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Colômbia: Petro e Márquez oferecem propósito e valor a relatório final da Comissão da Verdade

"A eleição de Gustavo Petro mostra que iremos mais adiante na paz até que amemos a vida", declarou o presidente da Comissão, Francisco de Roux
Michele de Mello
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

Nesta terça-feira (28), a Comissão da Verdade que investiga os 58 anos de conflito armado na Colômbia apresentou seu relatório final. O grupo, criado a partir dos Acordos de Paz de Havana, em 2016, teve três anos para dialogar com todas as partes do conflito e elaborar o documento com recomendações.

Os governantes recém eleitos, Gustavo Petro, presidente, e Francia Márquez, vice, estiveram presentes na cerimônia. Já o atual mandatário, Iván Duque, mesmo convidado, viajou ao exterior e enviou o ministro do Interior, Daniel Palacios, em nome do governo. Além disso, mais de 3 mil organizações e instituições de direitos humanos também acompanharm o evento. 

“A eleição de Gustavo Petro mostra que iremos mais adiante na paz até que amemos a vida. Temos confiança que Petro, Francia e a unidade social e política que convocaram irão aderir a nossas recomendações para implementar as mudanças necessárias”, disse o padre e presidente da Comissão, Francisco de Roux.

"A eleição de Gustavo Petro mostra que iremos mais adiante na paz até que amemos a vida", declarou o presidente da Comissão, Francisco de Roux

Comissão da Verdade Colômbia
Entre 2002 e 2008, durante os primeiros anos da gestão de Álvaro Uribe Vélez, há evidências de ao menos 6.400 casos de "falsos positivos"

10 mil propostas

A Comissão recebeu mais de 10 mil propostas de distintos setores. Nas suas recomendações, está a criação de um Ministério da Paz e Reconciliação, regular as promoções de militares dentro das Forças Armadas, criar políticas de memória e reparação, aumentar o acesso à educação no campo, assim como abandonar a proposta de guerra às drogas. 

“A apropriação da verdade não pode ser entendida como uma extensão da vingança. A verdade tem o sentido do diálogo, acordo, convivência, reconciliação. Há possibilidade de uma paz integral. Não queremos novos conflitos armados, queremos abandonar as armas como instrumento para resolução de conflitos”, disse Petro após receber o documento.

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Com participação virtual, a Alta Comissionada da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que “a verdade é um direito imprescritível e transformador tanto para as vítimas, como para a sociedade”.

Tanto o documento final, como outros materiais investigativos sobre o conflito, serão publicados na página da Comissão da Verdade.

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“O propósito é que o público se aproprie da nossa história para que não se repita. Será um dos repositórios mais importantes do país em matéria de direitos humanos e sobre o conflito armado”, declarou o padre Francisco de Roux.

A Comissão ainda defende a retomada das negociações de um acordo de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), suspensas pela atual gestão de Iván Duque em 2019.

Conflito já dura 58 anos

A Colômbia vive 58 anos de conflito armado concentrado nas disputas por território entre o exército, insurgências, narcotráfico e grupos paramilitares, que acumula cerca de 260 mil vítimas. 

Entre 2002 e 2008, durante os primeiros anos da gestão de Álvaro Uribe Vélez, há evidências de ao menos 6.400 casos de “falsos positivos” – civis mortos pelas forças de segurança do Estado como supostos guerrilheiros. 

De acordo com levantamento do Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz), desde 2016, acumulam-se 1.624 defensores de direitos humanos e ex-combatentes assassinados, sendo 930 mortos durante a gestão de Duque.

Somente em 2022 já foram registradas 47 chacinas com mais de 100 vítimas, sendo 21 pessoas que assinaram o mecanismo de paz.

Michele de Mello | Brasil de Fato
Edição: Arturo Hartmann


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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