Enquanto no palanque eleitoral fala de supostos êxitos na luta contra o crime organizado, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou à BBC, no última dia 18, que gostaria de receber ajuda militar de países como Estados Unidos, Brasil ou da União Europeia para combater os cartéis do narcotráfico.
Tudo isso ocorre em meio ao aumento das mortes violentas e da exportação de cocaína em 2025, fenômeno que se reflete nas pesquisas de opinião como o aspecto mais negativo da gestão do mandatário andino. No próximo dia 13 de abril, Noboa enfrentará Luisa González, do movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), no segundo turno das eleições presidenciais.
Na entrevista à emissora britânica, Noboa insiste que sua gestão de 16 meses tem sido uma “dura ofensiva contra as quadrilhas e a militarização das ruas e das prisões”, desde que declarou o país em Conflito Armado Interno, em 9 de janeiro de 2024. No entanto, os resultados não foram positivos. Por isso, o candidato-presidente agora apela à ajuda internacional: “Precisamos de mais soldados para lutar nesta guerra”.
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Ele afirmou à BBC que os grupos ligados ao narcotráfico somam 40 mil membros, enquanto o Exército equatoriano conta com 35 mil soldados. Somando forças policiais e militares, a segurança pública do país dispõe de cerca de 80 mil efetivos.
Por outro lado, Noboa comentou a declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (2017-2021), que qualificou alguns cartéis latino-americanos como grupos terroristas. “Ficaria feliz se considerassem Los Lobos, Los Choneros, Los Tiguerones como terroristas, porque é isso que realmente são”, afirmou o mandatário.
O Equador mantém dois tratados de cooperação militar com os Estados Unidos desde dezembro de 2023, assinados pelo próprio Noboa. Esses acordos incluem, entre outras medidas, a presença de submarinos, tropas armadas e equipamentos militares nas Ilhas Galápagos para o controle marítimo do Pacífico.
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Recentemente, Noboa se reuniu em privado com Erik Prince, representante da empresa militar estadunidense Blackwater, considerado um mercenário por seu envolvimento em ações ilegais em países como Afeganistão e Iraque. “Não são necessariamente mercenários”, disse Noboa à BBC. “Estamos falando de exércitos: forças especiais estadunidenses, europeias e brasileiras. Isso poderia ser de grande ajuda para nós”, explicou.
Negociações com mercenário
Com Prince, teria sido firmado um acordo de pagamento de US$ 150 mil por uma consultoria de três meses. Além disso, circulou a informação — não confirmada por autoridades equatorianas — de que o valor incluiria a captura de José Adolfo Macías Villamar, conhecido como “Fito”, líder do grupo criminoso Los Choneros, vinculado a cartéis mexicanos e foragido desde sua fuga da prisão em dezembro de 2023.
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Criminalidade e segurança serão um dos cinco temas centrais do debate presidencial entre Noboa e Luisa González, marcado para o próximo domingo, 23 de março.
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