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Assassinos, delinquentes e mentirosos: eis os ministros de Castillo para a mídia do Peru

Uma sinistra horda fascista ameaça a estabilidade do país. A barbárie carregou suas baterias contra Pedro Castillo, Vladimir Cerrón, Guido Bellido e Héctor Béjar
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul
Lima

Tradução:

Rafael Belaunde Diez Canseco, ilustre peruano do século passado, foi Presidente do Conselho de ministros e titular de Governo entre julho de 1945 e janeiro de 1946. 

Anos de desborde popular e protesto político, quando as base apristas minavam o governo de Bustamante promovendo sua queda; e eram respondidas por base anti apristas que resistiam. Falava-se ali de “restaurar a ordem” exigindo “uma mensagem de ideias”. 

Aludindo a isso, perante o Congresso de então, disse uma frase para recordar: “só as ideias se combatem com ideias; as massas, se combatem com as massas”. “Don Rafael das massas” o batizaram os apristas para difamar sua mensagem. 

Teremos que perguntar se não teria algo de razão o porta-voz de então. Será preciso hoje, que as massas combatam as massas? Vejamos: 

Há quem acredite, como nos tempos de Abraham Valdelomar que o Peru é Lima, é o Jirón de la Unión; e que o Jirón de la Unión, é o Palais Concert. 

Claro que no caso dos que hoje acreditam em algo parecido, seu Palais Concert não é o fino bar de antigamente, mas o rincão das almas onde penam os derrotados nos últimos 15 anos no Peru de nosso tempo. 

Ali olham para seu próprio umbigo e continuam acreditando que são o centro do cosmos. 

Uma sinistra horda fascista ameaça a estabilidade do país. A barbárie carregou suas baterias contra Pedro Castillo, Vladimir Cerrón, Guido Bellido e Héctor Béjar

Reprodução/ Twitter
Presidente Pedro Castillo durante anúncio do início de obras na região periférica de Lima

Estão seguros de que tudo marcha em torno às suas angústias e preocupações. E que seus medos, são os medos de todos os peruanos. 

Por isso, uivam ferozmente tratando de regar o pânico, e de infundi-lo no acionar coletivo da cidadania. E falam de “vacância”.

Tanto é seu espanto, que lhes infunde práticas perversas, carregadas de ódio e de insanidade. E tudo isso chega a tal ponto que resta, aos peruanos simples, deter-se um instante, e proclamar a vontade de parar esta sinistra horda fascista que ameaça a estabilidade política e a tranquilidade pública. 

É claro que a barbárie carregou suas baterias contra Pedro Castillo, Vladimir Cerrón, Guido Bellido,  Dina Boluarte e Héctor Béjar; mas também contra as entidades que eles representam: a Chefia do Estado, a direção do Partido que ganhara as eleições em 6 de junho, o Conselho de Ministros e todos os seus integrantes; e o núcleo dirigente que lidera a oferta de mudanças pendentes. 

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A todos, lhes enche de impropérios. Lançam ataques astutos e malignos, que nunca foram usados no Peru em um cenário de gestão. 

Dizem que são assassinos, delinquentes, lavadores de dinheiro, mentirosos, incapazes e tudo o que têm vontade, em seus instantes de incontrolável arrebatamento. 

Mas, vão além das palavras. Na campanha eleitoral atacaram cinco vezes a casa do Presidente do JNE, para intimidar sua família. Com essa mesma impunidade, hoje fazem plantões em frente à casa do Ministro da Justiça, com a ilusão de assustar Aníbal Torres, sustento legal do Chefe do Estado. E até difamam o monumento a San Martin, com bandeirolas infames. 

Recentemente, se puseram na porta de um hotel em Miraflores, para gritar impropérios contra Evo Morales. Alguém pode justificar essa afronta? É claro que Evo foi presidente de seu país, goza de amplo apoio cidadão e só foi derrubado graças a uma sublevação militar fascista. Mas ela foi derrotada no ano seguinte em eleições nas quais se impôs outra vez o partido de Evo, que segue governando a Bolívia. 

O político boliviano, como qualquer cidadão do mundo, tem o direito a visitar nosso país quantas vezes quiser. E ninguém pode rechaçar sua presença só porque não está de acordo com suas ideias. Se assim fosse, o mundo seria um manicômio. 

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Porém, aqui há aqueles que não respeitam sequer isso, uma liberdade invulnerável, e universalmente reconhecida: a de ter ideias próprias. Trazem fascistas bolivianos para serem entrevistados por Mávila Huerta em sua hora estelar, e lançam o mesmo roteiro aprendido de rádio teatro, para enganar incautos.

E ainda há mais: confirmam uma “repartição” parlamentar para entregar as comissões mais importantes a irracionais expoentes da Máfia. Assim, Alejandro Aguinaga, processado pelas esterilizações forçadas, presidirá a Comissão de Fiscalização; enquanto um conotado expoente de “Com meus filhos não se meta” terá a Comissão de Educação.

E o fujimorista Ernesto Bustamante, o sabotador da campanha médica contra a Covid, estará à frente de Relações Exteriores. O que mais se podia esperar de um ente assim que agora se dispõe a suspender congressistas do Peru Possível, como Guillermo Bermejo, discriminando para todos seus efeitos a Bancada Parlamentar de Peru Livre e seus aliados, pelo simples fato de ser quem são. 

Porém, se tudo isso não fosse suficiente, atacam fisicamente as manifestações de apoio ao governo de Pedro Castillo e se enfrentam agressivamente à polícia que busca apenas cautelar a ordem pública. Embora eles tenham denunciado supostos “maus tratos” policiais, não puderam apresentar nenhuma pessoa golpeada, e nem sequer detida; não obstante, os danos materiais causados por suas constantes “marchas” diante do Ministério da Defesa para implorar o Golpe de Estado que lhes tire as castanhas do fogo. 

Agora buscam declarar Evo Morales “persona não grata”; “investigar” os cinco primeiros dias de governo de Castillo e “averiguar” se houve — ou não — fraude nas eleições passadas. 

Aí não há ideias. Há ridículo em alto grau. E prepotência de “massas” fabricadas com dinheiro e com enganos. A elas é preciso enfrentar. 

*Colaborador do Diálogos do Sul de Lima, Peru.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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