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Biden amplia sanções a Cuba, mas diz querer incrementar “fluxos de assistência humanitária” sem passar pelo governo cubano

Entre medidas, governo dos EUA planeja ampliar acesso dos cidadãos à internet em Cuba de forma que as autoridades da ilha não consigam ter domínio do processo
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O governo de Joe Biden divulgou que está avaliando facilitar o envio de remessas de divisas, ampliar sua equipe diplomática em Havana e explorar iniciativas para tornar mais acessível a internet na ilha, nos primeiros sinais de uma titubeante mudança na política estadunidense para Cuba. 

“Por ordem do presidente, estamos buscando medidas que apoiem tanto o povo de Cuba e que façam o regime cubano prestar contas”, afirmou na terça-feira (21) a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

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Mantendo seu mantra oficial de que a política para Cuba está baseada nos princípios da democracia e dos direitos humanos, a Casa Branca confirmou que Biden emitiu instruções para impulsionar o início de uma possível mudança em sua política para a ilha pela primeira vez desde que assumiu a presidência há seis meses.  

Biden ordenou ao Departamento de Estado criar um grupo de trabalho para avaliar os mecanismos para o traslado de remessas de modo a garantir que esses fundos cheguem diretamente a familiares de cubano-estadunidenses na ilha, sem que o governo se beneficie.

Ao mesmo tempo, Psaki comentou que, trabalhando com o setor privado e o Congresso, estão sendo consideradas iniciativas para ampliar o acesso dos cidadãos à internet em Cuba — estabelecendo ao parecer algum tipo de circuito de internet fora do controle das autoridades da ilha, ideia promovida pelo senador republicano cubano-estadunidense, Marco Rubio, entre outros.

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“Assistência humanitária” e ampliação de sansões

Agregou que se está buscando a forma de incrementar “fluxos de assistência humanitária” através de organizações internacionais a Cuba e mediante isso pressionar o governo cubano. 

Porém, também advertiu que o Departamento do Tesouro continuará “designando” funcionários e oficiais cubanos “responsáveis por violência, repressão e violações de direitos humanos de manifestantes pacíficos em Cuba” para aplicar-lhes sanções.

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O Departamento de Estado confirmou, nesta terça (21), que está avaliando incrementar o pessoal em sua embaixada em Havana com o propósito de restabelecer serviços consulares e “facilitar” a relação com a “sociedade civil”. 

“Temos estado consistentemente do lado do povo cubano, incluindo o contexto dos protestos recentes através da ilha… continuaremos apoiando… suas aspirações legítimas por direitos humanos, democracia e pelos valores que por demasiado tempo — pelo menos desde 1959 — lhes foram negados”, reiterou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, para justificar a continuação das políticas de sanções econômicas e condenação do governo cubano.

Não se mencionou que o Departamento de Estado dedica anualmente 20 milhões de dólares em “assistência” a agrupações civis cubanas e cubano-estadunidenses e programas de propaganda promovendo o objetivo de uma mudança de regime, além de pelo menos outros e milhões da paraestatal Fundo Nacional da Democracia (NED).

Na noite de segunda-feira, a Casa Branca sustentou uma reunião virtual entre “líderes cubano-estadunidenses”, a maioria da Flórida, com Juan González, encargado das Américas no Conselho de Segurança Nacional e o assessor presidencial Cedric Richmond para escutar suas recomendações política de como os Estados Unidos podem ajudar os opositores na ilha — confirmando uma vez mais que a política estadunidense para Cuba, em grande medida, segue sendo feita em Miami.

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Desde do início de seu governo, Biden e seus funcionários têm repetido que os cubano-estadunidenses “são os melhores embaixadores” dos Estados Unidos para Cuba, isto apesar de uma história amplamente documentada de que alguns desses “embaixadores” cometeram atos terroristas, assassinatos e uma invasão à ilha. 

Enquanto isso, milhares de estadunidenses doaram mais de 500 mil dólares para enviar seis milhões de seringas para Cuba para sua campanha de vacinação, uma iniciativa liderada pela Global Health Partners e outros grupos como o sindicato de estivadores ILWU, Socialistas Democráticos de América (DSA), Código Rosa e o agrupamento cubano estadunidense Pontes de Amor, entre outros. 

 

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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