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ToggleNo âmbito da paralisação nacional iniciada em 4 de janeiro, os “provincianos” que têm andado a denunciar o golpe, a exigir a demissão de Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, eleições antecipadas e uma Assembleia Constituinte, vieram de regiões como Apurímac, Cusco, Huancavelica, Arequipa, Puno, Ayacucho, entre outras.
Os convocantes convocaram a “Marcha de los Cuatro Suyos” até Lima, num contexto em que também a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) e a Assembleia Nacional dos Povos (ANP) convocaram para esta quinta-feira (19) uma jornada de greve e mobilização nacional.
Diversos grupos de manifestantes vindos de fora e os residentes na capital desfilaram de forma pacífica com bandeiras nacionais e indígenas, bem como com cartazes e faixas a patentear as suas exigências.
Earlier scenes as protesters filled Lima’s Plaza 2 de Mayo in rejection of the Dina Boluarte regime.pic.twitter.com/m0TxBgA3Ui
— Kawsachun News (@KawsachunNews) January 19, 2023
A certa altura, refere a TeleSur, elementos da polícia, que apareceram na manifestação em carros blindados, começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo, sem que se registrasse violência ou distúrbios.
Outro fato apontado pela fonte é que o enorme dispositivo policial formava barreiras para impedir a passagem dos manifestantes, dividindo-os.
Envolvendo Três Poderes do Peru, direita e EUA gestaram por meses armadilha contra Castillo
Com a passagem do dia, alguns grupos conseguiram se juntar, formando uma enorme multidão a qual também se uniu a marcha do movimento sindical, convocada pela CGTP e as organizações que integram a ANP – que classificaram como “contundente” a adesão à paralisação nacional desta quinta.
Entretanto, encurralados pelas barreiras policiais e pelo gás lacrimogêneo, alguns grupos atiraram pedras à polícia, e o centro de Lima tornou-se o cenário de uma “batalha campal”, segundo a Prensa Latina.
CGTP | Reprodução – Facebook
Dina Boluarte voltou a catalogar as manifestações como ações de vandalismo e de delinquência
No resto do país, ontem também multiplicaram-se as mobilizações de protesto e as greves, e o número de bloqueios nas estradas chegou a 127, em 44 províncias.
Entretanto, os responsáveis da Saúde do governo regional de Arequipa confirmaram que, nesta quinta-feira, uma pessoa foi morta a tiro, quando um grupo de manifestantes tentava tomar de assalto o aeroporto local.
O número de pessoas mortas pelas forças de segurança desde o início dos protestos no Peru, em 7 de dezembro de 2022, sobe para 44, de acordo com os dados da Provedoria de Justiça.
A estes, juntam-se outros nove em ações ou incidentes ligados aos protestos, pelo que se registram pelo menos 53 mortes durante as manifestações contra o Congresso e a presidente da República, Dina Boluarte, que assumiu o cargo quando o Parlamento destituiu Pedro Castillo.
Boluarte volta a acusar os manifestantes
Respondendo na TV à grande mobilização, que quebrou pela força, a presidente em exercício do Peru reafirmou que não se vai demitir, disse que o seu governo está unido e voltou a catalogar as manifestações como ações de vandalismo e delinquência, responsáveis pela agitação social no país sul-americano.
Disse ainda que é preciso diálogo e, em simultâneo, ameaçou os manifestantes com “todo o peso da Lei” em todo o país.
Os apoios e os interesses norte-americanos
Do que Boluarte não falou foi do forte apoio que a embaixadora norte-americana no país, a ex-CIA Lisa Kenna, deu ao golpe e ao governo golpista.
O jornalista Ben Norton, no portal geopoliticaleconomy.com, lembra que o Peru tem largas reservas de cobre, ouro, zinco, prata, chumbo, ferro e gás natural, e que Kenna tem se reunido regularmente com figuras de proa do governo peruano.
Além de usurpar recursos, EUA aparelham Peru para minar relações com China e Rússia
No passado dia 18, ela teve uma reunião com o ministro da Energia e Minas, tendo discutido oportunidades de “investimento” e planos para “desenvolver” e “expandir” as indústrias extrativistas.
Além dos EUA, recorda o jornalista norte-americano, a Europa também tem muito interesse nos recursos peruanos, estando a importar, nomeadamente, gás natural liquefeito para substituir o gás russo, no contexto do boicote imposto pela UE à importação de energia russa em razão da guerra entre a Otan e a Rússia na Ucrânia.
Redação | AbrilAbril
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