Graças a uma aliança entre mafiosos, a DEA e autoridades colombianas, há 30 anos caiu abatido sobre o telhado de um bairro de classe média em Medellín Pablo Escobar, o capo dos capos que associou para sempre o nome da Colômbia ao narcotráfico e que chegou a figurar na lista da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo. Era 2 de dezembro de 1993.
Depois de sua morte, muitos se aventuraram a prognosticar o começo do fim da “indústria” que mais dano fez a este país em toda a sua história. Mas, três décadas depois, as cifras das Nações Unidas continuam situando a Colômbia como o maior produtor e exportador de cocaína do mundo.
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Nascido em Medellín em um lar bastante modesto, Escobar iniciou cedo no mundo delinquente, primeiro roubando carros e participando de pequenas operações de contrabando, atividade que o aproximou ao então nascente, mas já próspero, negócio do envio de cocaína aos Estados Unidos, convertendo-se no amo e senhor da exportação do alcaloide.
Situação totalmente distinta à que, segundo os organismos de inteligência, consta de pequenos cartéis que operam em várias regiões da muito diversa geografia colombiana, algumas propícias para o cultivo, outras para a conversão da pasta em cocaína e outras perfeitas para o envio da droga ao exterior, por vias aéreas, marítimas e terrestres.
Um recente informe de inteligência da polícia colombiana acrescenta que – após sucessivas mutações internas dos cartéis nacionais que levaram à sua atomização – há cinco anos “são os cartéis mexicanos que dominam o negócio do narcotráfico transfronteiriço”, sem dúvida, o elo mais produtivo do negócio. De acordo com o citado informe, os principais são o cartel de Sinaloa e o Jalisco Nova Geração.
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Aventuras da História
Forças de seguranças colombianas no telhado em que Pablo Escobar foi morto a tiros em 2 de dezembro de 1993
Franquias e representações comerciais
Em declarações ao El Confidencial, o especialista Maurício Rico explicou que “há um sistema de franquias e de representação comercial” que inclui o fornecimento de segurança pessoal e logística aos mexicanos por parte de organizações delitivas colombianas.
Em recentes percursos por zonas cocaleiras de periferia geográfica, este correspondente constatou o impacto cultural da chegada dos cartéis mexicanos a esses territórios remotos, onde a tradicional aguardente nacional deu passagem à tequila e a música local foi substituída pelos chamados narco-corridos.
Segundo estudiosos do narcotráfico, a grande diferença entre hoje e a dourada época de ascensão do cartel de Medellín, que era liderado por Pablo Escobar – quando todas as esferas econômicas, políticas, militares e até futebolísticas da sociedade colombiana eram permeadas pelos jorros de dinheiro provenientes do narcotráfico – é que ainda não se haviam unido ao negócio as guerrilhas que expandiam seu poder territorial, convertendo enormes extensões da Colômbia profunda em pequenos estados sob seu controle.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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