O período presidencial de Menem foi o mais longo em democracia. Assumiu antecipadamente em julho de 1989, ante a renúncia de Raúl Alfonsín, o primeiro presidente depois da ditadura, afogado por uma inflação galopante, além de enfrentar uma tentativa golpista em 1987.
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Na história de Menem também figura o indulto dos militares processados no histórico julgamento contra as juntas militares de 1985
As promessas de Menem
O analista Luis Bruckstein em seu resumo biográfico no jornal Página/12 o encabeça com um frase que define Menem: “o homem que nasceu para uma coisa mas fez a oposta” e é o que sucedeu ao longo de seus dois período governamentais de 1989 a 1999, depois de esquecer todas as suas promessas eleitorais, dando continuidade a um projeto de um neoliberalismo sem anestesia, iniciado pelos economistas da passada ditadura militar.
Deixou de lado suas promessas de resgatar os programas do peronismo autêntico, prometendo a revolução produtiva e o “salariaço” para terminar com o maior desemprego em democracia, privatizando e dando em concessão 196 empresas estatais, entre elas as mais estratégicas como a Administración General de Puertos, Yacimientos Petrolíferos Fiscales, Aerolíneas Argentinas (estatizadas novamente por Fernández de Kirchner).
Um dos casos mais simbólicos é o da privatização das aposentadorias, o que provocou uma destruição do sistema de seguridade social que até hoje afeta a milhares de pessoas no país.
Também o fim do transporte ferroviário, que foi nacionalizado por Juan Domingo Perón nos anos 40, o que deixou centenas de cidades fantasmas e encareceu os alimentos, um tema não resolvido até agora.
A política exterior girou 180 graus depois que o seu chanceler Guido Di Tella declarou as “relações carnais” com os Estados Unidos. Menem foi amigo de George Bush pai. Alinhado com Washington envolveu o país na Guerra do Golfo (1991).
Em sua história também figura o indulto dos militares processados no histórico julgamento contra as juntas militares de 1985, apesar de uma mobilização de meio milhão de pessoas contra esta medida. Ele mesmo foi detido pela ditadura.
Stella Calloni, colaboradora de Diálogos do Sul, Buenos Aires.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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