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Após fracasso do "bloco do retrocesso", siglas regionalistas é que vão definir futuro espanhol

"Somos muitos mais os que queremos a Espanha a avançar e assim continuaremos a fazer", afirmou Pedro Sánchez
Redação Esquerda.Net
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Lisboa

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Ao contrário do que previam todas as sondagens, as legislativas de domingo em Espanha não serviram para facilitar a formação de um Governo, mesmo que a participação eleitoral tenha subido quatro pontos para os 70,4% em relação às legislativas de 2019.

O PP tinha pedido uma maioria para governar sozinho, mas no final da contagem dos votos nem com os deputados da extrema-direita conseguiria obter a maioria absoluta no parlamento, apesar de ter sido o partido mais votado com 32,9% e obtido 136 deputados.

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No seu discurso aos apoiantes, Alberto Feijóo disse estar muito orgulhoso por obter uma vitória do PP ao fim de sete anos, ter ficado à frente na maioria das províncias e provavelmente obter a maioria absoluta no Senado.

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Afirmou não querer que se abra “um período de incerteza no país” e que tem o dever de tentar a sua investidura, apesar de não ter a maioria dos deputados, apelando ao PSOE para viabilizar o seu governo e assim evitar uma situação de “bloqueio”.

E “bloqueio” foi a palavra mais repetida no seu discurso, que os militantes do PP chegaram a interromper com gritos de “Ayuso”, a líder da Comunidade de Madrid e provável sucessora de Feijóo à frente do partido a nível nacional, dado que ele prometera sair da liderança do PP se não governar Espanha.

Pedro Sánchez: “O bloco de retrocesso fracassou”

O PSOE conseguiu mobilizar o seu eleitorado e ao contrário do que previam as sondagens publicadas nos últimos meses e até no fechamento das urnas, conseguiu mais votos e mais deputados do que nas eleições de 2019 (31,8% e 122 deputados). Vox e Sumar disputaram a terceira posição e ficaram separados por cerca de vinte mil votos, com a extrema-direita a ser a grande derrotada da noite ao perder 650 mil votos e 19 deputados face a 2019, obtendo agora 12,4% e 33 deputados.

"Somos muitos mais os que queremos a Espanha a avançar e assim continuaremos a fazer", afirmou Pedro Sánchez

PSOE
Sánchez: O povo decidiu que "o bloco de retrocesso que defendia a revogação total dos nossos avanços dos últimos quatro anos fracassou"

Apesar do segundo lugar, o discurso do líder do PSOE teve a alegria de vitória que faltou ao de Feijóo, com Pedro Sánchez a agradecer o aumento do apoio dos espanhóis ao fim de quatro anos a liderar o Governo. E aproveitou para justificar a sua decisão de convocar eleições após a derrota nas municipais, afirmando que quis deixar o povo escolher “entre o avanço”, com o seu governo de coligação à esquerda, ou “o retrocesso com o PP e o Vox”. E o povo decidiu que “o bloco de retrocesso que defendia a revogação total dos nossos avanços dos últimos quatro anos fracassou”.

Sánchez: Mais que disputa de partidos, nestas eleições há uma ameaça real sobre a Espanha

“Somos muitos mais os que queremos a Espanha a avançar e assim continuaremos a fazer”, concluiu Pedro Sánchez, anunciando que esta segunda-feira começa a trabalhar num acordo político com os restantes partidos para garantir a investidura.

Yolanda Díaz: “A democracia ganhou e saiu fortalecida”

O Sumar, que agrupa várias forças como o Podemos, Esquerda Unida, Más País ou o Compromis em torno da figura de Yolanda Díaz, conseguiu 12,3% dos votos e 31 deputados, menos sete do que a soma daquelas forças em 2019. Mas em pouco mais de um mês de existência, acabou por passar o teste das urnas e contrariar o declínio deste espaço político das municipais de maio.

“Havia gente muito preocupada neste país, mas hoje as pessoas vão dormir mais descansadas. A democracia ganhou e saiu fortalecida”, afirmou Yolanda Díaz na noite eleitoral. “A partir de amanhã temos de conseguir conquistar mais direitos para as mulheres, as pessoas LGBTI, os trabalhadores e as trabalhadoras. Mais saúde, mais educação, mais vida”.

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“Vou dialogar com as forças progressistas e democratas deste país para garantir o governo de Espanha”, anunciou Yolanda, prometendo “governar melhor, colmatar as insuficiências, dar tranquilidade ao nosso país”.

A coordenadora bloquista Mariana Mortágua enviou uma saudação a Yolanda Díaz e a “todas as forças da esquerda transformadora que impediram hoje uma maioria de direita e impuseram uma derrota ao neofascismo no Estado espanhol”.

Socialistas vencem na Catalunha, País Basco e Navarra; regionalistas são a chave do futuro governo

Na Catalunha, o PSOE passou como a força mais votada com 34,5% e 19 deputados, seguido do Sumar, com sete, o mesmo que tinham conseguido as forças que agora apoiam a candidatura. Estas legislativas ditaram uma perda acentuada dos votos do campo soberanista, com a Esquerda Republicana – que em 2019 tinha sido a força mais votada e que lidera o governo autônomo – a perder agora cerca de metade dos votos e dos deputados, obtendo 13,2% e elegendo sete parlamentares.

O Junts também perdeu um deputado e fica com sete e a CUP obteve menos da metade dos votos de há quatro anos, perdendo os seus dois parlamentares. À direita, o Vox manteve os dois deputados e o PP elegeu seis, mais quatro que em 2019, quando o Ciudadanos, que agora não concorreu, tinha eleito dois.

Almodóvar, sobre ascensão da extrema-direita na Espanha: “Retrocedemos 60 anos ou mais”

“Foram as eleições espanholas mais espanholas da história”, afirmou o candidato da ERC Gabriel Rufián, tentando explicar a subida de socialistas e populares, mas destacando que a ERC continua a liderar o campo que defende a independência da Catalunha e que o independentismo será o fiel da balança da próxima legislatura. Um ponto em que estará de acordo com o Junts, pois a sua dirigente Miriam Nogueras também afirmou que o seu partido “não fará de Sánchez primeiro-ministro a troco de nada”.

No País Basco houve um empate das três forças mais votadas no que toca a eleitos. Tal como na Catalunha, os socialistas também arrebataram a primeira posição, com 25,3% dos votos, aos nacionalistas bascos do PNV, que caíram dos 31% para os 24% e quase se viram ultrapassados pela esquerda independentista do Bildu, com 23,96%.

Os três partidos elegem cinco deputados, seguidos do PP que aumenta o número de eleitos para dois, com 11,5% dos votos, e do Sumar, que obtém 11% e elege um deputado, menos dois do que Podemos e Izquierda Unida tinham obtido em 2019.

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Em Navarra, o PSOE aumentou a votação para os 27,3%, mas se beneficia do fato da direita do PP e da UPN irem divididas a esta eleição para ficar em primeiro lugar e eleger mais um deputado, perdido pelo Sumar em relação aos seus partidos em 2019.

O Bildu aumentou poucas décimas a sua votação, para os 17,4%, e alcança a segunda posição, com um deputado, tal como PP e UPN. Agora com seis deputados, o Bildu ultrapassa pela primeira vez o PNV na representação no parlamento em Madrid e no Senado passa de dois para “cinco ou seis senadores”, congratulou-se Arnaldo Otegi.

Na Galiza, onde Feijóo governou durante três mandatos, o PP obteve uma maioria folgada, com 43,6% e 13 deputados, com o PS galego a cair ligeiramente para os 29,8% e sete deputados.

O Sumar obtém a terceira posição, com 10,9% e os mesmos dois deputados dos anteriores partidos que o compõem e o Bloco Nacionalista Galego sobe para os 9,5%, mantendo o seu deputado.

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Ana Pontón destacou que apesar da bipolarização das eleições, o Bloco foi a única força de oposição ao PP que subiu nestas eleições, ficando a pouco mais de cinco mil votos de eleger o segundo deputado por Pontevedra.

E sublinhou também que o deputado Nestor Rego será decisivo para formar o próximo governo alternativo à extrema-direita “machista, xenófoba e anti-galega”, mostrando abertura para iniciar desde já negociações que evitem uma nova ida às urnas.

Redação Esquerda.Net


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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