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Peru está destinado a conquistar um governo do povo e para o povo

O povo tem a potestade, sagacidade e sapiência de tirar e pôr presidentes, sem caudilhos e sem iluminados
Juan Verástegui Vásquez
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

“Nunca convide a tua mesa a um pobre e menos ainda, se estás comendo” metáfora maldita esgrimida há mais de 200 anos por este punhado de oligarcas. Recordemos que os ferozes fazendeiros de então proibiram que os nossos antepassados ingressassem à praça de armas do Cusco

Quando os espanhóis fugiram, suas terras e a água foram usurpadas, brutalmente, por esses mestiços, sendo nossos irmãos camponeses os verdadeiros proprietários e, além disso, os faziam trabalhar sem pagamento nas fazendas arrebatadas (ver Carlos Contreras C.). Esta é a origem da riqueza de hoje, com raríssimas exceções. E são estes os que por 200 anos nos impõem seus ditados e querem nos governar por 200 anos mais.

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Nosso Guano da Ilha nos proporcionou entradas por mais de 6 trilhões de soles, o equivalente a mais de 40 anos das cifras do orçamento geral da República peruana do ano de 2020, mas se esfumou, produto da corrupção e do roubo e, ao final, saímos devendo. E o que foi do nosso salitre, borracha e tanta riqueza? Onde está? 

Hoje nos fazem pagar, com dinheiro do povo, pelas faraônicas irrigações (Chavimochic, Olmos, Majes-Siguas, Chinecas, etc.) que custaram mais de 22 bilhões de soles e pertencem a grandes transnacionais exportadoras, nacionais e estrangeiras e só devolveram um pobre 7% enquanto 93% é cachorro morto, não devolveram. Enquanto o pequeno agricultor que nos provê 80% dos nossos alimentos não tem nem meio hectare, sendo eles os legítimos donos destas terras. 

O povo tem a potestade, sagacidade e sapiência de tirar e pôr presidentes, sem caudilhos e sem iluminados

Reprodução/Twitter
Estamos absolutamente convencidos de que nosso povo resgatará nossa dignidade, soberania e nacionalismo




Tributo indígena

Subsiste, ainda, o cruel e repugnante Tributo Indígena, chamado hoje, marqueteiramente, Imposto Geral às Vendas (IGV), que em mais de 50%, nos pressupostos, o paga o povo (tremendamente regressivo) enquanto as grandes transnacionais evadem e eludem impostos (o setor mineiro contribui com 4%). Uma compatriota nossa que vende sua maca na esquina da rua, em pleno sol e em plena chuva, paga mais impostos, relativamente, que uma transnacional mineira, pesqueira ou agroexportadora.

Um compatriota nosso que ganha Salário Mínimo Vital tem que trabalhar mais de 40 anos para ganhar o equivalente ao que o gerente do Banco Central de Reserva ganha em um ano, e ele mesmo fixa o seu salário. O camponês que tem sua parcela de terra com seu título de propriedade, que o ampara, e se esta contém ouro, prata, zinco, gás, petróleo em seu subsolo, esta riqueza não lhe pertence, a Constituição fujimorista lhe roubou esta tremenda riqueza. NÃO É DO DONO CAMPONÊS, MAS SIM DAS GRANDES TRANSNACIONAIS! E não pagam nada por esses bilhões de dólares de riqueza saqueada e levada, lhes regalamos, nem sequer pagam o IGV.

A corrupção e o roubo campeiam em nossa pátria; são seis ex-presidentes (1-2-3-4-5-6) consecutivos que enfrentam julgamentos por presumidos roubos e nenhum está preso, e tampouco estarão, riem da justiça, entre eles se encarceram e desencarceram, só alguns minutos estão na prisão, e não acontece nada. A Junta Nacional de Justiça não faz nada. Batemos o recorde mundial de supostos ladrões, em nenhum país do mundo existe esta vergonha e assim querem governar-nos 200 anos mais. Bilhões de soles nos roubam matando de fome o povo.


Restituição do Presidente

São estas misérias cruéis que enlouquecem e sublevam um povo que, hoje, quer romper suas correntes. Mas, fundamentalmente, reclama a restituição do presidente Pedro Castillo Terrones ao qual, desde o início, fizeram impossível governar. Não permitem que um filho do povo lhes arrebate o poder eleitoralmente. Esta direita fascista e desprezível encaixotada em uma cloaca putrefata, como é o Congresso, o povo deveria, e o fará, jogá-los nas profundezas de nosso desprezo. Não deixa, tampouco, espaço para referir-nos à traidora que hoje finge de presidenta. Sua traição e usurpação, com apetites individualistas, mais que corroboram tirá-la do poder. 

O destino dos povos guerreiros e dignos é quando UM GOVERNO DO POVO DEVE SER PELO POVO E PARA O POVO. É o máximo, sublime e é todo poderoso de todos os poderes quem tem que governar. O povo tem a potestade, sagacidade e sapiência de tirar e pôr presidentes, sem caudilhos e sem iluminados.

Ponto a ponto: as falhas e ilegalidades do Congresso e da Justiça do Peru contra Castillo

Hoje é fiel reflexo do poder do povo; já iniciou a incendiar os prados, vem como um furacão salvar nosso povo, resgatar desta podridão e decomposição arrastada, como uma corrente, há mais de duzentos anos. Estamos absolutamente convencidos de que nosso povo resgatará nossa dignidade, soberania e nacionalismo. E temos presente, desde sempre, a herança heróica, grande e poderosa de nosso insigne guerreiro TUPAC AMARU II, que nem sequer seus sanguinários verdugos puderam esquartejá-lo quando quis livrar-nos do desumano e bestial jugo espanhol. 

De nós depende, não desmaiemos. Ninguém o fará, menos aqueles que são seus opressores. Forjemos um futuro digno para nossos filhos e gerações vindouras, mais tarde elas nos julgarão acusando-nos ou bendizendo-nos. ADIANTE POVO, NADA TEMOS A PERDER, A NÃO SER NOSSAS CORRENTES, MAS SIM MUITO QUE GANHAR. ADIANTE!

Juan Verástegui Vásquez | Economista e colunista na Diálogos do Sul, direto de Lima, Peru.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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