato deliberado de um ditador.

Ora, Nicolás Maduro não é um ditador. Na Venezuela, a burguesia comercial segue firme escondendo produtos, atuando sistematicamente na guerra econômica. Também a mídia comercial segue seu ataque diário contra maduro, contra Chávez, contra o bolivarianismo. Fosse diferente, fosse mesmo uma ditadura, estariam as TVs e os jornais atuando como atuam cotidianamente? Ou estaria livre a marionete dos EUA, Juan Guaidó? Basta apenas utilizar um dos neurônios.

O que há na Venezuela é um governo que tem seus equívocos, seus erros, como qualquer outro, mas que pretende atuar dentro do seu país com soberania, ouvindo seu povo, revertendo prioridades para o uso do dinheiro do petróleo, seu bem maior. E esse é o seu maior pecado, manter o protagonismo das gentes e a independência política.

Essa é a queda de braço. E os Estados Unidos não vão afrouxar. Seguirão roubando o dinheiro do povo venezuelano, impedindo o comércio com o país, incentivando os golpes, apoiando toda a sorte de maldades contra a população. Resta saber se os venezuelanos conseguirão resistir, como os cubanos resistiram ao crucial e terrível período especial. Não é fácil, visto que em momentos de profunda crise, como esse, uma boa parte das pessoas deixa assomar o egoísmo e aí corre solta a corrupção e a traição. De qualquer forma, há uma parcela bastante grande que apoia a proposta bolivariana e que pode superar o terror. Investir no desenvolvimento interno não é tarefa simples, principalmente se os ataques seguirem sem trégua. Mas, tudo pode acontecer.

O mais importante é que o mundo saiba a verdade. A Venezuela está sob ataque, uma guerra diferente, mas com efeitos iguais a qualquer outra. Muita gente está morrendo nos hospitais, sem medicamentos, ou de fome, ou por conta da violência que se desata nas ruas. O ataque é orquestrado pelos Estados Unidos e pelos governos dos países ricos, como os europeus, que estão fazendo o jogo do império, segurando criminosamente o dinheiro do povo venezuelano. Um dinheiro legítimo, resultado da venda do petróleo, de uma riqueza que é da população.

Esse é o crime. Essa é a verdade.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Elaine Tavares Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos,inaugurando o esperado pac

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