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Austrália anuncia sanções contra Hamas e se alia à perseguição contra povo palestino

País é pilar do imperialismo no Índico e Pacífico Sul e fornecedor de emprego militar colonial desde a sua criação, baseada no genocídio de povos nativos
Bruno Beaklini
Diálogos do Sul Global
Porto Alegre (RS)

Tradução:

A ministra do interior (Home Affairs) da Austrália, Karen Andrews, afirmou que o governo de Camberra vai avançar na classificação de todo o Movimento de Resistência Hamas como “terrorista”. A determinação legal será em abril, acompanhando a posição contra sua ala militar, as Brigadas Al-Qassam, também denominado como executor de atos de “terrorismo”.

A ilha que foi colônia penal britânica e recebeu dezenas de milhares de refugiados da grande fome irlandesa no século XIX, segue com sua posição de vassalagem junto aos EUA, Reino Unido e Canadá na perseguição ao povo palestino.

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Infelizmente, as sanções contra o Hamas também se reproduzem na União Europeia, governo supranacional que costuma ter posições mais flexíveis em muitos casos.

De imediato, o premiê da entidade sionista saudou a medida colonial em postagem através de sua conta no Twitter. Naftali Bennett aplaude a posição se referindo diretamente ao seu par Scott Morrison pelo “diálogo neste sentido”.

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Evidente que nenhum destes pronunciamentos lembrou que dois milhões de pessoas vivem sob o bloqueio colonial a mais de 15 anos, menos ainda que o Hamas e sua coligação ganharam as eleições palestinas de 2006 e menos ainda dos brutais ataques daquele ano.

A entidade sionista cometeu crimes de guerra depois em 2009, 2012, 2014 até a vitoriosa Operação Espada de Jerusalém, em abril e maio de 2020, quando a unidade palestina se mostrou mais forte do que o emprego militar dos invasores europeus.

País é pilar do imperialismo no Índico e Pacífico Sul e fornecedor de emprego militar colonial desde a sua criação, baseada no genocídio de povos nativos

Karen Andrews, ministra do Interior da Austrália – Reprodução / Twitter
Segundo Karen Andrews, classificação do Movimento de Resistência Hamas como “terrorista” será oficializada em abril

A Austrália e o terrorismo imperial  

No espectro maior, a posição australiana é sempre mais alinhada na Pax Britannica e na sequência com a Pax AmeriKKKana do que a imagem externa do país. Os conceitos acima, uma alusão com a “pax romana”, trata da ordem imperial vigente e as lealdades necessárias na constelação de países subordinando a outros, assim como povos e territórios.

O soft power, a projeção de “poder brando” vindo de um país liberal de costumes, composto por “alegres praticantes de esportes náuticos e competentes profissionais liberais” serve para mascarar a participação de suas tropas em todas as guerras imperiais dos dois séculos passados, assim como no presente.

Um exemplo gritante está na guerra eletrônica. Nascida na Guerra Fria, localizada em pleno no sertão australiano (conhecido como outback) e território sagrado aborígene, a base de Pine Gap (Joint Defense Facility Pine Gap) é segundo o próprio New York Times:

“A partir da base, conhecida como Joint Defense Facility Pine Gap, os Estados Unidos controlam satélites que coletam informações usadas para identificar ataques aéreos em todo o mundo e atingir armas nucleares, entre outras tarefas militares e de inteligência, de acordo com especialistas e documentos vazados da Agência de Segurança Nacional.”

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Uma das funções da base é promover a defesa balística dos Estados Unidos, seus interesses e aliados, incluindo as bases imperiais em diversas regiões do planeta. A força conjunta australiana também se presta a cometer crimes contra o direito internacional, como o emprego massivo de aeronaves não tripuladas, coordenadas por satélites geoestacionários, promovendo o genocídio de populações camponesas inteiras. A forma operacional é reconhecida até mesmo pelo jornal ligado ao Partido Democrata New York Times (e ardoroso defensor do sionismo), tomando por base o portal especializado Nautilus.

“No entanto, após meio século desde que foi construído, a base de Pine Gap e os sistemas dos quais faz parte passaram por um desenvolvimento técnico extraordinário, aumentando consideravelmente a sensibilidade e amplitude de suas capacidades de inteligência de sinais – principalmente na interceptação de células telefones e comunicações via satélite. Isso forneceu a base técnica para a Pine Gap fornecer dados que permitam o direcionamento de ataques ilegais de drones dos EUA em países com os quais os Estados Unidos e a Austrália estão em guerra, incluindo Paquistão, Iêmen e Somália.”

Especificamente, o cenário do Waziristão, área de incidência de maioria pashtun, fronteira paquistanesa com o Afeganistão e localizada quase nos contrafortes do Himalaia, vem sendo alvo de massacres regulares há cerca de vinte anos. As mesmas chacinas por meios eletrônicos de assassinatos são realizadas em solo iemenita e contra a população somali. É este o país que ousa acusar de “terrorista” quem resiste à invasão de sua terra.

Complexo industrial militar e a “solução” para os refugiados

Além das instalações desumanas para famílias que desesperadamente buscam asilo na “democracia australiana” (para brancos e imigrantes com recursos financeiros), o governo de Camberra conseguiu uma “solução” para este problema. A base de Christmas Island, localizada no Território ultramarino de mesmo nome, dista 2,600 km da costa de Perth. A base foi fechada e reaberta em função da Covid-19. Como esse campo de prisioneiros, existem outras 12 instalações semelhantes. Desde o ano de 2009, a terceirização é empregada pela SERCO CO, através de sua divisão Ásia-Pacífico.

A corporação privada de serviços públicos terceirizados e emprego de suporte militar tem presença no Oriente Médio desde o processo da Nakba, em 1947, quando os colonos europeus ampliaram a etapa da limpeza étnica.

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Segundo a transnacional: “A Serco fornece serviços de suporte críticos para forças de defesa em todo o mundo, operando tanto no país quanto as integradas às forças implantadas. Temos ampla e profunda experiência em todos os ambientes militares, incluindo espaço marítimo, terrestre e aéreo. A Serco é confiável para fornecer uma variedade de serviços críticos de apoio à defesa e operar instalações militares sensíveis no Oriente Médio. Somos o único contratante principal que fornece serviços de logística e suporte de base totalmente integrado para a Força de Defesa Australiana em todo o Oriente Médio, estamos orgulhosos de fornecer às Forças Armadas do Reino Unido serviços de suporte de vida real para suas tropas nos Emirados Árabes Unidos e fornecemos aeródromos Comunicações para a Força de Defesa do Bahrein. Treinamos pessoal de defesa e segurança em todo o Oriente Médio em planejamento de contingência, planejamento de continuidade de negócios e outras habilidades importantes no Reino Unido ou no país.”

Não por acaso, a SERCO se “orgulha” em conseguir uma ampliação de contrato com as Forças Australianas de Defesa (ADF), até dezembro de 2023, junto às “aussies” operando no Oriente Médio. Trata-se portanto de uma extensão do complexo industrial militar, aplicado no Reino Unido e sua ex-colônia, operando como tropas invasoras nos países do Bilad al-Sham, Península Arábica e Mesopotâmia.

Um país colonialista

Apesar de ter uma sociedade civil ativa, e contar com parcelas importantes com engajamento em causas humanitárias e internacionais, a Austrália é pilar do imperialismo no Índico e Pacífico Sul e fornecedora de emprego militar colonial desde a formação do país. Criada sobre o genocídio dos povos nativos, denominados pelos invasores anglo-saxões como “aborígenes”, não surpreende que a idiossincrasia do exercício do poder no país seja uma expansão do racismo e do Apartheid.

Elogiam na Palestina Ocupada o que igualmente fizeram em seu próprio território, tal e como a opressão dos invasores Nova Zelândia contra o bravo povo maori e sua heroica resistência. A classificação do Hamas como “organização terrorista” vem de um governo que executa crimes contra o direito internacional e participa de terrorismo de Estado matando inocentes em territórios onde sequer há uma guerra controlada. Gera indignação, é verdade, mas está longe de ser uma “surpresa”.

 Bruno Beaklini é colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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