Minhas queridas almas companheiras:
Sei que o momento é de dor profunda, decepção e, o que é pior… desesperança. Por isso quero quase sussurrar em seu ouvido.
Bem, aconteceu, não é? Já se elegeu outro presidente, ou seja, não há nada que se possa dizer, que qualquer coisa nossa possa prejudicar “estrategicamente” algo. Então te conto: se Massa tivesse ganho, não seriam muito menos piores as coisas que ocorreriam.
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Lembro que Massa é o rapaz da embaixada que figura nos “argenleaks”. Não é falastrão, os próprios norte-americanos não podiam acreditar que um “companheiro” de Néstor falasse tão mal dele. Sócio de Alberto Fernández, disse no programa de Mirta Legrand que a marcha dos guarda-chuvas por Nisman foi um grande “golpe” de esperança, claro que contra Cristina.
Massa é quem pôs o carimbo brilhante de legalidade na grande estafa do FMI, que mantém esfomeados os trabalhadores e aposentados; é quem tem presos políticos, quem prefere não arrecadar, quem se ajusta ao compasso do FMI, quem mandou Wado para Israel para entregar a água, aquele que não fez campanha de verdade, que incorporou o personagem fabricado de rapazinho bom do filme ruim nos atos, mas sem planos sérios nem críveis.
Massa, uma vez eleito, teria feito tudo o que fará Milei, talvez mais discretamente, mas com uma grande diferença: desta vez a culpa não será nossa. Porque até agora a culpa deste desastre social de que padecemos, para “o povo”… é culpa dos peronistas.
E nós ficamos sem poder explicar que “isto não é peronismo”, que é neoliberalismo, mas aplicado em nosso nome. E àqueles a quem o dizíamos, acusavam de traidores e de fazer o jogo da direita.
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Montagem | Reprodução
Devemos estar organizados, porque do contrário cairemos novamente sob o poder da reciclagem que tem esses bolhas
Quem são os verdadeiros peronistas
Te faço uma pergunta simples: no peronismo, quando alguém diz uma verdade… aplaudem-no ou vaiam-no?
Vê que não era peronismo? Porque estou certo que respondeste que no peronismo, quem diz a verdade é aplaudido, não vaiado.
Te peço que te lembres como vaiavam aqueles de nós que diziam a verdade, como nos bloqueavam, ou nos acusavam de traidores e outras acusações mais pesadas.
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Faziam-no os malabaristas de argumentações de baixo nível, os admiradores mais de Durán Barba do que de Perón, péssimos gurus do marketing que ignoram que, para que o marketing funcione, é preciso manejar a mídia, porque o marketing por si só é um completo fracasso, o que ficou demonstrado sem lugar a dúvidas.
Os que não dispõem dos meios de comunicação, devem instrumentalizar as políticas. Mas claro, os tapetes vermelhos do poder narcotizam as cabecinhas festeiras dos jovens paraquedistas recém-recebidos nas aulas do poder, onde se esconde mais do que se ensina. Verdadeiros cursos de bonequinhos de bolo com habilidades para traduzir a cucaracha.
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É importantíssimo analisar o “priming” a que temos sido submetidos sem perceber; lembremos a história da professora universitária que propunha a seus estudantes responder que a pasta que mostraria quando outros estudantes chegassem tarde, era vermelha, quando na realidade era verde e os recém-chegados escutavam, com pavor, dizer que a pasta verde era vermelha, mas quando chegava sua vez, também diziam que era vermelha, condicionados pela maioria.
Bem, pensemos que andamos por aí, dizendo que a pasta verde era vermelha, dando golpes de pasta aos que se atrevessem a dizer que era verde. Pensemos, mas só para não repetir o erro. Ao povo não se mente.
Agora que estamos livres do processo moral e ético a nossos pensamentos e condutas (isto é a culpa), temos o caminho livre para a organização que nos permita resistir aos embates do poder com seus estertores. Porque, além do mais, não podemos esquecer que este poder financeiro atlantista está implodindo, e tudo o que cometa terminará no próprio nada.
Mas para dominar isto devemos estar organizados, porque do contrário cairemos novamente sob o poder da reciclagem que tem esses bolhas, às quais não devemos dar lugar entre nós.
Pretendo tê-los aliviado.
Sou Enrique Box, em Olvejo Negro | Colunista na Diálogos do Sul, direto de Buenos Aires.
Tradução: Ana Corbisier
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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