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Grupo de Puebla: Unidade, integração, cooperação e agendas legislativas coordenadas

Segundo o ex-presidente Pepe Mujica "Se o mercado segue sendo o governante de nossa época, vamos terminar afogados nas contradições de nossa civilização”
Maylín Vidal
Prensa Latina
Buenos Aires

Tradução:

A um ano de seu nascimento, os líderes progressistas reunidos no Grupo de Puebla apelaram hoje para concatenar forças, trabalhar unidos para enfrentar o futuro buscando um mundo melhor e mais humano. 

Durante mais de duas horas, destacadas figuras da política ibero-americana, ministros, um presidente em exercício, ex-presidentes, ex-chanceleres, ex-candidatos presidenciais e legisladores com uma marcada posição progressista coincidiram em que falta muito por fazer diante do desafio imposto pela etapa pós pandemia. 

Um vírus que fez estalar todas as economias, com efeitos devastadores e que golpeia com grande força a região mais desigual, que arrastava uma grande quantidade de conflitos e indicadores como a desigualdade, a pobreza, economias endividadas, entre outros flagelos.

Segundo o ex-presidente Pepe Mujica "Se o mercado segue sendo o governante de nossa época, vamos terminar afogados nas contradições de nossa civilização”

Prensa Latina
“Desunidos não somos mais que uma folha ao vento”.

Integração latino-americana e agenda 2030

Primeiro fomentar a integração latino-americana para poder construir uma região com igualdade, solidariedade e princípios, e gerar um novo paradigma com modelos de desenvolvimento que vinculem o público ao privado, foi a chave dos participantes na videoconferência. 

Nas palavras de vários oradores, uma crise como a vivida hoje no mundo não havia acontecido ao longo deste século. Por isso se faz necessário o compromisso dos organismos multilaterais e um debate de alto nível para conhecer e trabalhar sobre a agenda 2030 à luz do impacto da pandemia. 

Integração, cooperação e agendas legislativas coordenadas, foram várias das palavras dos que dissertaram, entre eles o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que advogou por políticas cada vez mais globais. 

“Se o mercado segue sendo o governante de nossa época, vamos terminar afogados nas contradições de nossa civilização”, apontou o ex-mandatário uruguaio, após ratificar seu chamado à unidade porque “desunidos não somos mais que uma folha ao vento”.

Uma nova oportunidade

Outro forte apelo exarado no encontro foi o do presidente argentino Alberto Fernández que assinalou que a atual situação da pandemia oferece uma oportunidade da construção de uma sociedade mais justa. 

Começara outra vez e desta vez pensar em todos, não que alguns pensem neles e outros o padeçam, refletiu o governante após dizer que uma das premissas do Grupo de Puebla é trabalhar por construir um continente onde se distribua melhor os ganhos. 

“Temos que transformar essas propostas em projetos de lei, trabalhar em uma agenda parlamentar progressista. Sair do debate acadêmico e convertê-lo em ação política”, exortou por sua parte outro dos gestores do Grupo, o brasileiro Aloizio Mercadante.

O encontro foi moderado pela secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, que enfatizou a forma como a pandemia evidenciou as grandes brechas estruturais na América Latina, criadas por sistemas neoliberais. 

Novos modelos e perdão das dívidas

Enquanto o ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero salientou a urgência de um processo renovador da união dos países latino-americanos, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper se perguntou quais serão os que pagarão os custos da pandemia e da reconstrução social. 

Ao encerrar o fórum, a ex-mandatária brasileira Dilma Rousseff assinalou que na América Latina as desigualdades são de classe, de gênero e de raça e o combate ao racismo e ao patriarcado devem ser um dos desafios centrais de todo governo progressista. 

“Temos que pensar a desigualdade na América Latina com três fases: desigualdade social de classe, desigualdade de gênero e desigualdade da raça”, sustentou Dilma.

Ao fazer um repasse por todo o caminho percorrido neste primeiro anos de vida, o ex-candidato presidencial chileno Marco Enríquez-Ominami recordou que neste tempo foram emitidas mais de 50 declarações, várias pedindo o perdão da dívida da região. 

Disse que com muita severidade rechaçamos as sanções imorais que são aplicadas pelos Estados Unidos a Cuba e Venezuela. Foi levada adianta a teoria e a prática, a ação e a reflexão. 

Conseguir estados cada vez mais fortes, buscar maneiras de articular e combinar forças, trabalhar em prol de um vida mais saudável, gerar modelos de desenvolvimento sustentável e deixar para trás as desigualdades, foram as ideias centrais do debate do Grupo, já consolidado como uma das alianças com uma importante voz e protagonismo em Ibero-América. 

Maylín Vidal, correspondente de Prensa Latina em Buenos Aires.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Maylín Vidal

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