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Após convocar novas eleições, Evo nega renúncia e denuncia continuidade do golpe

Ato responde a pedido da OEA: “nós vamos respeitar, mas pedimos que também nos respeitem”, disse o mandatário em entrevista
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

O presidente boliviano, Evo Morales, venceu no primeiro turno as eleições realizadas em 24 de outubro no país, tal como indicam os dados do Tribunal Supremo de Justiça. Ainda assim, o mandatário aceitou renunciar à sua vitória, como informou na manhã deste domingo (10), para encerrar os atos extremamente violentos que estão sendo realizados pela oposição no país.


Isso porque a oposição não reconheceu a derrota eleitoral e passou a exigir segundo turno, depois novas eleições e, por fim, a renúncia de Evo. Ele obteve 47,08% dos votos, diante dos 36,51% de Carlos Meza. Pela lei boliviana, para ganhar no primeiro turno é necessário ter 10% de diferença sobre o segundo candidato ou 50% mais um —.

Diante do cenário de instabilidade nacional, com bloqueios de estradas, agressões físicas a dirigentes do oficialista Movimento ao Socialismo (MAS) e a destruição de estabelecimentos vinculados a movimentos sociais e políticos que apoiam o governo, Evo decidiu atender à recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e chamar novas eleições. Apesar disso, os protestos seguem pelo país.

Ato responde a pedido da OEA: “nós vamos respeitar, mas pedimos que também nos respeitem”, disse o mandatário em entrevista

Ministério da Presidência
Presidente Evo Morales tem denunciado há semanas que seu pa´´ís vive um golpe de Estado

Para falar sobre o tema, o mandatário deu uma entrevista à TeleSUR, na qual reafirma seu compromisso com os bolivianos e diz que não vai renunciar. “Eu tenho um mandato constitucional até de janeiro do próximo ano. Não estamos aceitando isso”, disse.

“Isso é o conspirar da democracia. Golpe de Estado é não reconhecer o resultado que tivemos nas eleições nacionais”, destacou.

Evo denunciou que as ações pelo país são golpistas e traçou uma cronologia dos fatos. Segundo ele, o golpe começou no dia seguinte à votação. Primeiro, os opositores orientaram a militância a queimar as urnas das eleições departamentais, bem como as atas de escrutínio. Então, pediram novos membros para o Supremo Tribunal Eleitoral, o que foi acatado. Logo, disseram que só aceitariam um segundo turno eleitoral, o que estava sujeito ao informe da OEA. Passaram a pedir novas eleições e, agora, querem que Evo renuncie.

Ele destaca o papel importante que o movimento camponês indígena teve para impedir que grupos violentos chegassem a La Paz, onde fica a sede do poder político do país.

Com relação ao apoio internacional a este processo de golpe, Evo destaca que a OEA deveria respeitar e fazer com que se respeitasse internacionalmente o informe da máxima autoridade boliviana.

Para ele, a decisão da OEA foi política. “Nós vamos respeitar, mas pedimos que também nos respeitem” e sobre a comunidade internacional, observou que muitos países o cumprimentaram pela decisão deste domingo. “Alguns se calaram, respeitamos seu direito, mas nós estamos aqui fazendo a democracia prosperar”.

Com relação à polícia, que organizou um motim em Cochabamba, Santa Cruz e Oruro, Evo disse que a Polícia Nacional “abandonou o povo” e que o governo criou a “polícia do povo”, cuja função é “cuidar das pessoas e não abandoná-las”.

Por fim, o mandatário diz que conta com o apoio do Exército, que têm outras obrigações constitucionais no país, como combater o narcotráfico, o contrabando e defender as infraestruturas da indústria e do setor produtivo do país. “Não vamos colocar as Forças Armadas nas ruas”, reiterou.

Horas após a entrevista, as Forças Armadas divulgaram um comunicado em que se colocam como o único setor que tem permissão para portar armas e anuncia que vão realizar operações aéreas e terrestres para “neutralizar grupos armados que estejam atuando fora da lei”.

Assista à ´íntegra da entrevista:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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