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Bolívia: Falsas denúncias comprovam que golpistas querem se perpetuar no poder

Diante da preferência popular da chapa presidencial do MAS, perseguições políticas e novas conspirações buscam evitar retorno da democracia
Nara Romero Rams
Prensa Latina
Havana

Tradução:

Uma nova data para a realização de eleições gerais na Bolívia exacerba as intenções do governo golpista de tirar do caminho o Movimento ao Socialismo (MAS), e em seu desespero recorre a métodos antidemocráticos e inconstitucionais. 

O candidato à presidência pelo MAS, Luis Arce Catacora, é vítima uma vez mais dos ataques do Executivo encabeçado pela autoproclamada presidenta Jeanine Áñez, e agora enfrenta uma denúncia penal por suposto prejuízo econômico contra o Estado ao implementar a Gestora Pública.

A entidade, responsável por administrar os aportes dos trabalhadores, foi uma das políticas que permitiu reduzir a pobreza extrema e melhorar a qualidade de vida da população nos últimos 14 anos, durante a administração de Evo Morales (2006-2019).

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Arce Catacora denunciou o fato à opinião pública internacional  e em suas redes sociais assegurou que essa artimanha dos golpistas é uma cortina de fumaça para desviar a atenção de um decreto que busca o retorno do neoliberalismo ao país sul-americano. 

Com essa lei, as autoridades de facto pretendem utilizar um crédito de 327 milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) para reforçar, segundo Arce Catacora, o déficit fiscal e a balança de pagamentos, enquanto a batalha contra o novo coronavírus continua desatendida. 

“Hoje os trabalhadores estão sendo jogados na rua. Os trabalhadores estão sofrendo reduções de seus salários. Os trabalhadores estão tendo seus  salários reduzidos porque estão fazendo com que as férias sejam parte da quarentena”, enfatizou o ex-ministro de Economia em seu canal do Telegram.

De mesma forma, comentou durante uma entrevista coletiva que esse amedrontamento e acusação falsa contra ele estão na mesma linha de fazer campanha política do partido Juntos, onde sua aposta presidencial é Áñez.

Desta vez -agregou- o governo de facto, ao amparo da compra-venda e com a intenção de dar mais liquidez ao fundo para pagar a Renda Dignidade (incentivo econômico para maiores de 60 anos) através da Gestora Pública ocasionou um prejuízo econômico de mais de 1,4 milhões de dólares com a venda de bônus. 

“Novamente é outra cortina de fumaça para encobrir outro fato de corrupção, para encobrir outro desfalque ao Estado que já é costume desse governo”, comentou o candidato do MAS. 

Reafirmou a intenção de continuar com a denúncia das intenções de proscrever o partido liderado pelo primeiro indígena da Bolívia que, até o momento, está em primeiro lugar na intenção de votos em todas as pesquisas. 

“Nossa candidatura se mantém inalterável, seguiremos rumo à vitória em 6 de setembro”, concluiu. 

Diante da preferência popular da chapa presidencial do MAS, perseguições políticas e novas conspirações buscam evitar retorno da democracia

Reprodução
O candidato à presidência pelo MAS, Luis Arce Catacora

Prioridade dos golpistas é evitar vitória eleitoral do MAS

A perseguição política contra o candidato à presidência pelo MAS para evitar sua participação nas eleições gerais, derivadas do golpe de Estado contra Evo Morales em novembro passado, não pode ser mascarada desde seu regresso ao país em 28 de janeiro procedente do México, quando foi citado pela justiça no próprio aeroporto da cidade de Al Alto. 

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Um presunto caso de corrupção no Fundo Indígena demandou a presença de Arce Catacora mas, diante das irregularidades no processo judicial, ficou livre das acusações. 

Em 6 de setembro próximo, dia em que os bolivianos elegerão novamente o futuro que querem para seu país como fizeram em 20 de outubro de 2019, põe em uma corrida de velocidade à mandatária de facto que busca a toda custa perpetuar-se no poder ao preço que seja necessário. 

Demandas judiciais

A demanda judicial contra o candidato do MAS imposta ante o Ministério Público no fim de maio é sinal da iminente derrota eleitoral que temem os golpistas, assegurou o líder aimará em sua conta do Twitter.

“(…)como denunciamos, iniciou uma demanda judicial contra nosso candidato @LuchoXBolivia para inabilitá-lo, já que lidera as pesquisas”, escreveu Morales. 

Na mesma linha se pronunciou o MAS em um comunicado em 30 de junho e solicitou ao Tribunal Supremo Eleitoral garantir um processo onde participem em igualdade de condições os povos indígenas e setores populares representados por essa agrupação política.

“Convocamos a Promotoria Geral do Estado a agir imparcialmente diante da atitude do governo de facto que converteu nossos dirigentes políticos e sociais, militantes e afins ao MAS-IPSP, em vítimas de um mecanismo perverso de revanche política que se expressa, desde novembro de 2019, em perseguições, detenções e demandas penais”, revelou o documento. 

Concluiu com o chamado às organizações sociais, povos indígenas e militância a se manterem alertas diante das tentativas dos golpistas de violar os direitos cidadãos. 

Possibilidade de detenção

Por outra parte, o sociólogo chileno Ernesto Reyes também alertou sobre uma possível detenção de Luis Arce e a preparação de um golpe contra ele pela mandatária de facto em cumplicidade com os Estados Unidos e a União Europeia. 

Definiu a pandemia do SARS-Cov-2 como a arma privilegiada para as aspirações de prorrogação do regime golpista e seus colaboradores, enquanto recordava a incapacidade governamental para controlar a crise sanitária e os escândalos de corrupção na compra de respiradores não aptos para atender os doentes. 

Da mesma forma, Reyes ressaltou a falta de materiais de biossegurança e de outros insumos nos hospitais para proteger o pessoal da saúde. 

“A política repressiva do governo não mudou um ápice desde o golpe de Estado e é provável que a montagem dos “falsos positivos” siga em ascensão para justificar uma nova onda de violência”, enfatizou o sociólogo. 

Agregou como uma mudança positiva a coesão das organizações para exigir eleições gerais. 

Intenções inconfessáveis

A intenção do governo golpista de se perpetuar no poder viu-se comprometida a partir do momento em que foi definida uma nova data para realizar as eleições e, diante da preferência popular da fórmula presidencial do MAS, Luis Arce-David Choquehuanca, novas conspirações saem à luz para a inabilitar. 

O inimigo ao qual se enfrentam os povos indígenas, movimentos sociais e setores mais vulneráveis representados por esse partido político é bem conhecido, por isso a unidade é a última arma para derrotá-lo e devolver a democracia à Bolívia. 

Nara Romero Rams, Jornalista da Redação Sul-americana de Prensa Latina.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Nara Romero Rams

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